O MUNDO DO RIO AMAZONAS
O MUNDO DO RIO AMAZONAS (tempo aprox. de leitura: 2,5 min.)
Impossível para mim esquecer o dia que naveguei pela primeira vez no Rio Amazonas. Foi na minha Viagem de Instrução, a bordo do Navio Escola Custódio de Mello, em 1986.
Típico garoto de cidade grande, não imaginava o mundo totalmente diferente que meus olhos vislumbravam. E isso, já tendo acabado de visitar várias cidades e mares meio mundo afora.
Descobri que a expressão Rio Mar não era nenhum exagero. Passei a maior parte do meu tempo livre no convés principal, totalmente mergulhado naquela experiência, forçando a vista para tentar enxergar as margens e vivenciando os espetáculos de nascer e pôr do sol naquele universo único.
Veio-me à mente uma citação do filósofo Baruch Spinoza: “Um entendimento finito não pode compreender um infinito.”
Mesmo tratando-se de uma citação que faz alusão ao divino, tomei a liberdade de empregá-lo ao espetáculo da natureza vivido. Até porque é do próprio Spinoza a citação: “Deus é um mecanismo imanente da natureza e do universo. Deus e natureza: dois nomes para a mesma coisa.”
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Minha experiência não acabou por aí. Nos trechos de margens estreitas, observei, incrédulo, as palafitas que surgiam de tempos em tempos, isoladas em seus próprios mundos. Como num passe de mágica, vi diminutas canoas que se adiantavam em se posicionar, perigosamente próximas ao curso do navio, pela proa. Não entendi o que estavam fazendo, até ver alguns tripulantes jogando galões metálicos vazios de margarina ou óleo pela borda.
Aproximei-me para ver a “faina” e, ao perceber minha cara de espanto e ignorância, um marinheiro me falou: “Isso vale mais que ouro para eles!”
Percebi, naquele momento, o quanto desconhecia aquele mundo; o quanto deveria aprender sobre o relativo e o real valor das coisas, além de me esforçar em agir proativamente de acordo com as lições aprendidas (mesmo que, para Spinoza, “a experiência não nos ensina as essências das coisas.”).
Claro que, mais uma vez, Spinoza tinha algo a me ensinar: “Tenho evitado cuidadosamente rir-me dos atos humanos, ou desprezá-los; o que tenho feito é tratar de compreendê-los.”
Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)