O leitor mudou a leitura ou a leitura mudou o leitor?
Iniciando mais uma semana e dessa vez com um assunto que volta e meia é foco das minhas reflexões e publicações, #livros.
Vou colocar alguns insights sobre o mercado editorial e ao final da publicação deixarei um questionamento e o link para uma matéria bem interessante sobre o assunto:
- A primeira pergunta que deve ser feita é "Depois da internet, lemos menos ou mais"? Geralmente procuro não ser taxativo, mas nesse caso preciso dizer que definitivamente lemos mais! Entretanto, mesmo aumentando a freqüência e número de palavras lidas, via de regra, nossa leitura se tornou muito mais superficial. O que nos leva para o próximo insight...
- O livro físico como mídia é ineficiente frente aos novos hábitos de leitura (e isso me corta o coração porque sou o que chamavam no século passado de traça de livros). A tendência de leitura atual é não passar de duas páginas em uma mesma fonte digital (sites, blogs, etc.). Podem-se procurar várias fontes para formar uma visão geral sobre determinado assunto, mas sempre com leituras rápidas. Após essa etapa é possível que o leitor procure se aprofundar, entretanto essa não é a regra.
- Ainda sobre os livros físicos, os mesmos têm um concorrente substituto que vem crescendo de forma avassaladora, os podcasts. Ou seja, com a evolução tecnológica a audição ganha ainda mais força na construção do conhecimento.
- Mesmo com todos estes obstáculos estamos falando de uma indústria bilionária, ainda existem muitas possibilidades e podemos identificar algumas tendências.
- É possível verificar que a grande mudança nos últimos anos se deu na distribuição, sobretudo no comércio eletrônico e por conseqüência na formação dos custos para comercialização. Não é só o leitor que mudou, o business também não é mais o mesmo.
- Por conta dessa mudança surgiram algumas possibilidades de novos modelos de negócio, os clubes de livro e sebos virtuais são alguns deles.
- Lojas físicas focam cada vez mais na geração de valor através dos serviços prestados e não apenas na simples venda de livros. Nesse cenário as livrarias independentes voltam a ganhar força, principalmente àquelas que têm “personalidade”.
- É possível fazer um paralelo entre os eventos das indústrias musical e editorial e verificar uma diferença fundamental entre elas. Na música a mídia (CDs, vinil, MP3) perdeu valor comercial, mas é o principal meio de propaganda para aquilo que gera a renda para o artista, que são os shows. Na literatura o evento serve para impulsionador a compra da mídia (livro físico ou digital) e dessa forma gerar receita para os autores/ editores.
- Para isso a indústria editorial terá que resgatar algo que foi se perdendo com o tempo, salvo algumas exceções, que é a figura autor como referência para o seu público. Obviamente é quase impossível construir a aura de um Hemingway nos dias atuais, mesmo assim os autores devem se colocar em evidência de alguma forma para facilitar e potencializar o acesso a sua obra.
- Nesse aspecto os autores de conteúdo técnico levam vantagem sobre autores de romances/ poesia, pois muitas vezes têm reconhecimento no seu meio e principalmente porque produzem conteúdo sobre o assunto com freqüência.
E vocês como leitores, conseguem perceber uma mudança em seus hábitos de leitura nos últimos tempos? E caso tenham percebido, qual o impacto dessa mudança na construção do seu conhecimento?