O elefante saiu da sala

O elefante saiu da sala

Desde a fundação da iN, o mercado financeiro é muito presente em nosso dia a dia: bancos, corretoras, gestoras, agente autônomos, empresas de investimento, cartões, processadoras, bandeiras, seguradoras, alta renda, média, baixa renda, atacado, varejo, marcas tradicionais, marcas descoladas... Neste segmento, desde que a porta foi aberta pelo meu amigo André Algranti, em 2011, tivemos o privilégio de ter interagido (e espero também contribuído) para as mudanças no mercado.

Enquanto todo mundo está falando da provocação do Itaú à XP e seus próximos capítulos, confesso ter ficado feliz por outro motivo: o elefante saiu da sala. Agora ele está no meio da rua e sua mensagem é uma só: aquele modelo novo não é tão novo assim. Por quê? Pela falta de transparência quanto ao rebate.

Para quem não sabe, 'rebate' é como uma comissão paga aos agentes autônomos de investimentos (AAIs) de acordo com cada produto que distribuem para seus clientes. Tratam-se receitas não transparentes para os clientes e que geram um potencial conflito de interesses. O maior problema do rebate sempre foi, na minha opinião, sua vida clandestina.

Em um mercado em evolução e com um cliente em busca de transparência, a manutenção do rebate como "segredo" era uma bomba relógio. Concorrentes da XP (e do Itaú) vinham tocando no assunto com cautela; mas o "segredo" foi revelado e colocou um modelo muito positivo para o mercado em cheque.

À toa. 

A comunicação de como funciona o modelo de remuneração dos AAI poderia ter sido algo natural. Todo bom profissional precisa ser remunerado e, ao fazer parte de um novo segmento do mercado financeiro, era melhor o cliente ter sido informado desde o início sobre como toca esta banda. Se havia uma onda era a do novo; ninguém achava que era de graça.

Agora, com um cliente mais atento e desconfiado, os gerentes dos bancos terão que prestar um serviço de maior qualidade para seus clientes para justificar os fees cobrados; nos moldes - por ironia - do serviço que prestam os AAIs, e deixando claro como ganham dinheiro e porque são necessários. Por sua vez, os AAIs precisarão mostrar como funcionam seus negócios e porque esse modelo é melhor do que o dos bancos.

Sob a perspectiva de marca, os 'rebates' sempre foram um segredo desnecessário. Feriam o princípio da transparência dias de hoje. E a conta chegou.

Quem vai ganhar com tudo isso?

Acredito que os advisors, cujo modelo é transparente por definição e regulação, virão a ter maior relevância. Uma vez acordado o % de fee, é só passar no cartão. Além deles, as marcas capazes de fazer o mesmo com soluções para as necessidades dos clientes. Com transparência, é claro.

Ah, e os clientes, que vão navegar - sem nenhuma indireta - em um mercado com mais transparência.

Maria Pia Cantarelli

Sócia @ Majoris Investimentos (XP Inc.) / Anjo @Women Invest

2 a

👏👏👏

Cristina Zaccaria

Executiva de Comunicação e Marketing

4 a

Que ótima contribuição, Fabio! Objetiva e esclarecedora.

Outro dia fui buscar vc e o André no maternal da ELO, aí em Alto de Pinheiros. Parece que foi ontém. Parabéns pela amizade de longa data!! Amizades de toda vida não tem preço!

Marcos Sanchez MSc

Produtos | Planejamento Estratégico | Marketing | Inteligência de Mercado

4 a
Ane Araujo

Owner at Marcondes Consultoria - Strong and Humanized Leadership

4 a

Excelente análise, Fábio! A transparência é a base da confiança em todo contrato social.

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