O mercado não premia quem trabalha mais, e sim quem se posiciona melhor.

O mercado não premia quem trabalha mais, e sim quem se posiciona melhor.

"É só se esforçar!"

"Vai lá e faz!"

"É só trabalhar duro que você terá sucesso".

A ideia de que, se nos dedicarmos ao máximo, seremos inevitavelmente reconhecidos, parece lógica. Mas, na prática, as coisas não funcionam assim. O mercado não premia apenas quem trabalha mais — ele premia quem sabe se posicionar melhor.

Eu sei que essa frase pode soar insensível, especialmente para nós, mulheres negras. Não é fácil ouvir que "trabalhar duro não basta" quando, historicamente, sempre tivemos que trabalhar o dobro para sermos reconhecidas pela metade. Eu não ignoro o racismo, o machismo e todas as desigualdades estruturais que dificultam nosso caminho. Mesmo quando nos posicionamos, muitas vezes, o reconhecimento demora a chegar. Mas, justamente por isso, falar sobre posicionamento não é só uma questão de estratégia — é uma questão de sobrevivência profissional.

Competência sem posicionamento é desperdício de potencial

No início da minha carreira, eu acreditava que ser boa no que fazia era suficiente. Entregava resultados, me dedicava ao extremo e esperava ser reconhecida. Até perceber que muitas oportunidades iam para pessoas que, embora fossem menos competentes, sabiam se posicionar melhor. Foi um choque entender que o esforço, sozinho, não é suficiente. Competência sem posicionamento é como talento escondido em uma gaveta: ninguém vai notar.

Se posicionar não é sobre ser perfeito, é sobre ser lembrada pelo que você faz de melhor. E, sim, para quem já enfrenta racismo e machismo diariamente, se posicionar é um ato de resistência. É subverter um sistema que tenta nos manter invisíveis.

O esforço é essencial, mas ele precisa estar acompanhado de uma estratégia clara que potencialize sua marca pessoal. Trabalhar duro sem construir uma narrativa sobre o valor que você entrega é como remar sem saber para onde está indo. E, muitas vezes, a estratégia começa com uma pergunta: Como o mercado está me percebendo? Não basta fazer um bom trabalho — você precisa garantir que ele seja visto e reconhecido.

Essa é a principal diferença entre quem avança e quem fica estagnado: não é a quantidade de trabalho, mas a capacidade de comunicar o impacto gerado e participar das conversas certas. Isso significa construir uma marca pessoal, criar conexões estratégicas e ocupar espaços que sempre tentaram nos negar.

O caminho é mais difícil, mas não impossível

Eu não estou dizendo que é fácil. Sei que, para muitas de nós, o esforço de se posicionar é cansativo, emocionalmente desgastante e, às vezes, perigoso. Mas se queremos mudar as regras do jogo, precisamos jogar — e precisamos ser vistas jogando. Esperar por justiça ou reconhecimento natural não é uma opção viável. Precisamos construir o espaço que merecemos, mesmo que ele não nos seja dado de forma justa.

Falar sobre posicionamento não é desconsiderar as desigualdades que enfrentamos diariamente. É, na verdade, entender que, diante de um mercado que não foi feito para nos acolher, se posicionar é um ato estratégico de sobrevivência e crescimento. Porque, no fim, não podemos mudar o sistema se continuarmos escondidas.

O mercado pode até não premiar quem trabalha mais, mas ele nunca vai ignorar quem sabe se posicionar de forma estratégica, autêntica e intencional. Se posicionar não é só sobre crescer na carreira, é sobre construir sua marca pessoal onde antes havia invisibilidade. É sobre criar oportunidades onde antes só existiam portas fechadas.

Sim, é injusto termos que nos esforçar tanto, mas, se tem algo que a história já nos mostrou, é que nós seguimos criando caminhos, apesar de todas as barreiras. E é exatamente isso que eu quero incentivar: que você construa o seu caminho, que você se posicione e que você seja lembrada não apenas pelo que faz, mas pelo impacto que gera.

Quero me posicionar melhor


Mayara Santana

Cientista de Alimentos | Pesquisa e Desenvolvimento | Inovação | Processos Industriais | Melhoria Contínua | Projetos | ESG

6 h

A cada dia eu percebo exatamente a necessidade de me posicionar e ser vista. Passo por um período delicado profissionalmente falando, tentando me recolocar no mercado e as estratégias para atingir esse objetivo já estão quase esgotadas. Sem contar o desgaste (mental e emocional) que toda essa situação tem gerado. Encontro no posicionamento, na exposição de forma intencional, uma oportunidade de, para além de trilhar outros caminhos, comunicar e construir uma estratégia assertiva para o impacto que eu sei que posso gerar!

Miriam Silva

Assistente administrativo - na empresa VECV

7 h

Interessante

Aline Bernardes

Líder de Recursos Humanos │ Diversidade, Equidade e Inclusão │ Gestão de Talentos e Desempenho │ Estratégia e Cultura Organizacional │ Bem-estar e Saúde Mental │ Impacto Social e Sustentabilidade

8 h

O trabalho competente e o posicionamento juntos abrem mais caminhos, com certeza. Mas tem muita gente também que apenas se posiciona com o trabalho duro dos outros.

Mariana Nunes

Facilitadora de Impacto Social | Fundadora do Movimento Rosalina | Desenvolvimento e Capacitação de Mulheres Negras Empreendedoras | Diversidade, Equidade & Inclusão(DE&l) | ForbesBLK Member

18 h

Ótima perspectiva

Luiz Pädovan

Fotógrafo de Produtos e Retratos | Especialista em Visual Branding para Marketing e E-commerce - MTB 0010786/SP

20 h

ultimamente tenho visto muito o mercado super premiar alpinistas sociais.

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