O futuro dos desenvolvedores de soluções já chegou!!
Tenho conversado com alguns clientes sobre o futuro do desenvolvimento de sistemas e aplicações “sob medida” utilizando times especializados (próprios ou de terceiros). Tudo bem se a empresa tem como “atividade fim”a entrega de sistemas ou serviços baseados em sistemas inovadores. Mas isso é um contra-senso quando o objetivo final da empresa é varejo, fabricação de bebidas, serviços financeiros ou construção civil, só para citar alguns exemplos.
Ainda existe uma necessidade que gera um grande volume de desenvolvimento de aplicações e/ou de interfaces, dada a avassaladora existência de sistemas legados com 10, 20 e até 30 anos em produção. Não há dúvida que isso é uma uma realidade, mas não é o futuro...
O futuro aponta para um crescimento das plataformas “semi-prontas" ou “prontas para o consumo" em arquiteturas orientadas a serviços (SOA) e soluções na nuvem que resolvem problemas de negócio específicos. Neste último caso, como o mundo é todo interligado, gera uma necessidade natural de que a solução seja facilmente “plugável" em outras plataformas. Se isso antes era uma tendência, agora é presente.
Como estar pronto para esta nova Era? Novos parceiros? Novas linguagens? Novas ideias?
Não existe uma resposta certa para esta equação, mas, na minha visão, eu iria mais na linha de que há que se rever a contribuição da tecnologia da informação de uma forma diferente: ciência e inovação aplicada ao conhecimento do negócio, gerando valor real à finalidade da empresa, beneficiando os seus clientes finais. Complexo...
Antes de explorar este ponto, vamos separar as coisas: não vamos confundir a TI (departamento de informática “clássico”) com o “uso da ciência e tecnologia da informação em favor dos negócios”. Sendo assim, daqui para frente, chamarei esta segunda de “TI2”. Pode ser?
O ponto central da discussão poderia ser chamado de “viagem”, pois trata-se de algo grande, que precisa ser planejado e consome recursos. Nesta viagem, não se trata de “quem" usa a TI2 e sim, “o que”, “como" e “para que” usa. Vejamos:
1) Usar a TI2 é fazer uso da Ciência, conhecimento e aplicação de conceitos para a solução de problemas e racionalização de processos. É usar as “coisas” certas, na medida certa, no momento certo para o propósito certo. Baixo volume de erros em fase de construção e baixo desperdício de tempo e recursos de qualquer natureza;
2) Aplicar soluções corretas em problemas reais onde essas soluções possam ser compartilhadas seja por uso conjunto ou compartilhamento de uso de capital humano na medida certa para separação de responsabilidades e confidencialidade;
Dentro desses conceitos todos, o caminho fica menos nebuloso e complicado: as empresas buscarão soluções tecnológicas (na TI2) que atendam uma necessidade específica de cada vez. Essas soluções serão mais fáceis de integrar (de forma nativa ou não) de forma a diminuir o tempo de implementação e melhorando o retorno sobre o investimento.
Quem desenvolverá? Empresas menores, startups ou “alguma-coisa-techs" que serão fortíssimas nos seus propósitos e ganharão escala com essa diferenciação. Estes “players” deverão ser focados para que possam:
1) ter times que entendam e façam uso da TI2 de forma mais otimizada e com perdas pequenas;
2) criar soluções que atendam problemas de negócio comuns aos seus clientes, de forma compartilhada e que não criem conflitos de interesses entre eles;
3) ter formas de remuneração inovadoras pelos serviços e pelo valor que entregam. Hoje em dia, já temos assinatura (ou “subscription”) ou pagamento por transação realizada com sucesso, mas o que mais tem pela frente? O que pode ser mais atraente aos clientes??
4) disponibilizar serviços e soluções de forma colaborativa, fáceis de adaptar, rápidos de implementar, que consumam poucos recursos e que sejam fáceis de acessar. Aqui não se trata somente de critérios tecnológicos e sim de critérios humanos, sociais, sustentáveis, inclusivos, etc...
E o desenvolvimento tradicional??
Acredito que tende a diminuir muito... mas muito mesmo. Empresas que se vendem como “implementadoras de jornadas digitais" mas que, no final das contas, vendem horas de desenvolvedores, analistas, etc, tendem a ser fortemente impactadas. Muitas consultorias ainda sobrevivem desta forma, mas o mercado já mudou. E a mensagem é clara: quando você se vê naquela discussão por “valor de taxa horária” é porque você está dentro de uma discussão de minimização do valor de uso da TI2. Cuidado se você é provedor e – mais cuidado ainda – se você é cliente.
Comprar pelo valor mais barato é um risco muito alto. Todo mundo sabe disso. Todo mundo fala disso. E não adianta vir com a antiga discussão de “geração de valor agregado” e “melhor relação de custo benefício”: se o preço era um e está sendo reduzido por stress, quem compra esá perdendo algum benefício direto.
O que fica cada vez mais claro é: investir recursos em alguma coisa que não é parte do “core business” é perda de tempo. Mas essa é uma outra discussão...
E você? O que você acha sobre o a forma que as empresas vêm investindo recursos em manter ou adquirir soluções?
Interim Project Management & Crisis Management
5 aEu gosto de analogias mais "pé no chão", então vamos lá. Na minha infância a maioria das casas tinha uma máquina de costura e as mulheres aprendiam a usá-la assim que entravam na adolescência. Hoje todas compram roupas nos Shopping Centers, que foram fabricadas em linhas de produção. As exceções ficam por conta de costureiros(as) para ocasiões especiais. Ou seja, a opção é transformar a a TI1 numa "linha de montagem de aplicativos" ou numa TI2 "boutique". Mas, assim como aconteceu com a cozinha que agora virou hobby, o desenvolvimento interno ainda poderá ter alguns adeptos.
Principal Program Manager Lead LATAM - FastTrack for Azure at Microsoft
5 aExcelente artigo Marcio Gropillo!!