O homem que calculava

O homem que calculava

Hoje é o dia da Matemática. Há 120 anos, nascia o Júlio César de Mello e Souza, matemático, pedagogo e um dos mais bem sucedidos escritores brasileiros. Seu pseudônimo, que hoje chamariamos de nickname é Malba Tahan ou Ali Iezid Izz-Edim Ibn Salim Hank Malba Tahan, o escritor árabe de "O homem que calculava".

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Teve seu nome e biografia inventados pelo professor brasileiro. Nas horas vagas, ele colaborava com vários jornais. Também escrevia contos breves, mas era ignorado quando tentava vender suas histórias. Obteve sucesso quando criou um pseudônoimo americano R.S. Slave, e disse que havia traduzido os contos, que estavam fazendo sucesso em Nova Iorque, para o português.

As histórias eram as mesmas que ele já havia apresentado, mas desta vez foram prontamente publicadas. O Livro mais famoso O homem que calculava, publicado em 1932, narra as viagens de um calculista persa, Beremiz Samir, no século XIII, que usa suas habilidades matemáticas para resolver problemas.

Vamos ver um de uas resoluções?

Nesta passagem, Beremiz – o homem que calculava – e seu colega de jornada encontraram três homens que discutiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios gritavam, furiosos:

- Não pode ser!

- Isto é um roubo!

- Não aceito!

O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava.

- Somos irmãos – esclareceu o mais velho – e recebemos como heranças esses 35 camelos. Segundo vontade de nosso pai devo receber a metade, o meu irmão Hamed uma terça parte e o mais moço, Harin, deve receber apenas a nona parte do lote de camelos. Contudo, não sabemos como realizar a partilha, visto que a mesma não é exata.

- É muito simples – falou o Homem que Calculava. Encarrego-me de realizar, com justiça, a divisão se me permitirem que junte aos 35 camelos da herança este belo animal, pertencente a meu amigo de jornada, que nos trouxe até aqui.

E, assim foi feito.

- Agora – disse Beremiz – de posse dos 36 camelos, farei a divisão justa e exata.

Voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:

- Deverias receber a metade de 35, ou seja, 17, 5. Receberás a metade de 36, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão.

E, dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:

- E tu, deverias receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, ou seja, 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação.

Por fim, disse ao mais novo:

- Tu, segundo a vontade de teu pai, deverias receber a nona parte de 35, isto é, 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, ou seja, 4. Teu lucro foi igualmente notável.

E, concluiu com segurança e serenidade:

- Pela vantajosa divisão realizada, couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo, e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18+12+4) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobraram, portanto, dois. Um pertence a meu amigo de jornada. O outro, cabe por direito a mim, por ter resolvido, a contento de todos, o complicado problema da herança!

- Sois inteligente, ó Estrangeiro! – exclamou o mais velho dos irmãos. Aceitamos a vossa partilha na certeza de que foi feita com justiça e equidade!

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