O Filho Autista, a Sociedade e o Futuro do Marketing nas Organizações
Não faz muito tempo, li uma reportagem, enquanto navegava pela internet, sobre uma criança autista que não foi convidada para o aniversário de um coleguinha, pois, segundo a mãe do aniversariante, a criança era problemática e incomodaria os outros convidados. Ela ainda pediu desculpas para a mãe da criança autista após soltar a frase "espero que você entenda".
Depois que li esta reportagem fiquei pensando: como é cômodo ignorar alguns fatos que nos rodeiam ao invés de nos movimentar e fazer uma mudança. Ninguém é obrigado a mudar, mas temos que ter a consciência de que, em alguns sentidos, a resistência à mudança pode ter consequências.
Existe atualmente, uma tendência global que mostra a empatia, o amor e o respeito por qualquer ser vivo e pelo planeta, como base de um novo movimento. Segundo a revista Forbes, 70% de pessoas no mundo estão repensando o consumo de carne e só nos EUA, o número de veganos aumentou 600%. Os canudos de plástico estão sendo, aos poucos, eliminados dos bares, restaurantes e casas noturnas. Londres informou recentemente, que reduzirá a emissão de gases CO2 em 60%. Houve um aumento considerável da contratação de pessoas com deficiência no Brasil, só em 2018 ocorreram 46,9 mil admissões, segundo o site Gazeta do Povo. O casamento homo afetivo já é legalizado em grande parte do mundo e o movimento LGBT, o movimento negro e o movimento feminista, cada dia mais, ganham mais notoriedade e força, alcançando não apenas pessoas, mas também as mídias.
As empresas precisam estar atentas a este tipo de mudança no comportamento da sociedade. Empresas que levantam bandeiras, que possuem valores claros, os quais vão de encontro aos valores de seus funcionários e clientes, costumam prosperar mais facilmente, ganhar relevância e fidelizar consumidores.
As pessoas estão cada vez menos pacientes com empresas pouco empáticas e vice e versa: a Diesel, por exemplo, realizou uma campanha nas redes sociais em comemoração ao mês do orgulho LGBTQ+. A campanha "Pride" fez a marca perder cerca de 14 mil seguidores e, ao invés de se preocupar com os dados e seu engajamento, a marca comemorou. Comemorou, pois, de forma efetiva, conseguiu mostrar a bandeira que levanta e com quem ela dialoga. Perdeu seguidores, mas conseguiu ganhar visibilidade e a admiração de quem também defende e apoia a causa. Além disso, através dessa ação, ela deixou claro quem ela quer que consuma seus produtos e isso, no contexto atual, é muito forte e benéfico para a marca.
Uma empresa acomodada, que não enxerga essas tendências mundiais, acaba ficando pra trás, ou então, acaba sendo julgada. Se a mãe do aniversariante que excluiu o coleguinha autista fosse uma marca, você ainda daria preferência à ela?
Provavelmente não.
Marcas não mais vendem apenas produtos ou serviços. Marcas vendem um estilo de vida! Elas devem ter personalidade, senso crítico, se engajar em assuntos que seus clientes tem interesse e lutar com eles! Movimentos como o Slow Fashion, veganismo, minimalismo e tantos outros, vão incentivar cada vez mais, o consumidor questionar as marcas que consome.
- Quem fez minha roupa?
- De onde veio este alimento?
- Seu produto é realmente útil pra mim?
- Qual o impacto do seu produto para o meio ambiente?
São algumas das perguntas básicas que marcas precisarão se preocupar em responder para conquistar seu público.
Uma experiência singular e um discurso que gere vínculos com consumidores já são estratégias chaves para o sucesso de uma marca! Quem não faz isso, já está ficando pra trás.
Publicitário, pós-graduado em Comunicação e Marketing.
5 aConcordo Raquel. Ótima reflexão!
Senior Lawyer | Contratos e Consultoria | Direito Civil | Direito Empresarial, Corporativo e Societário | Direito Imobiliário | Gestão de Escritórios | LGPD
5 aO mundo muda e as marcar precisam mudar com ele. As marcas que mudam, pra melhor, não só serão lembradas como festejadas, por serem pró mundo e pró nova-sociedade (inclusiva, consciente e engajada em fazer o bem). Excelente artigo, parabéns!