O lago de Itaipú como polo de inovação náutico: um diagnóstico rumo a uma abordagem territorial e cooperativa para a gestão da água e de suas funções
1) Onde estamos: o Brasil depois da 29ª Conferência das Partes do clima e da 16ª da biodiversidade.
Mesmo uma rápida consulta aos meios de comunicação nos alerta sobre as muitas urgências planetárias, mas também as oportunidades geopolíticas que vivemos hoje em alguns países, em especial no Brasil. Nosso desafio está claro: como mosaicos de sociedade e culturas humanas que somos, temos que encontrar, cada região para si, mas também de forma coordenada, um menu de abordagens de governança integradas que nos permitam encontrar soluções sistêmicas e escaláveis para a nossa sobrevivência e bem-estar como espécie. Ainda mais: essa nossa crise é paradigmática. Não basta pedir soluções aos outros, ao governo, aos “poderosos”. Temos que mudar a nossa própria maneira de consumir, de viver, de investir e de trabalhar. A (r)evolução urgente é a interna.
Não se trata somente de bloquear os incentivos perversos que hoje destroem os recursos naturais, mas de ativar a economia verde ou regenerativa, hoje ainda cerca de 700 vezes menor do que o “business as usual”. Temos que promover, na economia, uma abordagem ecossistêmica tal como a adotada por todas as convenções multilaterais ambientais: a solução necessita estar na escala do problema. Problemas locais podem ser resolvidos a esse nível, mas os territoriais necessitam soluções espaciais em escala ecossistêmica, intermunicipal e frequentemente interestadual se não transfronteiriça; e os globais requerem “viradas de mesa” e soluções de governança a esse nível.
Nesse artigo, queremos construir sobre o que aprendemos, no recém-fundado Instituto Orizzonte, sobre soluções baseadas na natureza e pessoas. Entendemos que a abordagem chamada “whole of society” ou “toda a sociedade”, recentemente proposta pela UNESCO em relação justamente ao tema água (https://cris.unu.edu/governance-%E2%80%98whole-society%E2%80%99-approach), é fundamental. Já é hora de usar esse conceito, que busca um acordo com todos os “players” da sociedade sobre objetivos de políticas, programas e sobre os meios de trabalho e avaliação, abarcando instituições tanto formais como informais, com uma visão de territórios conectados e sustentáveis. No “whole of society” não se trata só de clima, nem só pobreza ou segurança hídrica ou alimentar ou saúde – claramente, é tudo junto, de forma integrada. E temos agora condições para isso – nossas sociedades no Brasil já dominam a Internet das coisas, a Inteligência Artificial e os blockchains, mas também contamos com nossa inovação social e socioambiental. Nossos celulares, tablets e cibercafés podem ser ambientes de inovação a serem combinados com nossa tecnologia e inovação social. Queremos – e podemos ter - inovação com salvaguardas e diretrizes socioambientais para uma nova economia e novas formas de governança.
Nesse sentido, também é notável que, nas últimas Conferências das Partes das Convenções do Rio, o turismo tenha voltado a ter um papel de protagonismo, de contribuição, através do turismo regenerativo, neutro em carbono ou positivo para a natureza, da perspectiva de destinos, paisagens e territórios integrados. Nessa visão, não se trata só do “setor turismo”, mas de uma abordagem intersetorial e territorial de acolhida e visitação, que pode ter um papel fundamental para uma economia verde mais ampla, um uso público e privado das áreas naturais que tenha aspectos de produção artesanal e que aumente o bem-estar social. Programas de turismo regenerativo coerentes ao longo da escala geográfica (global, federal, estadual, municipal e local) levam à valoração da natureza pelas pessoas, e assim, à conservação da biodiversidade.
Felizmente, por seu lado, as cidades e estados se mobilizam, se organizam em redes e plataformas de ação por soluções baseadas em natureza e pessoas (CitiesWIthNature, RegionsWIthNature). Os bancos e financiadores globais e regionais, tanto privados como públicos, também perceberam essa oportunidade da “virada” territorial positiva – hoje em dia, a maioria dos banqueiros e “developers” reconhece que passa mais tempo desenvolvendo parcerias a esse nível que ao nacional. E municípios e Estados cooperam em associações regionais de promoção turística e redes de trilhas.
Em 2025, o Brasil em particular tem uma “pegada” socioambiental única e muito produtiva em termos de abrir oportunidades para soluções baseadas na natureza (SbNs). Depois de, nos últimos dez anos, experimentar e evoluir com diversos arranjos políticos distintos, o Brasil, ator relevante em todas as convenções ambientais e em especial as que levam o nome de sua “cidade maravilhosa”, se prepara para receber os 40.000 delegados da do Clima em 2025 em Belém, contando com suas dimensões continentais e sua mega biodiversidade. Como ativos únicos para apresentar inovações a sua altura, inclusive no turismo, o Brasil conta com seus 8.500 km de costa e suas redes de hidrovias, lagos, reservatórios, de climas equatoriais aos temperados, mas também com sua diversidade econômica e cultural em mais de 5.500 municípios, o que enseja combinações criativas entre tecnologia de ponta e conhecimentos tradicionais e ancestrais. @s ganhador@s do Prêmio BRAZTOA de Sustentabilidade de 2024 que o digam.
2) Quem somos - o Instituto Orizzonte
Fundamos o Instituto Orizzonte em 2024, aproveitando o conhecimento de seus membros em diversas empresas e setores e em organizações públicas e não-governamentais, justamente para trabalhar nas questões acima. Pela nossa experiência, entendemos que a gestão da água, como elemento essencial da vida e formador do ambiente geológico, seria um bom fio condutor para gerar e escalar soluções integradas. Focando nosso trabalho na capilaridade e transdisciplinaridade do uso da água sobre o território, pelas pessoas, vimos que gerávamos conhecimento e aprendizado num ambiente de inovação público-privado para maior coerência das abordagens de governança.
Acreditamos que o turismo náutico é um catalisador significativo para o desenvolvimento econômico local, contribuindo de forma robusta para a geração de receitas e empregos. Longe de ser uma atividade elitista ou baseada em “design” estrangeiro, para nós as atividades náuticas, desde as rotinas técnicas de monitoramento da qualidade da água a passeios de pesca, de esportes aquáticos a restaurantes flutuantes, e de cruzeiros a balsas para residentes, facilitam a vida dos residentes, geram a riqueza e diversidade da produção náutica brasileira, motivo de orgulho nacional, e atraem turistas, que movimentam a economia local por meio do consumo em setores como hospedagem, alimentação, comércio e serviços. Um estudo da associação brasileira de construtores (ACOBAR) indica que uma instalação de apoio náutico com capacidade para 300 embarcações pode gerar um impacto econômico direto, indireto e induzido de até R$ 140 milhões por ano. Outros estudos indicam que, com investimentos adequados e desenvolvimento de infraestrutura, o setor pode crescer até 20 vezes, movimentando aproximadamente R$ 12,6 bilhões no PIB nacional.
Ainda mais, uma rede funcional e sustentável de turismo náutico é uma excelente estratégia de educação ambiental e de conservação dos recursos hídricos e biodiversidade como um todo. Quando a governança e o uso náuticos do Lago de Itaipú (e o uso sustentável de seus recursos naturais) se constituírem como uma das bases de uma economia territorial justa, da qual seus habitantes se orgulhem e que seja a base de uma acolhida autêntica, sua contribuição para a sustentabilidade ficará mais clara.
Pelo nosso trabalho anterior com gestão de impactos ambientais e com governança do turismo, transporte e serviços náuticos, imaginamos que temos um papel complementar na evolução das ONGs brasileiras, e nos posicionamos como “netweavers” – tecelões de parcerias territoriais para a sustentabilidade.
3) Nosso primeiro cenário – o Lago de Itaipú
Nossa jornada de origem no Paraná e em Montreal, e o foco na água, nos levaram a pensar em hidroeletricidade, e em pontos obvio de atenção tais como o Lago de Itaipú no Brasil, e o Complexo Hidrelétrico Robert Bourassa no Québec. No nosso caso, a história relevante do Lago e seus 16 municípios lindeiros do lado brasileiro e 8 do lado paraguaio, com sua biodiversidade de relevância global, começa com a construção da barragem nos anos 70 e a gradual operação do reservatório durante os anos 80, mas tem raízes em suas populações indígenas – em sua maioria da etnia Guarani – e na colonização espanhola e portuguesa desde o início do século 16. Os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu compartilham uma geografia privilegiada, com vastos recursos hídricos e biológicos num dos maiores reservatórios artificiais do Brasil. Da extração mineral à agricultura e pecuária, que ainda são preponderantes em termos de uso da paisagem, se juntam o uso na geração hidrelétrica, hoje de 7% da energia do Mercosul, e mais recentemente o turismo náutico. As migrações dos barrageiros, a evolução da agropecuária do Brasil ao Paraguai, e rumo a produtos de exportação em escala e intensidade, e o imenso crescimento econômico da região Sul do Brasil terminaram de definir o desenho geográfico das interações entre os ecossistemas naturais e humano. Nesse contexto, nos últimos anos a Itaipu Binacional se tornou um “player” essencial, tanto na identificação e mitigação dos impactos das atividades comerciais e industriais, e na recuperação dos ecossistemas como no apoio aos residentes na busca de alternativas econômicas sustentáveis e compatíveis.
O turismo da região também despontou com a criação do Lago. Oito dos 16 municípios lindeiros perderam terras, mas ganharam praias artificiais para o turismo e lazer: Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Santa Helena, Itaipulândia, Missal, Entre Rios do Oeste e Marechal Cândido Rondon. As praias são frequentadas por brasileiros, paraguaios e argentinos e movimentam a economia dos municípios.
Para acelerar a transição energética e econômica, a Itaipú Binacional em sua parte brasileira lançou a Fundação Parque Tecnológico Itaipú (Parquetec), que identifica e acelera soluções como agência de inovação, e provê um ecossistema institucional que integra instituições de ensino, empresas e órgãos governamentais, promovendo interações e a troca de conhecimentos. Instalado nas dependências da margem brasileira da Itaipú Binacional, em uma área de 76 hectares, o Parquetec tem salas de aula, laboratórios de ensino e pesquisa, centros de excelência, instituições científicas e de inovação tecnológica, e uma incubadora de empresas voltados para a formação de competências e qualificação técnica.
Em termos de turismo, além do circuito de visita interna, a evolução da usina deixou como legado atrativos turísticos de ponta, operados pelo Paquetec: o Ecomuseu de Itaipu, o Refúgio Bela Vista (que recebeu menção honrosa no Prêmio BRAZTOA de Sustentabilidade de 2024) e o Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho. Nos últimos 13 anos de experiência de operação, o Parquetec, por meio de seu complexo turístico, já atendeu mais de 6 milhões de turistas, e obteve, em 2011, a certificação ISO 9001, o primeiro do Brasil a obter este selo. Os recursos obtidos a partir da operação são investidos em projetos e ações que impactam o desenvolvimento da região, e fortalecem o destino, num modelo de operações reconhecido e premiado pela ONU Turismo.
Uma de suas iniciativas foi o apoio a criação de um Fórum Permanente de Turismo Náutico do Lago de Itaipu, composto, além do Parquetec e da Itaipu Binacional, pela agencia de desenvolvimento turístico regional Adetur Cataratas & Caminhos e pelo Conselho dos Municípios Lindeiros. Em outubro de 2024 foi realizado o 1.º Workshop de Economia do Náutico – Edição Guaíra, com o objetivo de alinhar esforços públicos e privados, promovendo o turismo sustentável e a ocupação ordenada do lago de Itaipu tendo como foco a discussão sobre o potencial da atividade turística em Guaira. O evento reuniu especialistas, empresários e autoridades para discutir o impacto econômico do turismo náutico e delinear estratégias de crescimento sustentável para os municípios lindeiros.
O evento em Guaíra foi o primeiro de uma série de atividades similares nos municípios vizinhos ao lago de Itaipu, para impulsionar o tema – o diagnostico descrito a seguir continua e enriquece esse processo.
Recomendados pelo LinkedIn
4) O desafio
Por esses motivos, o Instituto Orizzonte recebeu em dezembro de 2024 do Parquetec uma solicitação para produzir um estudo da cadeia produtiva do turismo náutico do Lago de Itaipu, um diagnóstico da oferta e da demanda, em colaboração com o Grupo Náutica e o Fórum Náutico, e em cooperação com o Conselho dos Lindeiros e a Adetur Cataratas e Caminhos, e players privados e públicos. Propomos que esse estudo seja somado, e se construa sobre os demais regulamentos, diretrizes, sinalizações, relatórios e planos já existentes ou sendo desenvolvidos em simultâneo. Os objetivos específicos a que nos propusemos são de identificar e analisar a oferta náutica (estrutura e serviços) atual e potencial dos municípios lindeiros e as condições atuais dos municípios quanto ao potencial do desenvolvimento do turismo náutico, considerando critérios de atratividade e condições naturais, e indicar os principais pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades da região relacionadas ao desenvolvimento do segmento, bem como a necessidade de projetos de restruturação. Nossa proposta e de que esse diagnostico venha a embasar um futuro plano master integrado, para que o Lago seja um destino náutico de excelência global em sua categoria.
5) Uma visão para o lago – para onde e como?
Nossa visão reúne e coloca em sinergia vários polos náuticos integrados no Brasil, em água doce e mar, costa e pesca, transporte e uso local, com alinhamento ecossistêmico, e integrando uso para geração de energia, alimento, transporte, recreação, esporte e conservação. Nessa visão, os serviços e infraestrutura náuticos estão a serviço das comunidades e visitantes, em todas as suas expectativas e necessidades, ao longo de todos os ODSs (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU) de forma integrada. Uma estratégia e planos de ação em biodiversidade (objetivos 14 e 15) e segurança hídrica (objetivo 6) não podem estar isolados do combate à pobreza (1), e fome (2), ou a saúde (4) e educação (5), e ao trabalho justo (7) ou inovador (8) – e assim por diante - terminando com instituições (16) e parcerias (17) fortes e funcionais.
No caso do Lago de Itaipu, propomos que esse primeiro diagnóstico venha a ser também uma linha de base para gerar, colaborativamente e sob moderação do Fórum Permanente, e todas as organizações e parceiros institucionais, e com apoio do Parquetec, um plano maestro multi-ator e multinível de acolhida e turismo, que leve a um portfólios de produtos, redes de trilhas e outras formas de turismo regenerativo e associativo, num território integrado e um mosaico de formas de uso da paisagem. Tal plano deve ser centrado tanto no interesse geopolítico do Brasil, da Itaipu nos dois países e do Mercosul, como no valor da terra, da água e de seus usos (tanto tradicionais como inovadores) para os residentes dos 24 municípios de ambos os lados da fronteira. O diagnóstico se coloca como uma linha de base para estruturas e redes de serviços náuticos que usem e catalisem as fortalezas da região para seu próprio benefício e o dos usuários e visitantes, focada no uso estratégico dos recursos (energia, agricultura e pecuária de alta valia), e também dos ecossistemas e biodiversidade. A identidade territorial e geográfica de Itaipú tem a ver com sua evolução única histórica no uso da água, frente ao destino turístico Foz do Iguaçú como oferta maiormente de florestas e natureza. Assim, imaginamos um turismo complementar e integrado no sul e sudeste do Brasil, com a costa (centros do porte de Curitiba, Florianópolis, Balneário Camboriú e Itajaí) como “hub” de recepção/emissão e suprimentos, Foz do Iguaçú como polo de natureza e ecoturismo, e o Lago de Itaipú focado em ofertas de natureza combinados com aventura, esporte e agroturismo ou turismo rural sustentável com base na cultura local. Na medida em que esse equilíbrio complementar e os “clusters” de empresas inovadoras gerem emprego e renda verdes, seus participantes têm interesse na governança e monitoramento da qualidade da água e do entorno, e esse modelo se torna replicável em outros reservatórios em outras regiões.
Nessa visão, reconhecemos nossos parceiros em suas funções complementares:
- Itaipu Parquetec: agrega e facilita o turismo na região, apoio principal de impulsão, acumulação e multiplicação do conhecimento, inovação em produtos e serviços, e facilitação em geral;
- Itaipu Binacional: gestora dos recursos água e infraestrutura, com seu mandato regulamentador e facilitador, ator crítico para o desenvolvimento da região, formatador e alavancador da iniciativa;
- Fórum Permanente de Turismo Náutico do Lago de Itaipu: rede principal de parceiros municipais e privados, consultiva no diagnóstico e executiva/multiplicadora para os próximos passos.
O Grupo Náutica, com os Boat Shows e Congressos Náuticos, a ADETUR e o Consórcio dos Municípios Lindeiros do Lago são parceiros críticos de comunicação e conhecimento náutico, e de governança “whole of society”, rumo a uma cartografia “instrumental” para o desenvolvimento do “polo Foz”, e à replicação e adaptação dessa visão conjunta para outros congressos, fóruns e shows relevantes.
Outros “players”, tais como o Parque Nacional de Iguaçú, o Instituto Águas e Terras, a INVEST Paraná e o próprio Estado do Paraná, bem como investidores como o consorcio Urbia/Cataratas, podem se constituir em parceiros estratégicos, com características, áreas de atuação e alcances diferentes, mas complementares e fundamentais para a construção de um destino integrado e holístico, se tornando vetores do desenvolvimento turístico sustentável local.
6) O que está acontecendo agora
Nos dias 28 e 29 de novembro, no Mirante do Lago da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, ocorrerá o Congresso Internacional Náutica, em sua segunda edição no Paraná, tendo como tema “Turismo Náutico e o Desenvolvimento Sustentável em Águas Interiores”, e como objetivo envolver prefeituras e os agentes do setor na oportunidade de conhecer e planejar ações bem-sucedidas em turismo náutico, infraestrutura náutica, meio-ambiente, legislação e normas do uso das margens de reservatórios do Lago de Itaipu. Esse artigo será apresentado na ocasião.
Enquanto isso, nos dias 27 a 29 de novembro, no Parquetec, ocorrerá o Summit Tour 5.0, um seminário de Inovação e sustentabilidade no turismo, reunindo entusiastas, empreendedores, empresas e estudantes da área do turismo interessados em entender mais sobre o cenário da inovação, tendências do futuro do setor, sustentabilidade e a economia criativa.
Durante esses eventos, o Instituto Orizzonte levantará os fatores alinhados nesse artigo e receberá comentários de um painel de governantes e de outros grupos de “players”. Em seguida, entre 3 e 15 de dezembro, começa uma jornada de consultas, avaliações e levantamento de dados ao longo dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, junto aos principais “players” da região. As visitas de campo se darão por todos os municípios brasileiros considerados lindeiros, com entrevistas e levantamentos em pontos estratégicos relevantes para o turismo local. A jornada de campo ainda contemplará a realização de oficinas estratégicas situacionais para os setores público e privado.
Esses serão os primeiros esforços rumo a uma carta náutica utilizável do Lago de Itaipu, a um conjunto de diretrizes e padrões de infraestrutura e uso/serviços náuticos ajustadas aos usos locais e regionais, variáveis conforme a evolução ecossistêmica para resiliência e bem-estar das comunidades, e a uma aliança construtiva e geradora de valor econômico, social e ambiental, entre o setor privado, o governo, a sociedade e as comunidades do entorno, os visitantes e os profissionais do turismo, incluindo o náutico, que permitam esses encontros enriquecedores e transformadores.
7) Chamada
Retomando o desafio inicial, necessitamos de uma abordagem integrada no desenvolvimento náutico, transformar o Lago de Itaipu em um modelo para os reservatórios e hidrovias do Brasil. O que funcionar para o Lago pode iniciar processos similares ao longo de outras hidrovias, rios e reservatórios. Teremos a oportunidade da COP 30 em Belém em 2025 para apresentar essas soluções.
Nesse processo de construção participativa do conhecimento do uso náutico da área do Lago de Itaipu, com uma abordagem territorial e ecossistêmica integrada, começando com um diagnóstico inovador, não existem ainda os códigos e nem os “blueprints”, os requisitos de instalação pré-definidos. Não existem as determinações técnicas detalhadas ou os requisitos de licitações todos previstos - porque os paradigmas que temos nos levaram aos problemas que enfrentamos. Einstein dizia que a definição de loucura é fazer as mesmas coisas e esperar que os resultados sejam diferentes. Nessa visão, queremos começar diferente, mas sem negar o valor dos conhecimentos adquiridos. Não podem existir procedimentos impostos ou parciais, só a experiência adquirida com paciência e trabalho, muito trabalho, o “hacking for solutions”, “le bricolage”, o aprender fazendo.
Estamos abertos a sua contribuição! Para trabalhar melhor, precisamos de sua participação, quer você seja residente, empresári@ ou colaborador@ no turismo, servidor@ públic@ com responsabilidades nessa área, prestador@ de serviços, especialista, ou simplesmente residente interessad@. Estaremos em trabalhos de campo entre 01 e 15 de dezembro e publicaremos um “diário de bordo”, contando como está sendo a jornada pelos municípios lindeiros ao Lago.
Participe do Congresso Internacional de Náutica, que ocorrerá em Foz do Iguaçu, nos dias 28 e 29 de novembro, acompanhe a gravação pelo youtube do Grupo Náutica - @canalnautica, siga-nos e comente pelo LinkedIn e pelas redes sociais em @orizzonte, ou entre em contato conosco via institutoorizzonte@gmail.com.