O melhor conselho que meu pai me deu.

Estude, Luciane. Na vida o que você tem de conhecimento ninguém nunca pode tirar de você. Pode perder dinheiro, bens e poder, mas nunca perderá o que tiver aprendido.

Lembro-me deste doce sermão do meu pai como se fosse hoje. Sempre fui um boa aluna, do ponto de vista de notas. Obviamente, todos os professorres reclamavam do meu estilo "falante demais", mas tirar boas notas, definitivamente, era um objetivo meu na época da escola.

Aliás, não somente boas notas, mas ganhar estrelas - douradas, de preferência, nos trabalhos ou lição de casa era uma conquista absolutamente motivadora. E a qual eu perseguia constantemente.

Durante minha época escolar, raras vezes tirei nota vermelha e fiquei de recuperação uma única vez - fato ocorrido muito mais por questões de saúde. Repetir de ano era um termo inaceitável tanto para mim quanto para os meus pais. De certa forma, eles estavam certos nos argumentos. "A sua única preocupação na vida é a escola. Você não tem casa e família para sustentar, portanto o seu compromisso hoje é com a escola, tão somente a escola".

Sempre um ídolo para mim, meu pai trabalhou por trinta e seis anos em uma mesma "firma" (era assim que nos referíamos à empresa naquela época), chegando a alcançar um cargo de gerência em uma multinacional.

Com três filhas para criar, sei que ele sempre se dedicou além da conta, principalmente, para nos prover com educação de qualidade. Mesmo classificados como "família de classe média", mesmo sem ter carro do ano ou viagens e outras regalias, meus pais nunca abriram mão de matricular suas filhas em escola particular.

Sim, lamentavelmente, no Brasil o ensino de escola pública é inferior, há décadas. Não tenho filhos, portanto fico sem fatos para opinar sobre a educação pública hoje em dia. Posso falar sobre a minha vivência. E naquela época era assim. Por outro lado, a dedicação ao estudo com afinco é algo que perdura. Existem vários casos de sucesso de pessoas brilhantes provindas da escola pública, mas considerados como excessão e não regra.

Enquanto escrevo estas linhas parece que meu pai está aqui do lado falando: "Estude menina. Estude. Conhecimento, educação e cultura é algo que nunca serão tirados de você". Podia ser a nota que fosse. Mesmo um 10 era recebido com o mesmo conselho, segundo meu ponto de vista de hoje. Para uma menina de dez anos, parecia um sermão de um pai cruel que só aceitava a perfeição.

Mesmo assim, confesso que não foram as palavras que me incentivaram. Foram as ações. Até hoje meu pai me ensina que nunca é tarde para aprender algo novo. Até hoje ele mostra que estar aberto ao novo é essencial para o aprendizado.

Meu pai me inspirou a estudar inglês e espanhol. Quando saí de casa, para seguir meu caminho, levei comigo alguns dos livros e discos que ele usava para estudar inglês por conta própria. Eu dizia pra mim mesma "quero falar inglês e espanhol assim como meu pai faz em seu trabalho". Passei diversos finais de semana estudando idiomas sozinha, porque presenciei meu pai fazendo o mesmo constantemente.

Pouco depois de completar sessenta anos ele se matriculou em um curso de photoshop e web design. Nas aulas ele dividia espaço com colegas da idade dos meus sobrinhos. Dia desses ele me chamou e pediu umas aulas de facebook, porque queria entender como funciona a rede social.

Foi com meu pai que aprendi a assistir ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Todo domingo à noite, lá estávamos nós sentamos na sala de televisão para acompanhar o entrevistado da noite.

Não há dúvidas sobre o impacto da educação no desenvolvimento de um país. Mas essa educação que pode transformar, não é apenas aquela trocada por um diploma. Muito menos representada por redução nos índices de repetição nas escolas.

Educação, cultura, conhecimento, poder de discernimento e crítica fazem parte do mesmo pacote. Pacote que é formado desde cedo, dentro de casa, pelo exemplo.

Eu tive a sorte ou fui abençoada por ter vivido exemplos assim e, o melhor, ainda vivendo com a ressonância do melhor conselho recebido do meu pai "Estude, menina". Obrigada por isso Pai.

Agradeço por sua leitura. Até a próxima.

Luciane Borges

Sobre a autora –

Geminiana, apaixonada por aprender e ensinar, fissurada pelo poder das redes sociais, sou executiva de comunicação, relações públicas, estrategista de mídias sociais, e palestrante, com MBA em Comunicação Corporativa pela Fundação Getúlio Vargas.

Após atuar por mais de 20 anos em multinacionais dos segmentos B2B e B2C, desenvolvendo projetos para construção de reputação e consolidação da marca, resolvi inovar na carreira, mergulhando no universo digital.

Hoje, assessoro profissionais e empresas a construírem e fortalecerem reputação digital, por meio de posicionamento estratégico nas redes sociais profissionais. Idealizadora da BeIn Digital, ministro cursos online sobre LinkedIn, sou palestrante sobre o tema e conduzo workshops - visando à ensinar os profissionais a explorarem tudo o que o LinkedIn oferece.

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