O fator compaixão no trabalho
O amor tem muitas faces e a compaixão é uma delas. Mas será que em nosso local de trabalho, há espaço para compaixão? Entender o verdadeiro significado da palavra compaixão, pode ser o primeiro passo para despertarmos essa força já existente em todos nós.
A palavra compaixão vem do latim compassionis, que significa "sentimento comum" ou "união de sentimentos". Compaixão pode ser descrita como uma compreensão do estado emocional de outra pessoa. Este sentimento frequentemente desperta em quem o sente, a vontade de ajudar o próximo a superar os seus problemas.
Ter compaixão é permanecer num estado emotivo positivo, enquanto tenta-se compreender o outro, no entanto, sem invadir o seu espaço. É demonstrar verdadeiro interesse pelo ser humano que está ao seu lado, dando apoio nos momentos difíceis e suporte quando possível às suas questões pessoais e/ou profissionais.
É diferente de sentir dó, piedade, ou pesar. A compaixão é muito mais que um sentimento de pena de alguém. Inconscientemente, quando sentimos pena, nos consideramos superiores ou mais fortes do que o outro.
A compaixão é um sentimento que nos nivela com o outro, ou seja, requer empatia da nossa parte com a dor alheia. Requer que nos coloquemos no lugar do outro, como se o problema fosse também nosso.
"Estudos da Universidade de Stanford e também do Instituto Max Planck, na Inglaterra, mostram exemplos de que a compaixão pode trazer benefícios de ordem psicológica. As pesquisas em questão identificaram que, se cultivamos sistematicamente uma atitude de compaixão, os circuitos de nosso cérebro que se referem ao tipo de amor entre pais e filhos se fortalece – estendendo esse tipo de sentimento a outras pessoas, em círculos cada vez mais abrangentes. Além desses, os circuitos relacionados à felicidade também são estimulados."
“A compaixão tem efeitos positivos para os dois lados da relação: por um lado, a compaixão tem efeitos comprovados no cérebro da pessoa que a sente reduzindo o stress crônico e o esgotamento, aumentando o centramento e a inteligência emocional; por outro lado, a pessoa que recebe a compaixão ganha uma auto estima e força para lidar melhor com os seus desafios.” Maurício Goldstein
Compaixão X Trabalho
Daniel Goleman diz que a compaixão no trabalho é uma preocupação genuína com o outro, que nos leva a cuidar de nossos colegas, oferecer-lhes ajuda, gastar nosso tempo e energia para tirá-los de uma situação difícil etc, e isso gera um bem estar geral.
Infelizmente, o ato de pedir ajuda, compartilhar um problema pessoal com alguém, ou mesmo uma dificuldade profissional, não é visto com bons olhos dentro do ambiente de trabalho. Isso pode ser confundido com fraqueza.
Todos nós temos o potencial da compaixão dentro nós, mas por algum motivo somos muito seletivos quanto ao ambiente onde exerceremos este potencial. Não só somos seletivos quanto ao local, mas quanto às pessoas as quais queremos ajudar.
Geralmente, conseguimos ser compassivos com os colegas de trabalho mais próximos, aqueles os quais temos o hábito de almoçar todos os dias. É durante essas conversas que acabamos escutando os problemas pessoais, ou alguma dificuldade profissional que este colega possa estar enfrentando e queremos imediatamente ajudá-lo. Mas ser compassivo com aqueles que temos afinidade não é difícil. O grande desafio está em sermos compassivos com aqueles que não temos tantas afinidades assim dentro da empresa ou fora dela.
"Para Jane Dutton, que ensina Administração, Negócios e Psicologia na Universidade de Michigan, a compaixão fortalece indivíduos e as empresas, tendo seus maiores impactos em quatro áreas principais: fortificar funcionários e os ajudar a construir resiliência, bem como cultivar uma identidade profissional positiva; tornar as pessoas mais saudáveis e felizes; conectar funcionários entre si e com a organização; inspirar."
Mas como podemos ser mais compassivos do que somos?
O autoconhecimento é fundamental. Quanto mais nos conhecemos, mais deixamos de ter medo das coisas e das pessoas, podemos perceber como os fatos impactam nossos sentimentos e emoções, sentimos mais confiança em nós mesmos e nos outros, vemos a vida e os problemas sob uma nova ótica, conhecemos e entendemos melhor os outros, aceitamos as pessoas como elas são e desenvolvemos o amor por nós mesmos fortalecendo assim, nossa autoestima.
Autoconhecimento traz uma leveza no modo em que levamos a vida. Quanto mais "leve" ficamos, mais intensamente vivemos o momento presente. Quem não está presente no agora, dificilmente conseguirá agir compassivamente, pois sua mente estará sempre distraída com alguma situação (do passado ou do futuro) ou atividade, impedindo de enxergar o que está se passando bem à sua frente.
Estamos fazendo muitas tarefas relativamente complexas ao mesmo tempo, como operar um celular para mandar mensagem enquanto andamos, falamos ou dirigimos. Quando fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, há uma falha na atenção plena que nos impede de reconhecer as coisas à nossa frente, como por exemplo, uma pessoa caminhando em nossa direção. Para o líder tibetano, Dalai Lama, se não há ação, não há compaixão. Então, se não notarmos o que se passa bem à nossa frente, não seremos capazes de agir compassivamente.
Jane Dutton cita alguns exemplos de ações compassivas:
- Atenção e presença,
- Flexibilidade,
- Doação de tempo,
- Oferta de suporte social e Recursos para resolver situações complicadas nesse âmbito.
São ações muito simples de serem praticadas em nosso dia a dia, mas temos que estar atentos e nos abrir para esta vontade de sermos pessoas melhores. Precisamos aprender a desviar o foco de nós mesmos para focarmos no próximo.
"Aprender uma linguagem compassiva leva tanto tempo quanto aprender um outro idioma — por isso não tem problema (e na verdade é bom) parar e pensar sobre o que se escuta e o que se fala, até pegar fluência." Tales Gubes
Ações compassivas impactam positivamente os negócios, o clima organizacional, os relacionamentos, a produtividade, o engajamento, o humor e a saúde das pessoas que são envolvidas por esta energia.
Práticas compassivas beneficiam não só os indivíduos, mas todo o ambiente de trabalho, que passa a ser um local onde a criatividade, a colaboração, o compartilhamento e o diálogo construtivo fluem com maior intensidade.
“Nós experimentamos a nós mesmos, nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto. Uma espécie de ilusão de ótica da consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais e ao afeto por pessoas mais próximas a nós. Nossa tarefa deve ser de nos libertarmos da prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão para abraçar todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza.” Albert Eisten
Comece por aquilo que está exatamente ao seu alcance, e deixe que as suas atitudes falem por si e influenciem todos ao seu redor. Tornar o mundo um lugar melhor é nossa missão diária!
Por Graciele Breve,
Coach de Alta Performance especialista em Carreira, Membro da Sociedade Brasileira de Coaching e de Mentoring; Graduação em Recursos Humanos; Pós- graduação em Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional; Practitioner em PNL com certificação internacional assinada pelo próprio Richard Bandler e Mastermind pela Escola de Negócios Instituto de Albuquerque em Liderança, Inteligência Interpessoal e Comunicação Eficaz.