O lado "artificial" da Inteligência Artificial
O termo inteligência pode ser definido como a capacidade de entender, aprender a agir no universo à sua volta. Portanto, dependente da ocasião, domínio, critério e parâmetro envolvidos para que seja dimensionada. Convenhamos, tarefa nada fácil!
Desde a década de 1950 um sonho, já chamado nesta época de Inteligência Artificial (IA), vem sendo construído. Junto com ele, a construção de algoritmos (fluxogramas que guiam trilhas para nos levar a uma conclusão), que são a base da IA. Como grandes méritos destes algoritmos podemos citar a praticidade e objetividade, gerando a tão valorizada economia de tempo e, em diversos casos, a maior assertividade técnica nas decisões.
Até aí, quase que indiscutível!!!
Todavia, temos algo que nos torna uma espécie, em sintonia com "o outro", da nossa espécie. Este "outro" pode ser alguém que desejamos surpreender, um filho que nos motiva superar os desafios profissionais diários, um colega que nos inspira ou, no caso das ações relativas aos profissionais da saúde, um profissional dotado de instruções e conhecimentos específicos, que esperamos ser relativizados à nossa realidade momentânea. Isto mesmo, momentânea. Somos tão voláteis como uma bactéria sendo exposta aos remédios e, por consequência, somos agentes contínuos da nossa própria mudança. É indiscutível que nas questões lógicas e aritméticas não conseguíamos acompanhar sequer um computador Intel-386 da década de 1980, contudo, jamais iremos nos safar das relações humanas. Algo intangível enquanto valoração, perecível enquanto tempo, imperceptível quando desconhecido, mas fundamental para a alma e a percepção de bem estar amplo da espécie...
Se tudo que temos a oferecer à espécie humana são algoritmos e constatações com sugestão de causalidades, já estamos derrotados desde "os 386". Porém, se entendemos que cada caminho de um algoritmo deve ser entendido sob a ocasião, o domínio, os critérios e parâmetros, realmente devemos colocar a máquina no lugar dela e explorarmos a capacidade relacional humana. Para ser mais claro, uma taxa de glicose de 130 mg/dL pode significar a constatação da chegada de uma das mais hostis doenças crônicas (se a ocasião for desprezada), mas pode significar uma grande vitória, se for o caso de ser o resultado de 6 meses de mudança de hábitos de vida, após ter um resultado de 155 mg/dL. Quando o seu médico "antigo" lhe perguntava sobre o resultado da rodada do futebol, em muitas das vezes ele queria conhecer as suas reações e posturas frente derrotas ou desafios. Certamente ele sabia que a carga de fármacos para indivíduos do "copo pela metade" deveria ser maior que para os do "copo meio cheio". O tempo sempre poderá ser relativo ao infinito; a percepção de vida não!