O Futebol e Nossa Vida Profissional: o que uma coisa tem a ver com a outra?

O Futebol e Nossa Vida Profissional: o que uma coisa tem a ver com a outra?

Eu não tenho o menor conhecimento em futebol para querer me arriscar a opinar sobre as táticas usadas pelo técnico brasileiro, muito menos para criticar o que quer que seja. Sequer sabia o nome de todos os jogadores escalados, então passo esse assunto para alguém que tenha mais propriedade do que eu para criticar / opinar / argumentar o que quer que seja.

Mas como sempre dizem, futebol "não é apenas futebol", e ao acompanhar os jogos da seleção brasileira e dos demais países, consigo fazer um paralelo do trabalho e dos resultados dos jogadores com o dia a dia de um ambiente corporativo, e apontar alguns erros que não sei se levaram à eliminação, mas que podem ser decisivos no dia a dia de quem vive em frente ao computador analisando relatórios.

Talvez um erro quase imperdoável cometido pela nossa seleção, e que se repete nas empresas Brasil afora, é não encarar com seriedade e profissionalismo o trabalho para o qual se é pago. Enquanto as demais seleções treinavam, se concentravam, traçavam estratégias, estudavam os adversários, silenciavam em público e demonstravam seriedade como forma de respeito ao trabalho que tinham de desempenhar, nossos craques estavam preocupados com cortes de cabelo, com vídeos legais que poderiam gerar engajamento na internet, com performances engraçadas que renderam bons vídeos no Tik Tok, com as dancinhas que fariam no dia do jogo - até o técnico do time entrou na famigerada discussão da dancinha. Lembre-se: seu ambiente de trabalho não é balada, nem festa. Você não está lá para fazer amigos, para marcar o rolê da próxima semana, para tentar fazer algo que chame a atenção de todos e - quem sabe - virar uma subcelebridade, nem para pedir sugestão de blusinha para comprar na Shopee. Está para vender seu conhecimento e habilidade ao capitalismo por um período do dia em troca de um salário. Não confunda seu ambiente de trabalho com a mesa do bar. Seu trabalho precisa ser levado a sério, de forma adulta e madura. Claro, ninguém está dizendo que o trabalho precisa ser um ambiente militar. Você vai fazer amigos, vai dar risada, vai ter momentos legais de descontração, mas espera-se maturidade dos adultos, o que infelizmente não se tem visto. Cada vez mais os ambientes de trabalho tem sido infantilizados, com adultos se comportando como adolescentes, que precisam decorar, colorir a empresa em toda e qualquer situação, pois senão não conseguem se sentir motivados, como se o local de trabalho fosse uma sala de aula de uma série adolescente americana. Ora, vender sua competência e adquirir mais conhecimento deveria ser sua maior motivação. Empresa não é lugar para se divertir, é lugar de trabalhar. Para se divertir existem bares, parques, cinemas, shoppings e uma infinidade de lugares onde você pode rir, brincar, passar o tempo.

Sempre me incomoda quando começa uma Copa do Mundo e o Brasil - CBF, mídia e jogadores - se autointitula favorito ao título, sem nem ter entrado em campo. Nossa última taça tem 20 anos. Por que somos favoritos? Essa arrogância de nos considerarmos superiores por sermos a única seleção penta do mundo me lembra o pensamento de algumas pessoas que chegam no ambiente de trabalho se considerando superiores por terem uma boa graduação, por já terem trabalhado em grandes corporações, por morarem em um bairro melhor que a maioria das pessoas, ou ainda por já terem feito viagens mais interessantes que todos os outros. Calma, companheiro! Numa Copa do Mundo e numa empresa estamos todos navegando no mesmo mar. Alguns com barcos melhores que os outros, mas o mar é o mesmo. O mar que tirou a Alemanha e empurrou Marrocos para frente é o mesmo que muitas vezes empurra pessoas competentes, mas sem fotos lindas no Instagram e naufraga pessoas com currículos incríveis, mas com a âncora da arrogância. Como diria meu coordenador, "segura a Geruza", meu amigo. Precisamos constantemente nos atualizar, nos preparar, estar antenados às mudanças do mundo. Ter um bom currículo não significa sucesso eterno. Pode te garantir uma boa oportunidade, mas você vai ter que continuar ralando para se manter em alta, ou caso contrário Marrocos e Croácia tomam sua vaga. Aliás, sabe por que a tal dancinha dos jogadores incomodou muita gente? Porque em vários países elas eram vistas como provocação ao adversário, ou como deboche ao perdedor. Ou seja, arrogância brasileira frente às outras seleções.

Enfim, para encerrar - me prolonguei mais do que esperava - o futebol tem, sim, relação com diversas áreas de nossa vida, e serve como paralelo para muito do que fazemos no nosso dia a dia. Aprender com os erros dos jogadores, comissão técnica e das equipes pode ser uma boa receita para melhorarmos nosso trabalho, nossa visibilidade e nosso currículo e, diferentemente da Seleção desse ano, conquistar grandes títulos no mercado.

Lisandra Queiroz Doldan

Profissional de consórcio | Cobrança jurídica | Relacionamento com clientes | Tecnologia voltada para gestão | Newcon | Projuris

2 a

Perfeito!

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