O encontro de Bolsonaro e Trump

O encontro de Bolsonaro e Trump

Sobre a viagem do Presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos e o seu tão-esperado encontro com o Presidente Donald J. Trump:

Cinco pontos positivos, dois negativos e um equívoco:

1) O impedimento da entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vinha sendo instigado pelos Estados Unidos que entendiam que havia muitas candidaturas disputando pela entrada no momento, que a OCDE não pode inchar para perder sua efetividade e que o Brasil tem um histórico de demorar em cumprir o que promete. Ao reverter esta postura dos Estados Unidos, o Brasil passará a fazer parte de uma organização diferenciada que tem critérios efetivos de políticas públicas e forçarão o Brasil a mudar muitas de suas políticas retrógradas e instigar um avanço maior no marco empresarial e econômico do Brasil.

2) Apesar do desespero de alguns quanto à mudança do status do Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC), já se vem, há muito tempo, questionando o posicionamento do Brasil como país em desenvolvimento. Tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento acham equivocado esse tratamento dado ao Brasil. Além disso, com a mudança dos ventos comerciais do mundo nos últimos anos e ante à fragorosa derrocada da Rodada de Doha, a OMC tem-se tornado cada vez menos relevante no cenário global. Somente o BREXIT pode dar uma sobrevida à organização. Então, não perderemos muito.

3) Sepultar o antiamericanismo do Itamaraty e de setores políticos no Brasil é importante, afinal, da cooperação bilateral poderão surgir possibilidades interessantes. Agora, o alinhamento com os Estados Unidos deve servir para alavancar o relacionamento com outros parceiros globais. Se for alinhamento puramente ideológico, sem utilização de modo eficiente, não me parece o mais acertado. Na política externa, não há nem amigos nem inimigos perenes. Somente interesses perenes.

4) A retirada da obrigatoriedade dos vistos é uma medida acertada. Só que tem que abrir para a China, que é o maior mercado provedor de turistas no mundo atualmente, nosso maior comprador e um dos maiores investidores. Além disso, os chineses têm-se revelado bons consumidores. É só perguntar aos europeus.

5) Quanto à Venezuela, a resposta de Trump e Bolsonaro estão corretas: todas as opções estão na mesa. E, se necessário, até mesmo uma resposta militar. Se Diplomacia funcionasse, a Família Castro não estaria até hoje no governo. Até porque daqui a pouco muitos vão passar a legitimar a ditadura de Nicolás Maduro. O precedente castrista é uma realidade.

Agora, os pontos negativos:

1) Em reunião de trabalho de Chefes de Estado, parentes não participam. O Brasil precisa criar um sistema de acesso à informação privilegiada, como é o caso nos Estados Unidos. Tenho plena certeza que quando Trump viu gente a mais na reunião, deve ter pensado no enorme problema que enfrentou e enfrenta por seu genro ter tido acesso à informação sem a devida aprovação de acesso. Assuntos cruciais de Chefes de Governo e de Estado devem requerer acesso privilegiado. E só deles.

2) Há gente mais importante a conhecer em Washington, DC. Com tantas instituições multilaterais relevantes, o jantar na Embaixada brasileira deveria ter sido uma oportunidade de trazer a nata de Washington, DC, e Nova Iorque para ver os novos rumos do Brasil, e não uma reunião de cunho ideológico. Isto deveria ser feito em outra ocasião.

E o equívoco:

A primeira viagem do Presidente Jair Bolsonaro deveria ter sido à China, nosso maior parceiro comercial e investidor.

A parceria com os Estados Unidos, apesar de interessante, deverá render ganhos marginais. E Trump sempre corre o risco eleitoral em 2020.

Quem ajuda a pagar as nossas contas deve ser ter um tratamento preferencial. Ideologia, infelizmente, não paga as contas.

É isso!

Por favor, critiquem!

Tiago Isaac

Conselheiro de Administração e Fiscal

5 a

👏👏

Robert Wong

Chairman at Robert Wong Executive Consulting ----------- Chairman at Havik People Results

5 a

Como sempre, lúcido e pertinente. O que tem pautar nossa ideologia é o pragmatismo.

Caro Marcos, parabéns pelo trabalho. Concordo que ideologia não paga as contas, logo, devemos negociar com muitos outros. Discordo em relação a Venezuela. Eles devem seguir as vidas deles, por meio de dialogo e o Brasil não tem nada a ganhar com isso, a não ser que queiramos o petróleo deles. Argumentar utilizando o exemplo de Cuba diminui a argumentação, afinal, Cuba como todo país na AL, tem seus problemas e com certeza são menores do que os nossos. Quanto aos outros assuntos prefiro esperar o tempo. Hoje não parecem nada vantajosos para o Brasil, mas só o tempo dirá. Abraços.

Rogério Bertolli .•.

Consultor de Riscos & Seguros/Resseguros

5 a

Excelente artigo muito esclarecedor. Quanto ao Brexit, acredito que EU concedera mais 02 meses para Inglaterra e depois terá uma nova eleição.

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