Os manifestos em defesa da democracia e os donos do dinheiro
Dois manifestos em defesa do sistema eleitoral e das instituições brasileiras devem ser lançados nos próximos dias. Um deles, por advogados, juristas, integrantes da magistratura e do Ministério Público, em especial, pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O outro documento é capitaneado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Somaram-se a esses documentos outras organizações e membros da sociedade civil como as centrais sindicais, bancos e artistas.
O primeiro documento tem contado com uma adesão cada vez maior da sociedade já que tem, até aqui, quase 300.000 assinaturas. Ele aparece num momento em que a democracia tem sido submetida a um inédito teste de estresse, algo jamais visto desde o fim da ditadura brasileira e o processo de redemocratização e elaboração da Constituição de 1988. Os dois manifestos devem ser lidos na Faculdade de Direito da USP no dia 11 de agosto.
Os textos estão em sintonia com a realização de eleições livres e democráticas e apelam ao respeito ao Estado de Direito, vilipendiado dia sim, dia também pelo grupo político no poder através de manobras diversionistas e desesperadas de solapamento das instituições. Essa onda reacionária é capitaneada pelo presidente da república Jair Bolsonaro e seus bate-paus no congresso nacional e nas forças armadas, e ganhou tração com a perspectiva de perda das eleições e punição pelos diversos crimes cometidos no exercício do mandato presidencial.
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O país tem vivido, desde 2019, um enorme retrocesso civilizatório e humano em diversas áreas, sejam meio-ambiente, educação, saúde, economia e segurança pública. A mentalidade miliciana é o espírito do tempo que nos governa. Órgãos de controle foram desmantelados e profissionais sérios que trabalhavam na administração pública foram exonerados por militares sem nenhuma experiência em gestão mas que demonstram fidelidade canina ao presidente.
A orquestração do movimento de reação aos descalabros institucionais tem sido bem-sucedido sobretudo pela participação de grandes nomes do PIB brasileiro no documento elaborado pelos bancos. É muito raro ver uma participação tão expressiva dos "donos do dinheiro" num manifesto em defesa da democracia. Nunca é tarde demais no entanto, e a presença dessas figuras é sempre muito importante. A democracia agradece.