O Future Thinking e a Publicidade
Se atualmente você está de algum modo envolvido ao contexto do ofício publicitário sabe quanta mudança ele vem sofrendo nos últimos anos devido a influência de diversos fatores como tecnologia, a mudança no comportamento das pessoas, a relação delas com o planeta, etc. Diante desta situação, as pessoas que fazem essa profissão trabalham diariamente para elevar seu status a um degrau acima no quesito relevância, tanto para as empresas como para a sociedade.
Porém, como devemos avaliar esta relevância? Podemos concluir que o resultado em festivais garante tal status? Além disso, todos os trabalhos experimentais que são feitos ano após ano podem ser entendidos como uma experimentação do futuro? E por tudo isso, a publicidade e o future thinking conjugam do mesmo propósito? Talvez.
Mas, antes de prosseguir com os argumentos gostaria de alinhar contigo, caro leitor, a maneira que eu entendo este termo. E para isso, vou pegar carona na definição do futurista JAMAIS CASCIO, que descreve (no artigo da FastCompany) o Future Thinking como:
“um ‘túnel de vento’, uma maneira de testar planos e ideias. Agora eu acho que é um pouco limitado. Future Thinking é talvez melhor entendido como um sistema imunológico para a nossa civilização. Examinando e testando diferentes possíveis resultados - potenciais ameaças, ideias emergentes, oportunidades emocionantes - fortalecemos nossa capacidade coletiva de lidar com o que realmente acontece. Pensar no futuro, e fazê-lo de forma cuidadosa, estruturada, aberta e colaborativa, torna-nos uma civilização mais forte. Focalizar apenas os desafios do presente pode parecer imperativo, especialmente quando esses desafios são maciços e assustadores. Mas sem um senso do que está próximo, uma capacidade de entender conexões e horizontes, e uma visão de que tipo de mundo queremos, nossos esforços para lidar com os problemas de hoje, inevitavelmente, deixará- nos enfraquecidos, vulneráveis e cegos para desafios futuros.”
Tendo a definição acima como ponto de partida podemos entender que, não somente a publicidade, mas também o design, fazem uso de recursos que vislumbram o futuro, correto?
Na visão de Alida Draudt (futurista e estrategista de design na Capital One) e Julia Rose West (estrategista de design e gerente de experiência do usuário na ancestry.com) – coautoras do livro What the Foresight – a complexidade do futuro exige olhar para ele de vários pontos de vista e de ângulos diferentes. Enquanto que a publicidade e o design tendem a olhar a partir do presente para frente, observando as necessidades do consumidor hoje, e, em seguida, criando produtos, ofertas ou serviços que antecipem essas necessidades.
Apesar dos termos técnicos serem facilmente diferenciados entre si, vale questionar então a prática adotada pela publicidade no dia a dia. Como exemplo, sugiro que vejam o projeto desenvolvido pela Ogilvy Brasil em parceria com a IBM e a Pinacoteca.
O que você acha do exemplo acima? A publicidade, neste caso, esta refletindo nossa realidade? Ou estamos, de certa forma, antecipando o futuro? Por fim, vale questionar: nos tempo atuais, seria esse um dos papéis da publicidade em relação a sociedade, pessoas e consumo? Se sim, como alinhar esse mindset a venda de um produto/serviço?
A única coisa que podemos garantir é que a publicidade está mudando. Seja partindo do presente ou antecipando o futuro, nossa função acumula mais responsabilidades com o passar dos anos e devemos tentar entender como as marcas devem alinhar seus discursos para interagir com as pessoas que decidem consumi-la. Ou não.