O futuro do trabalho e o papel da educação

O futuro do trabalho e o papel da educação

Qual o futuro do nosso trabalho? Como lidar com as incertezas e transformações causadas pelas novas tecnologias?

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As transformações no mercado de trabalho parecem cada dia mais velozes. Internet das coisas, cidades inteligentes, robotização e indústria 4.0 são termos frequentes em nossas conversas. E não por acaso, alguns dados reforçam as transformações pela qual estamos passando: segundo a consultoria McKinsey, 45% das atividades remuneradas poderiam ser realizadas por máquinas e entre 400 e 800 milhões de pessoas terão de procurar novas ocupações por conta da automatização até 2030.

Mas com tantas mudanças, qual o futuro do nosso trabalho? Como lidar com as incertezas e transformações causadas pelas novas tecnologias? Talvez a melhor resposta esteja na educação.

O futuro do trabalho e o papel da educação

A divisão Google Deep Mind desenvolve tecnologia capaz de resolver qualquer problema complexo a partir da autoaprendizagem; a Foxconn, que hoje emprega mais de um milhão de trabalhadores na China, prevê que 30% desses funcionários serão substituídos por robôs até o final desse ano; segundo a Intuit Research, é previsto que 40% dos trabalhadores americanos sejam enquadrados no chamado Gig Workers ou economia sob demanda, que diz respeito aos empregos pontuais e intermitentes.

Mas em meio a esse cenário, que convenhamos, assusta, como devemos nos preparar para as transformações em curso?

Em entrevista à BBC News durante o Hay Festival, Alex Beard traça um promissor caminho: pensar na educação como ferramenta de colaboração e imaginação humana capaz de pensar alternativas para o futuro que se avizinha.

Alex Beard é um especialista em educação que visitou mais de vinte países procurando ferramentas e métodos inovadores de ensino para enfrentar os desafios do século 21. Ele registrou sua jornada no livro “Natural Born Learners” e nesse texto vamos discutir dois pontos específicos:

1 – Estamos treinando alunos para profissões que robôs poderão realizar e a culpa, erroneamente, recai sobre os professores.

2 – O atual sistema de ensino estimula a competição entre alunos. Não há colaboração. E qualquer atividade que não tenha como fim se destacar em relação aos seus pares é vista como perda de tempo. 

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Beard então defende que devemos ter nos professores alguém responsável por estabelecer “alicerces que levam a criar uma economia forte e sustentável”, graças ao seu papel como agentes indutores da criatividade e cooperação social. Seu papel, a partir dessa nova configuração, será o de guiar os alunos nas tarefas de aprender a pensar a partir dos desafios do futuro, e aprender a agir, principalmente como criativos, e enquanto sociedade, na solução de problemas ambientais (novas formas de energia, aquecimento global etc) e sociais (desigualdade, desemprego, ondas imigratórias etc). Além disso, ensinar a agir a partir dos novos agenciamentos com as máquinas que o futuro nos promete.

Superar as consequências desse advento tecnológico, que promete ser um marco no desenvolvimento humano, só é possível com uma mudança de paradigma na educação, que deverá ser baseada nos princípios da criatividade e colaboração, o contrário do que nosso sistema de ensino hoje estimula: competição e individualidades.

Estamos enfrentando desafios que só podem ser superados por meio da colaboração e da imaginação humana. Isso nos obriga a contar com pessoas aptas a desenvolver uma inteligência coletiva, além da inteligência individual”, Alex Beard. 

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