O dilema do momento está no Netflix e vai (mesmo) querer vê-lo.

É verdade, o dilema do momento foi lançado muito recentemente pela plataforma Netflix e aborda de uma forma muito profunda, a nossa vida social.

Falamos do novo documentário "Social Dilemma" que conta com o real testemunho de algumas pessoas como Tristan Harris, Justin Rosenstein, Tim Kendall, que para quem não os conhece e fazendo as apresentações por ordem de chegada, são apenas o especialista em Ética do Design da Google, o Cofundador da plataforma Asana e Cocriador do tão honrado botão de "like" no Facebook e ainda o Ex-Presidente do amável Pinterest.

São importantes testemunhos que nos falam de uma realidade tecnológica que nos parece mais distante do que realmente é.

Já todos sabemos que os nossos dispositivos nos controlam, mas será que sabemos quando e como o fazem?

Tudo começa com o ato tão simples de ativarmos as notificações dos nossos telemóveis, esse tão simples passo, é o início da jornada para que todas as aplicações que temos instaladas consigam tornar-nos cada vez mais adictos a elas mesmas.

Se pensarmos que quando entramos no Facebook e vemos uma publicação patrocinada de algo que falámos ou vimos recentemente, já não nos surpreende muito não é?

Mas se dissermos que, entramos no Facebook e nos aparece a fotografia daquele familiar afastado com quem até já não temos contacto há algum tempo, também é pensado pelas engenhosas máquinas e não aparece ao acaso, isso já é um pouco mais assustador, certo?

A verdade é que é mesmo verdade. Através de algoritmos, e dos interesses que vamos mostrando ter a cada plataforma, esta vai criando ao longo do tempo um perfil não daquilo que nós somos, mas sim daquilo que nos quer fazer ser. E esta é a questão, as redes sociais estão cada vez mais focadas para nos manipularem, não nos mostrarem aquilo que gostamos mas sim conduzir-nos a gostar de algo que, com o tempo, faz-nos mudar alguma da nossa ética e ideais.

O avanço da tecnologia ao longo dos anos, é algo no qual nos deveremos orgulhar. Porque subitamente fazemos as nossas mensagens chegar a alguém, temos notícias 24/7, e fazemo-nos chegar ao outro lado do mundo em menos de 1 minuto. O problema é que a rapidez de todos estes processos, tornou-nos também pessoas mais impacientes e fez com que tudo o que seja bom, mas principalmente tudo o que é pior, se propague cada vez mais depressa. O problema está aqui.

Se hoje em dia existem cada vez mais movimentos violentos, grande parte deles devem-se à exposição que lhes dão, ou que estes sabem que vão gerar nos media. A quanto mais pessoas chegarem, a tendência que existia para partilhar um bom movimento ou causa está a ser destruída pelas constantes partilhas de vídeos de violência, de insultos e injustiças.

Mas este recente documentário mostra-nos também como cada elemento de design nas diversas plataformas, foi feito para tornar os usuários ainda mais viciados neste mundo virtual. Por algum motivo, uma das primeiras coisas que fazemos pela manhã é ver o nosso e-mail, ir ao Instagram ou Facebook, responder às mensagens no LinkedIn. Porque passou a fazer parte da rotina, as redes sociais habituaram-nos a isso. Sabemos ainda o poder que estas plataformas têm quando, os próprios criadores, fundadores, CEO's chegam ao final do dia e estão também adictos a algo que eles mesmos criaram, mesmo sabendo o mal que isso tráz.

E estamos num ponto em que, por muito que nos seja dito que as redes sociais "fazem mal", por muito que existam cada vez mais apelos, documentários ou artigos, continuamos a viver no digital e cada vez mais PARA o digital. Este dilema do momento trata-se de uma real reflexão, de um real apelo para todos nós pensarmos se estamos a fazer o uso correto destas plataformas.

Porque no final, vamos apercebendo-nos de que, contraditoriamente, as redes sociais não nos estão a tornar mais sociáveis. Estão a tirar-nos a capacidade de saber interagir, dialogar, construir relações. E acreditem que, as redes sociais também sabem disso.