O leite geralmente ferve quando tiramos o olho dele

E assim é na nossa vida. Quando perdemos a comunicação com o que é importante para nós é que as coisas saem do controle.

Exatamente um ano atrás, um executivo me procurou e disse: “descobri que meus funcionários estão muito insatisfeitos. Vivem reclamando e estão inclusive procurando por outras oportunidades durante o horário de trabalho. Vou dar uma bronca neles e se continuar assim irei substituí-los”. Quando ele me disse isso, perguntei como andava o seu relacionamento com a equipe, quais eram as suas principais motivações, quando e como havia sido dado o último feedback, a perspectiva de crescimento na empresa, enfim, como andava a comunicação entre eles. E para a minha surpresa, após um breve diagnóstico, a conclusão foi bem óbvia: a comunicação que para o líder era clara e constante, para a sua equipe era inexistente. Ou seja, o leite já havia fervido faz tempo: feedbacks realizados de forma ineficaz e muitas vezes inexistentes, tarefas solicitadas sem uma diretriz clara, centralização e micro gerenciamento da liderança tirando todo a autonomia e senso de pertencimento da equipe.

Após ele concordar que precisava de ajuda para se desenvolver e gerir melhor a sua equipe, tivemos 03 meses de um intenso trabalho de desenvolvimento de competências. 

Nessa semana encontrei com ele e o resultado de 2017 não poderia ter sido melhor: atingiu suas principais metas, não precisou substituir ninguém, promoveu dois colaboradores e resgatou a confiança, motivação e o engajamento de sua equipe pelo trabalho naquela empresa.

Assim, é na nossa vida. Sempre que perdemos a comunicação com a nossa equipe, com o cônjuge ou com os nossos filhos, o leite ferve. No caso da liderança, antes de reclamar das equipes e das pessoas ao seu redor, vale trazer a responsabilidade para si e fazer a seguinte reflexão: como anda a minha comunicação? Tenho dado feedback constante e o mesmo está claro? Os colaboradores sabem o que espero deles? Eu sei quais são as verdadeiras motivações da equipe para engajá-la? Estamos falando a mesma língua?

Enfim, podemos fazer inúmeras perguntas, porém, não basta apenas mudarmos o caminho senão mudarmos o jeito de caminhar. Fica a reflexão.