O Impacto da Consciência Negra na Gestão e Inclusão Empresarial

O Impacto da Consciência Negra na Gestão e Inclusão Empresarial

Estamos em novembro, e neste mês temos uma data que celebra a Consciência Negra como forma de trazer mais valorização às pessoas negras. Até o ano passado, a data não era um feriado nacional; apenas alguns municípios brasileiros a consideravam feriado ou ponto facultativo. Os estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo, e cerca de 1.200 cidades por meio de leis municipais — o que representava 29% do território brasileiro, segundo matéria publicada no site da CNN (06/11/2024) — reconheciam a data como feriado. A partir deste ano, o dia 20 de novembro será celebrado como o feriado nacional do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Zumbi dos Palmares se destacou como um dos grandes líderes da resistência negra na era colonial do Brasil, sendo reconhecido como o criador do Quilombo dos Palmares, que abrigava escravos fugitivos de engenhos da Bahia e de Pernambuco, chegando a reunir mais de 20 mil pessoas.

No entanto, ainda há muita desigualdade entre pretos e pardos em nossa sociedade e no mercado de trabalho. Um relatório da McKinsey & Company revelou que empresas com maior diversidade étnica têm 35% mais chances de apresentar retornos financeiros acima da média de sua indústria. Apesar de negros e pardos comporem mais de 50% da população economicamente ativa, eles são menos representados em posições de alta qualificação e liderança. Segundo o Instituto Ethos, no Brasil, apenas cerca de 5% dos cargos executivos são ocupados por pessoas negras, mesmo representando mais de 50% da população.

Na logística, a representatividade de profissionais negros em posições de liderança, de acordo com levantamentos de consultorias de recrutamento, é ainda menor, indicando que as barreiras estruturais continuam significativas. Observa-se, de maneira geral, que muitos trabalhadores negros e pardos estão empregados em setores que oferecem salários mais baixos e menos benefícios, como serviços gerais, construção civil e outros trabalhos de base. Em contraste, a população branca é mais predominante em setores com melhores remunerações e posições de liderança.

Quando observamos as taxas de desemprego, a taxa entre negros e pardos é, em média, aproximadamente 50-60% maior do que a taxa de desemprego entre pessoas brancas. Um relatório do IBGE apontou que o rendimento médio mensal dos trabalhadores brancos é cerca de R$ 3.000, enquanto, para negros e pardos, é em torno de R$ 1.800.

Por essa razão, iniciativas como o feriado nacional do Dia da Consciência Negra nos convidam a refletir sobre a condição dos negros na sociedade brasileira e os desafios enfrentados até hoje, como a discriminação racial, desigualdades sociais e econômicas e a violência racial. Essa data serve para lembrarmos que o racismo não é apenas uma questão individual, mas também um problema estrutural e sistêmico, reforçando a necessidade de inclusão e justiça social e oferecendo a oportunidade de celebrar a rica herança cultural afro-brasileira.

Por outro lado, temos exemplos de algumas multinacionais, como a DHL, que implementaram programas de desenvolvimento focados em diversidade racial, resultando em promoções internas mais inclusivas e uma força de trabalho mais diversificada. Assim como a J&J, que possui programas globais de inclusão e diversidade, que se estendem às suas operações no Brasil e incluem a promoção de equidade racial em seus processos de contratação e formação de líderes. A FedEx implementa programas de recrutamento e desenvolvimento de talentos que priorizam a diversidade racial, garantindo que suas equipes sejam reflexo das comunidades em que operam.

As coalizões de empresas, como a formada pelo grupo CEO Action for Diversity & Inclusion, reúnem mais de 2.000 CEOs de diversas empresas, comprometendo-se a compartilhar práticas de inclusão racial e aumentar a representatividade em seus setores. Essas iniciativas são muito relevantes no combate ao racismo, criando oportunidades para vencê-lo. Programas que fomentam o aumento da empregabilidade de pessoas negras e conectam esses profissionais são muito importantes nesse cenário, entre eles podemos citar o Afromentors e o Indique uma Preta no Brasil.

Assim, concluímos que existem muitas maneiras pelas quais podemos nos engajar e trabalhar para diminuir os impactos sociais causados pela escravidão de pessoas negras no Brasil e no mundo. Cada um de nós tem um papel importante na sociedade e no aumento da igualdade e equidade. Por isso, não devemos apenas aproveitar as oportunidades de celebração, mas também corrigir o curso que o racismo tomou nas vidas de todos.

E você, como tem feito para aumentar a diversidade racial e social na sua empresa? Conte um pouco das iniciativas que sua empresa tem tomado!

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