O Futuro do Trabalho

Há duas semanas, participei de um evento promovido pela ABRH-PR, Associação Brasileira de Recursos Humanos. Na abertura o reitor da Universidade que estava sediando o encontro trouxe uma importante abordagem sobre o futuro do mercado de trabalho, levando em consideração alguns tópicos do pensamento econômico que norteiam o tema. Como este é um assunto que está muito presente em nosso cotidiano, resolvi trazer algumas reflexões neste texto.

O desemprego segundo Karl Marx pode ser explicado em função de um desequilíbrio entre o volume de capital e mão de obra disponível na economia. Nesta teoria, toda vez que existe escassez de capital e excesso de mão de obra, o desemprego aumenta gerando desaceleração da economia e deterioração do mercado de trabalho.

Já segundo Joseph Schumpeter, o desemprego acontece quando existe uma inovação no processo produtivo onde máquinas podem substituir o trabalho até então realizado por humanos. Essa constatação sobre o desemprego ocorreu basicamente observando as transformações ocorridas no mercado de trabalho em função da revolução industrial. Os seres humanos tem basicamente duas aptidões: as aptidões físicas e as cognitivas. Na revolução industrial as máquinas substituíram os humanos nos trabalhos que exigiam aptidões físicas, como força ou movimentos contínuos, gerando então um ciclo de desemprego.

Ainda conforme Jhon Maynard Keynes, o desemprego é originado pelo desequilíbrio existente entre a oferta e demanda de bens e serviços. Não está diretamente relacionada a mão de obra mas sim a expectativa futura de demanda pela produção. Segundo essa teoria os empresários contratam mais quando esperam que no futuro a situação econômica seja mais favorável aumentando assim o nível de emprego na economia.

Vivemos atualmente uma perspectiva inédita sobre as expectativas para o futuro do mercado de trabalho, geradas basicamente por três variáveis novas em nosso contexto social, tecnológico e produtivo: o aumento significativo da longevidade humana, ou seja, devemos viver muito mais tempo e com mais qualidade que nossos antepassados. Pela primeira vez estamos nos deparando com a inovação tecnológica substituindo os humanos também em tarefas que exigem capacidades cognitivas. A Inteligência Artificial está evoluindo exponencialmente e já está ocupando em diversas organizações os postos de trabalho de milhares de pessoas. As impressoras 3D estão evoluindo rapidamente, já imprimem desde próteses de órgãos humanos, tênis, roupas e até casas numa velocidade e custo infinitamente menor que o processo produtivo industrial tradicional.

Sendo assim nos restam algumas reflexões importantes: Quais serão as novas competências exigidas no mercado de trabalho? Estamos preparando adequadamente as futuras gerações para esse novo contexto? Como será a distribuição de renda nesse novo cenário?

Eu como um otimista por natureza, acredito que com a disponibilidade de informações e fluxo de interações geradas pela tecnologia, o compartilhamento de recursos (bens e serviços) e o aumento da eficiência e redução dos custos de produção, um novo equilíbrio econômico será gerado e o bem estar social ampliado. As chamadas soft skills, que são as competências relacionadas às aptidões, mentais, emocionais e sociais serão cada vez mais valorizadas no ambiente de trabalho e fundamentais para o desenvolvimento e desempenho profissional.

E você, o que pensa a respeito? Como será o futuro do trabalho?