O Infeliz naufrágio

O Infeliz naufrágio

Fernando Pessoa em seu Livro do Desassossego, escreveu:

'Pensaste já quão invisíveis somos um para o outro? Meditaste já em quanto nos desconhecemos? Vemos nos e não nos vemos. Ouvimos nos e cada um escuta apenas uma voz que está dentro de si. As palavras dos outros são erros do nosso ouvir, naufrágios do nosso entender.'

Se não houver relacionamento, seremos eternamente infelizes.

Tenho falado muito isso com as pessoas que convivem comigo. Da próxima vez que for comprar algo, tire um tempo para analisar  esta verdade. Não se assuste, é real mesmo a situação que presenciará.

Uma primeira impressão é ver como o atendente está ocupado com seu smartphone, ocupado consigo mesmo.

Depois, quando você entra no estabelecimento, o semblante do mesmo fala com o corpo, que saco tenho que parar para atender.

Como se não bastasse fica de longe observando, mas continua ocupado consigo mesmo.

Isto é tão comum . . . mas o pior é ouvir a conversa entre atendentes de lojas diferentes, 'hoje tá ruim, tá ruim para você ? Ninguém entra . . . Quem entra, só pergunta o preço’.

O infeliz, nem criou o relacionamento e quer que as coisas aconteçam.

O pior que está naufragando e morrendo sem noção nenhuma que só existe um culpado, o  próprio ocupado consigo mesmo.

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