O futuro da advocacia
Que o mundo está cada vez mais conectado não há dúvidas, mas e o direito? Será possível conectar o mundo jurídico e a tecnologia? Não só é possível como é necessário.
O Direito, como muitos afirmam, irá acabar em breve porque a inteligência artificial substituirá os aplicadores do direito? Ao invés de se propagar tais notícias que desestimulam os formados, os formandos e os que pretendem ingressar na área, a alternativa correta seja estimulá-los a encontrarem na tecnologia uma aliada ao desenvolvimento das atividades do meio jurídico.
Atualmente, a maioria das áreas utilizam recursos tecnológicos e veem suas atividades serem mais ágeis, mais eficientes e mais globalizadas. A área jurídica deve acompanhar as mudanças tecnológicas integrando-as ao dia-a-dia de trabalho, bem como buscando soluções para as novas demandas relacionadas a tais transformações.
O ramo do direito digital é relativamente novo, porém possui vários institutos que são estudados, tais como direito ao esquecimento, marco civil da internet, lei de proteção de dados pessoais e a chamada advocacia 4.0. Percebe-se que a atuação do advogado não deixou e nem deixará de ser essencial, o que se nota é a necessidade de adequação dessa atuação.
O advogado precisa deixar de agir e pensar conforme a tradição da advocacia e passar a buscar soluções mais criativas, inovadoras e rápidas na solução dos problemas de seus clientes. O papel indispensável do advogado, trazido no art. 133, da Constituição Federal, não será afastado pelo avanço da tecnologia no meio jurídico, mas sim aprimorado pelo seu uso. As máquinas não podem tornar a relação com o cliente fria e distante, pelo contrário. É preciso aliar a relação humana com a máquina e fazer com que a partir daí as pessoas estejam cada vez mais interligadas.
É por meio da criatividade, da vontade de estar cada vez mais conectado, da necessidade de se manter atualizado que estão surgindo as legaltechs e/ou lawtechs. E o que seriam legaltechs e/ou lawtechs? São empresas (startups) criadas para melhorar o atendimento a clientes, dar suporte a quem precisa de atendimento jurídico, criar oportunidades para advogados iniciantes ou que queiram atualizar a forma como trabalham. São empresas que desenvolvem suas atividades para a transformação do meio jurídico, para melhorar e facilitar o cotidiano dos advogados e da mesma forma melhorar o entendimento dos temas acerca do direito por pessoas fora da área.
No Brasil, o número de startups jurídicas está em acelerado crescimento evidenciando que o momento não é de desânimo por achar que o mercado está saturado e que a advocacia será superada. É momento de inovação e de busca, de aprendizado e de entusiasmo, pois é preciso tê-lo a fim de se encarar novos desafios.
A advocacia carece de profissionais abertos a essa nova realidade, assim como o ensino jurídico no país carece de mudanças. Não se pode esperar que a tecnologia seja usada apenas após a graduação. É na graduação que o estudante precisa ter contato com a tecnologia e com os benefícios que ela traz. É também lá que o aluno vai compreender que o meio acadêmico e, posteriormente, o mercado de trabalho precisam acompanhar o desenvolvimento tecnológico e os reflexos desse na profissão que estão almejando.
O momento é propício para fazer a diferença, para se destacar e principalmente para entender que o mundo digital não veio para exterminar a profissão de advogados e, sim, para somar otimizando o tempo de serviço dos advogados e permitindo um aumento na qualidade do serviço prestado. É tempo de unir as diversas áreas do conhecimento e tirar o máximo de proveito dessa fusão porque direito e tecnologia podem e devem caminhar em conjunto.