O futuro do presente
Foto de Glenn Case em Unsplash

O futuro do presente

Frustração gera agressão. Esse é um achado clássico de conhecidos estudos na área da psicologia. Podemos acrescentar que o que precede a agressão é a irritação. Quando somos frustrados nos irritamos. E isso é muito fácil de ser observado em crianças pequenas, sempre muito evidentes e incapazes de, diferentes de nós adultos, dissimular ou encobrir com camadas de racionalidade suas emoções. E por que falar disso neste momento? Estamos todos muito frustrados. A pandemia, que em março parecia ter chegado por aqui como uma chuva de verão, está para fazer aniversário entre nós. Fomos frustados em nossos desejos de ir e vir, em nossos planos profissionais, nossos investimentos, nossas expectativas de encontros, de viagens, de contatos sociais e afetivos. No lugar de nossos sonhos, vieram a tristeza e o trauma, citando aqui um termo utilizado pelo brilhante psicanalista Joel Birman em seu livro ainda recente, "O trauma na pandemia do coronavírus" (2020). E com essa imensa frustração, a irritação chegou.

Em junho de 2020, fiz uma pesquisa informal com parte de minha rede de relacionamento (78 respondentes), na qual perguntava sobre a vida em família durante a pandemia. O maior incômodo demonstrado foi mesmo o receio de contrair a doença. Fora isso as pessoas apontaram irritação e uma profusão de sentimentos difusos em relação ao momento pelo qual passávamos (e que, na verdade, ainda hoje estamos passando).

Enquanto aguardamos as fases da vacinação e a imunização de nossa população, cuidar para que nossa irritação não percorra o caminho da violência, da depressão ou mesmo da compulsão é algo imperativo. Pedir ajuda muitas vezes é importante. Observar e zelar por quem está perto de nós, especialmente os mais vulneráveis, tais como os idosos e as crianças, é fundamental. Nosso futuro depende disso, esse é o nosso atual desafio, essa é a bravura que o nosso presente exige.

O que temos feito com os sentimentos que a pandemia nos provoca? O que vai ficar em nossas vidas pessoais e profissionais deste momento? Esses são alguns pontos de reflexão que podem fazer a diferença para o nosso futuro.


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