O educador que vive em você
Todos os dias era dia de escola. Dia de vestir uma roupa confortável para horas de muito envolvimento e agitação com a turma. Eram crianças de 7 e 8 anos de idade com um pique de dar inveja a qualquer adulto que já há dias já não se exercitava mais com tanta veemência.
Essa turma era mesmo demais! Provocava risos e não tardava para um deles vir com uma dessas provocações, do tipo: Ô sora, podemos aproveitar à tarde para brincar? Só hoje sora!?
Foi de fato um apelo emocional irresistível. A partir desse dia tudo começou a fazer sentido, mas de um jeito diferente para aquela professora.
Ela percebeu de imediato que o interesse daquelas crianças estava no brincar e que esse brincar poderia ter mais significado se fosse incorporado a sua flexibilidade e visão de prever atividades ancoradas na ludicidade em sala de aula.
A professora sentiu também que àquelas crianças ansiavam por mais alegria, vigor e afeto que pudesse ser distribuído e redistribuído de forma ilimitada nas relações que compunham aquele cenário. O que elas mais queriam era a interação entre todos.
Era nas brincadeiras de passar a bola, chutar de volta para o colega, gritar alegremente por um gol realizado que a professora brincava junto com as crianças e depois já se dirigia para o grupo das meninas, contemplando uma das bonecas e ajudando as alunas a deitar a boneca na caminha preparada com tanto amor pelas garotas. As tardes dessa professora e da turma representavam os melhores e mais significativos momentos vividos e de fortes aprendizados.
As aulas não foram mais as mesmas e bastava ouvir o toque da sineta que as crianças enfileiradas, de olhos reluzentes em direção à professora lançavam já a habitual e corriqueira pergunta: Sora, de que vamos brincar hoje?
A professora adaptou seu planejamento diário, com atividades lúdicas e de sentido com propostas que pudessem contemplar os anseios e interesses da turma. Essa foi a sua única e mais verdadeira opção. Não haveria outra forma que pudesse transformar o sorriso e a alegria daquelas crianças num espetáculo diário de euforia, encantamento e alegria com o ensino.
Foram dias incríveis sem imaginar que pudessem se repetir. Eram brincadeiras com letras, palavras, frases entoadas em voz alta na forma de poesia, de teatro, de dramatização, de histórias em quadrinhos.
Tudo envolvido num misto de criatividade e intenção clara e definida de uma professora que conseguia perceber com maestria seus diferentes papéis de ora profissional e aprendiz, ora criança e ser humano. O destaque apontava para uma única direção: paixão pela docência.