O Líder e os seus medos e sentimentos
Os líderes precisam dedicar uma quantidade razoável de tempo para lidar com seus medos e sentimentos, ou vão desperdiçar uma quantidade exorbitante de tempo tentando gerenciar comportamentos ineficientes e improdutivos.
Inevitavelmente, pela agenda e pelo estilo de atividades exercidas por um líder, a gestão dos seus "fantasmas" interior, vamos chamar assim, é um pouco mais complexa, especialmente para aqueles que ainda não compreendem a sua verdadeira vulnerabilidade e o quanto ela poder ser útil para esse processo de autogestão e conhecimento.
No passado, os empregos dependiam dos músculos, agora do cérebro, mas no futuro eles vão depender do coração. - Minouche Shafik (Diretor da London School of Economics)
Encarar a vida a partir de uma afirmação de valor, significa cultivar a coragem, a compaixão e a sintonia necessárias para acordar pela manhã e pensar: Não importa o que eu faça ou deixe de fazer, sou o suficiente. É ir para a cama a noite pensando: Sim, sou imperfeito e vulnerável e às vezes tenho medo, mas isso não muda o fato de que sou corajoso e digno de amor e pertencimento.
Logo, um líder não é um ser anacrônico, muito pelo contrário, é um ser dinâmico, atual, e deve estar conectado com os seus liderados, especialmente no que tange aos seus medos e sentimentos.
Talvez, podemos definir esse exercício como "integração", onde passamos a deixar de viver numa redoma a prova de balas e partimos para a plenitude do exercício, integrando-nos em pensamentos, sentimentos e comportamentos que nos identifiquem com a verosimilhança do líder e seus liderados. O que não significa dizer que isso é uma fraqueza, mas sim, a relação de confiança entre as partes interdependentemente à organização.
Hoje se fala muito em "levar-se por inteiro ao trabalho", porém são raríssimas as organizações que de fato permitem que os times façam isso.
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Sem dúvidas existem organizações que acolhem a plenitude, mas frequentemente observo que muitos líderes e culturas organizacionais ainda aceitam o mito de que, se tirarmos o coração do nosso trabalho, seremos mais produtivos, eficientes e mais fáceis de gerir.
Ora, a imaturidade organizacional de construção do time perfeito, o time de alta performance, se funde com a inconsequência que esses modelos de liderança aplicam ao que verdadeiramente poderia ser uma coerente performance. Essas crenças levam a construção, consciente ou inconscientemente, culturas que demandam e recompensam o uso de armaduras, pois jamais se há de conhecer o ser da organização.
O problema é quando trancafiamos o coração, matamos a coragem. Submetemos a nós como líderes aos ventos errantes da sorte, por acreditarmos que, "protegidos pela armadura" ninguém nos vencerá. Ledo engano! É quando nos separamos de nossas emoções a ponto de literalmente não reconhecermos quais sentimentos físicos estão vinculados aos sentimentos emocionais, nós não obtemos o controle, nós o perdemos.
Por fim, liderar usando o coração, praticar a gratidão e comemorar os feitos e vitórias, praticar a transparência, a integração, ser um aprendiz e fazer bem feito, contribuir e correr riscos, saber o seu valor e cultivar o comprometimento e um objetivo em comum, é a melhor prática de se liderar com ousadia.
Já identificou o seu modelo de liderança? Então lidere!
Líderes corajosos que vivem segundo os próprios valores nunca ficam calados quando assunto é difícil.