O MUNDO CORPORATIVO VOA

Sabe-se que o mundo voa. São inovações em ciclos cada vez menores, que descontroem modelos estabelecidos, gerando desconforto e desconfiança. O famigerado mundo velho, que manteve um padrão linear durante séculos, virou história. Porém, constata-se que não fomos preparados para lidar com o desconhecido. Nossa preocupação é que seja mais que uma expressão para as organizações.

Nesta esteira, um processo de readequação da cultura corporativa é fundamental. É preciso aproveitar esses períodos para estruturar a empresa, enxergando os movimentos do mercado. Tendo em mente que todo momento de desaceleração é seguido por crescimento. Contudo, há que reconhecer que os paradigmas mudarão quando todos perceberem que o problema existe e se engajarem para resolvê-lo, de uma forma coletiva, ouvindo as pessoas, pegando o que se sabe, juntando as experiências e consolidando o que sai de melhor.

Nunca esqueçam que os líderes não voam sozinhos, precisam construir relacionamentos e trabalharem com os outros para alcançarem gestão de grande impacto. Indubitavelmente será necessário revisitar propósitos e as formas como estão tentando alcançá-los. A base para tudo isso, do ponto de vista empresarial, é o que denominamos de gerenciamento pelas diretrizes.

Para colocar a aeronave em ponto de voar, não se pode perder de vista a maneira como as pessoas passaram a pensar. O segredo para o crescimento estará alicerçado no aumento do conhecimento coletivo sobre a natureza e o meio ambiente que os circundam, e porque são capazes de direcionar este conhecimento para fins produtivos. Ou seja, usar mecanismos sutis, mas eficazes, desconstruindo a expertise acrítica do conhecimento herdado do passado.

Ademais, apropriarem das novas tecnologias que trazem benefícios de produtividade e que colocaram em xeque, vários modelos de negócios e até de segmentos econômicos inteiros. Tenha consciência que é inviável resistir ao processo de disrupção tecnológica. Com sapiência a utilizem como o motor das suas organizações para serem mais produtivas e crescerem, se necessário se reinventem e questionem os modelos considerados consagrados – e vencedores. Cuidado para não negligenciarem a participação no desenho das soluções.

Com isso, as iniciativas deverão ser mais abertas, privilegiando a inovação que revigoram a gestão empresarial. Tenha em mente que risco é uma variável sempre presente nesse contexto. Para minimizá-lo tenha descrição clara dos objetivos, escopo do trabalho, equipe e responsabilidades, bem como os resultados esperados e sua temporalidade.

Como alternativa, é saudável buscar alianças, redes e outras parcerias com agentes externos que são formas de compartilhar riscos, reduzir ambiguidades e alavancar sinergias para lidar com as tecnologias digitais e os novos modelos de negócio que emergem no cenário atual.

Ao decolarem, vão perceber que os sistemas e rotinas existentes se tornaram obsoletos, exigindo adaptações ou novas ferramentas de gestão. Será premissa alterações na organização interna, transcendendo as rotinas e criando novos processos que questionem o “status quo”. Tecnologias interconectando os processos entre si e dispondo de sistemas avançados de planejamento e gestão, que impactam nas entregas de resultados, que sairá dos prazos semanais, diários para horas e até minutos e segundos, num simples click dos dispositivos móveis.

Neste processo um dos pilares fortes será a transparência. Todo mundo precisa saber para aonde estamos indo, qual o roteiro e plano do voo, deixando claro que a modernidade deixou de estar associada à geografia, superando a complacência, revendo valores essenciais que os tornaram bem sucedidos, exigindo revisitá-los, arejando a discussão e o debate. Temos que gritar menos e pensar mais. Nesta aeronave a diversidade deverá ser tratada como questão preciosa.

Neste contexto, diversidade é você chamar para o baile. Inclusão é chamar para dançar. Criem espaço para refletir profundamente sobre os desafios que enfrentam. E neste espaço não fale, pergunte e ouça. As pessoas não precisam gostar das mudanças, mas devem compreendê-las.

Na medida, que aeronave sobe, vão perceber que a disciplina e resiliência são habilidades internas ou componentes que um grupo heterogêneo deve possuir, de forma bem amadurecida. Estamos tão dentro dos problemas que nos acostumamos e convivemos com eles, ao invés de resolvê-los. Hábitos de consumo mudam na medida em que a sociedade se transforma.

Bom lembrar, que recuperar a estabilidade quando a aeronave decola, requer escolhas difíceis. Principalmente se a empresa perdeu sua ousadia e senso de urgência, comprometendo o seu caminho. Alertando que em gestão é importante esclarecer que poder de capital não é sinônimo de competência. Isto traz uma reflexão sobre o déficit das competências quando ela está nas pessoas e não na organização. A transformação nasce desta consciência e da ética do relacionamento, colocando as questões com elegância, mas sem mascarar a situação. Uma parceria virtuosa entre líder e liderados, ressalvando que só se altera cultura, com novas experiências que leva as novas crenças, e sem reforço e recompensa não se consolida.

Conclui-se que na velocidade de cruzeiro do voo, não se pode ficar na miopia de redução de custo, isto é como higiene, devemos ter isto na nossa rotina, a busca deve ser pelo aumento da receita, com estratégia clara, pessoas certas nos lugares certos e com atitudes certas, comunicação tempestiva e calculada, além de uma política que celebre as vitorias, tendo o discernimento que não existe um modelo padrão, a resposta advém da exigência da situação.

No mais fica o alerta do professor Haroldo Mota da Fundação Dom Cabral que nos advertiu em sua aula, que administrar sem matemática é dar palpites, por isso é fundamental a busca de métricas, e estas métricas são os indicadores do “cockpit” do avião que faculta ao piloto tomar as melhores decisões. Aqui trouxemos a analogia com o voo, mas não se iludam a realidade não é menos obtusa.