O medo do home office passou.

O medo do home office passou.

De todas as coisas que aconteceram nessa quarentena, a mais emblemática para os profissionais do mundo todo foi a adoção forçada do home office. A grande maioria dos empresários sequer considerava utilizar o home office algum dia. Não porque a presença dos funcionários na empresa fosse essencial, como a maioria das empresas de comunicação, marketing, tecnologia e afins, mas o perfil de gestor controlador ainda é muito forte: 

“Eu sei a hora que você chega. Eu sei a hora que você sai. Eu vigio quando você procrastina.”

Essa sensação de controle teve de ser, obrigatoriamente, deixada de lado, e os gestores foram obrigados a passar por cima de todos os receios, confiar na equipe e liderar de maneira que o trabalho saísse sem problemas. E não é que deu certo? “Após o choque inicial, 80% dos gestores disseram gostar da nova maneira de trabalhar", de acordo com pesquisa da ISE Business School. "Mudanças que ocorreriam em cinco ou dez anos já estão acontecendo", disse Cesar Bullara, diretor e professor do departamento de gestão de pessoas do ISE. 

Com mais de 12 anos de profissão, sendo a maioria deles como freelancer, já tive a oportunidade de trabalhar em casa antes e sempre me adaptei muito bem. Mas dentro de uma empresa foi a primeira experiência. Pra minha geração e, principalmente, para os mais novos, a ideia de ficar enfurnado em um escritório por 8 horas diárias (ou mais), mesmo quando sua pauta está limpa soa contraproducente demais. Claro que, em casa, ficamos à disposição da empresa da mesma maneira, mas é muito mais leve. Quando o trabalho está feito dá pra tomar um solzinho na sacada, passar um café fresco, folhear um livro, brincar com o cachorro… Qualidade de vida que fala, né?

Apesar de tudo, um modelo 100% home office tem seus contras. Eu, por exemplo, valorizo muito o contato com pessoas, a conversa, a troca de experiências, os aprendizados e as descobertas. Muito do meu crescimento profissional foi graças ao contato com outras pessoas, o famoso networking, que é tão importante na área de comunicação. Nesse ponto o home office perde. E não há chamada de vídeo que supere uma gargalhada durante um brainstorm ou uma conversa filosófica ao lado da máquina de café. Então, o que fazer? Meio home office, meio presencial? Acho que é algo que ainda precisamos descobrir.

Depois dessa crise, a adoção do home office para muitas empresas também será uma alternativa economicamente salvadora. Energia, transporte, aluguel… tudo isso custa caro! E percebemos que é um gasto que pode ser dispensável. Fica difícil dizer se a maioria das empresas que adotaram o home office vão de fato repensar seu modelo de negócio, mas uma coisa é certa: a cabeça dos empresários e gestores mudou. E esse é o passo mais difícil e importante para uma mudança geral no modo de trabalho.

O medo passou. Mas ainda temos muito a superar.

Marissa Vasconcelos

Senior Creative Director | Head Leader

4 a

Muito bom, Gui! Ia acrescentar a questão das horas extras, mas você mesmo já respondeu em um comentário anterior. Hehe. O certo é o equilíbrio mesmo. Confesso que estou preferindo muito mais o home office, qualidade de vida sempre. Abração, parabéns!

Fernando Pedroso

Marketing, Comunicação e Vendas

4 a

Sempre fui um defensor do home office, mesmo antes da pandemia. Mas como ela chegou com tudo e sem aviso, acabei tendo algumas surpresas para me adaptar. Já me sinto muito bem adaptado hoje, inclusive a produtividade é maior. E concordo que as conversas com colegas e gargalhadas presenciais fazem falta de vez em quando. Veremos como vai ser daqui pra frente.

Bom dia, acho que após essa pandemia, onde muitas empresas se adaptaram com pouca gente trabalhando vai tornar o mercado mais difícil do que já é, infelizmente pois se ela consegue excultar o serviço com 2 ao Invés de 4 pois teve que demitir 2 e ficar só com 2 então a necessidade de ter 4 novamente ficará mais difícil e para nós que estamos desempregados em busca de uma oportunidade será mais Difícil do que seria sem a pandemia ou seja vamos sofrer bastante.........

Caciane Pereira de Sousa

Pesquisadora na AGERH - Agência Estadual de Recursos Hídricos | Gestão de Pessoas| Melhoria Contínua | Excelência Operacional | Jornalismo | Comunicação Corporativa

4 a

Traduziu toda reflexão destes novos tempos Gui!Vivenciar uma experiência é bem diferente de imaginá la e fazer projeções teóricas sobre ela. Apesar de não podermos afirmar que o home office veio pra ficar, é indiscutível quando analisamos os fatos (e dados que agora temos) que muitos são os benefícios. Cabe agora virarmos a chave como colaboradores e gestores e compreendermos qual será a nova forma de trabalho que trará ganho a todos.

Também valorizo muito o contato físico entre os colegas. A interação da equipe, muitas vezes ouvindo conversas paralelas, e a integração no café com outros colegas são muito enriquecedoras. Acredito que atividades que se baseiam em consolidação e análise de dados captados de sistemas, rotinas que têm entradas e saídas bem definidas, podem migrar 100% para o home office. Mas atividades em equipes multidisciplinares, onde o trabalho de uma área pode impactar o da outra, vejo muitas perdas.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Gui Deville

  • 4 razões por trás do colapso das agências de publicidade.

    4 razões por trás do colapso das agências de publicidade.

    Todo mundo que conheço que dirige uma agência está intrigado com o que está acontecendo em suas agências. Não é a…

    3 comentários
  • Tudo que nunca te contaram sobre liderar pessoas.

    Tudo que nunca te contaram sobre liderar pessoas.

    Se você já ouviu alguém dizer que liderar pessoas é simples, é melhor repensar as pessoas que você anda ouvindo. Em…

    8 comentários
  • Pessoas que precisam justificar seu cargo.

    Pessoas que precisam justificar seu cargo.

    Você já deve ter se deparado com profissionais que, você sente que não entende muito bem do assunto, mas tá sempre ali…

  • Não dê o seu melhor logo de cara.

    Não dê o seu melhor logo de cara.

    Calma, antes que você me julgue, vou explicar o contexto e você vai me entender. Quando você trabalha com publicidade…

  • Trabalhar bem é diferente de trabalhar muito.

    Trabalhar bem é diferente de trabalhar muito.

    Fala pra mim, sua carga horária no trabalho é suficiente pra você entregar tudo que precisa ou aquelas horinhas extras…

  • Quando o cliente é um filho mimado.

    Quando o cliente é um filho mimado.

    Cá entre nós, um filho que cresce mimado é uma das coisas mais problemáticas do mundo. E falo isso por experiência…

    1 comentário
  • Empresa boa não precisa de Marketing.

    Empresa boa não precisa de Marketing.

    Hold your horses, marqueteiros. Vou explicar.

    1 comentário
  • O nosso modelo de trabalho parou no tempo.

    O nosso modelo de trabalho parou no tempo.

    Sim, estamos todos cansados de trabalhar. A maior parte dos funcionários de empresas passam pelo menos um terço do seu…

    1 comentário
  • A Black Friday nunca vai funcionar no Brasil.

    A Black Friday nunca vai funcionar no Brasil.

    Basicamente por 5 motivos: 1- A alta carga de impostos sobre os produtos, onde a maioria beira ou ultrapassa os 50% do…

    4 comentários

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos