O IMPÉRIO DAS FOFOCAS
Toca o telefone, pode preparar os ouvidos. Lá vem ela despejar sem solicitação os últimos acontecimentos, com detalhes sobre segredos e escândalos de amigos, vizinhos ou colegas de trabalho. Matraqueia sem perguntar se ligou na hora errada. Mas não se iluda. Depois de despejar a cachoeira de frases ela começa o interrogatório. Quer saber sobre sua vida, pois precisa se alimentar de fatos novos para continuar a trajetória, casa por casa, ouvido por ouvido.
Não conheço grupo social que não conte como pelo menos uma fofoqueira de plantão. Sabe tudo de todos, e o que ela não sabe inventa. Antes que seja acusado de machista, devo dizer que a expressão fofoqueira é genérica, e se aplica tanto a mulheres como a homens que se ocupam do ofício.
Fofoqueiro que se preza não tem hora para descansar. Atua 24 horas, 7 dias da semana. Funciona como entreposto humano, recebendo e distribuindo narrativas em escala industrial. Quanto mais picantes e escandalosas, melhor.
Há diversos perfis de fofoqueiros. Muitos fazem isto para ocupar o tempo ocioso e matar o tédio. Outros encontram nesta atividade uma forma de demonstrar sua importância ao se tornar um poderoso depósito de informações sobre pessoas e fatos. Já os mais perigosos fazem da fofoca uma ferramenta para atingir algum ganho pessoal.
Assim como dar esmolas acaba promovendo a mendicância, compartilhar fatos com bisbilhoteiros serve para ampliar seu estoque de mexericos. Não convém estimular esta prática, pois cria um perigoso círculo vicioso. Do mesmo jeito que os fofoqueiros contam para você histórias dos outros, com certeza revelam sua vida para os demais.