O mais difícil não é encontrar a resposta, mas fazer a pergunta certa.
Quando vamos crescer de verdade?
Quando vamos parar de fazer bico quando formos contrariados?
Quando vamos parar de arrumar desculpas e fazer o que tem que ser feito direito?
Quando vamos parar de ficar olhando a vida alheia enquanto a nossa corre solta?
Quando vamos parar de arrumar motivos para não trabalhar enquanto muitos não têm emprego?
Quando vamos parar de querer que tudo aconteça rápido, se nem ao menos temos experiência para lidar com isso?
Quando vamos parar de querer virar à mesa, só porque temos que ouvir uns “Não!” de vez em quando?
Quando vamos parar de achar que a responsabilidade é coletiva, se quase não fazemos a nossa parte em casa ou no trabalho?
Quando vamos parar de querer respostas para tudo, sem nem ao menos sabemos formular as perguntas certas?
Quando vamos parar de gritar verdades, se vivemos mentindo para nós mesmos?
Quando vamos parar de exigir comprometimento do outro, se nós mesmos nem conseguimos cumprir as promessas de fim de ano?
Quando vamos parar de colocar a culpa nos outros pelas nossas escolhas?
Quando vamos parar de criticar as pessoas se não somos perfeitos?
Quando vamos parar de reclamar da vida se a cada dia temos a oportunidade de mudá-la?
Quando vamos parar de ser contra tudo e todos, já que isso nada adianta?
Quando vamos parar de jogar a responsabilidade nas costas dos outros?
Quando vamos parar de exibir quem não somos de verdade para quem não nos dá a mínima importância?
Quando vamos parar de exigir que o Governo seja justo, se não respeitamos nem as leis de trânsito?
Quando vamos parar de querer as coisas sem ao menos mostrar que merecemos de verdade?
Quando vamos parar de chorar por tudo e começar a sorrir pelo que temos todos os dias?
Quando vamos parar de fazer birra por causa de uma ideologia que não traz benefícios a ninguém?
Quando vamos parar de ser infantis e encarar a realidade de frente, por mais dura que seja, como verdadeiros adultos?
São tantas perguntas e tão poucas respostas que verdadeiramente importam, que estamos nos tornando como o curioso caso de Benjamin Button.
Jovens que se consideram adultos demais, reclamando das dores do mundo como se já tivessem vivido cem anos ou mais.
Adultos que já passaram dos 40, 50, 60 e que parecem que estão voltando à adolescência, tentando a todo custo não querer amadurecer jamais.
É a loucura que estamos vivendo hoje, querendo novidades todos os dias para satisfazer a nossa incansável fome de curiosidade.
Agora tudo está se tornando descartável demais. As relações estão ficando mais e mais superficiais. Não há mais tempo para nada.
O que mais precisamos é de tempo e fazer uma pausa. Precisamos refletir, pensar, analisar e ver se o que estamos nos tornando é bom ou ruim, verdadeiro ou falso.
Ainda somos feitos de carne e osso. Temos qualidades e defeitos. Somos uma mistura de razão com emoção.
Amadurecer é uma parte muito importante em nossas vidas. Ter experiência não é ser velho. É ver o mundo com mais calma. Admirar a rotina, ver oportunidades de viver e trabalhar melhor. Ensinar aos mais novos que ninguém é descartável.
As mudanças que estão acontecendo assustam um pouco por causa da velocidade que surgem. Nem todas servem para todo mundo.
Acho que a pergunta mais difícil de responder é “O que eu realmente quero para a minha vida?”.
Precisamos ter muito cuidado para não sermos doutrinados. Isso nos aprisiona em dogmas que causam dor, sofrimento. Faz a gente perder sonhos, planos, criatividade e nosso lado artístico.
A sabedoria é o oposto. Liberta de inúmeras amarras. Dá mais clareza e um propósito maior em tudo. A vida fica mais leve e mais calma. O tempo deixa de correr e simplesmente passa.
A infinidade de perguntas que fazemos todos os dias vão ganhando suas respostas. Nem sempre elas serão satisfatórias, mas é melhor ter consciência do que está acontecendo do que viver se iludindo.
Nenhuma tecnologia, rede social ou aplicativo substitui o conhecimento de vida, as experiências, os erros, fracassos, aprendizados, conquistas, méritos e sucessos.
Viver mais o meu presente está me ensinando a ser menos questionador e a ser mais pragmático. Nem por isso, eu perdi as esperanças ou deixei meus sonhos de lado.
Acho que sou um meio termo entre o jovem e o maduro que quer aproveitar ao máximo o melhor dos dois mundos.
Advogado
5 aÓtimo texto, profundo e altamente reflexivo