O MUNDO (INFELIZMENTE) NÃO É JUSTO
Discute-se muito atualmente a busca pela igualdade de tratamento e de oportunidades. Esta discussão é muito importante, absolutamente necessária e todo esforço neste sentido, muito bem vindo.
A média da humanidade ainda tem muito a caminhar até atingir um patamar civilizado de convivência.
1.1 - A UTOPIA INATINGÍVEL
A utopia inatingível é que todos sejam absolutamente providos pelas mesmas condições e com as mesmas oportunidades. Isto é, porém, simplesmente impossível.
As pessoas são diferentes, nascem de famílias diferentes, em lugares diferentes e em condições diferentes.
2.1 - O MELHOR EXEMPLO
Os países e sociedades nórdicos, que atualmente tem os maiores IDHs, são um ótimo farol para balizar o que seria possível de se obter em muito larga escala.
Educação básica universal e de qualidade, saúde básica universal e de qualidade, segurança, transparência, valorização da meritocracia, livre mercado e democracia funcional tendo como lastro uma sociedade capaz de pensar e de escolher.
3.1 - POBREZA x DESIGUALDADE
Sim, existe desigualdade nos países e sociedades atualmente mais desenvolvidos. O que não existe é miséria.
Há uma enorme diferença entre desigualdade e miséria. Em sociedades funcionais aqueles mais aptos, por seu mérito e esforço, alcançam maior sucesso (renda, fama, reconhecimento, etc). Os menos aptos, por sua vez, mesmo que sem acesso a luxos, tem totais condições de viver uma vida digna, com conforto, segurança, saúde, educação e perspectivas futuras.
A questão principal não é o fato dos ricos serem ricos ou daqueles mais talentosos exercerem e desfrutarem seu talento. O problema das sociedades desiguais são aqueles involuntariamente sentenciados a pobreza, e, salvo raras exceções, com pouquíssimas condições de escalar a pirâmide social.
Uma família viver com USD 250 mil/ano enquanto outra vive com USD 75 mil/ano não é um problema. A encrenca é uma família viver com USD 250 mil/ano e outra com USD 5 mil/ano.
4.1 - O QUE FAZER
Interferir na vida de quem já está estabelecido não é o foco. O objetivo é enriquecer os pobres, não empobrecer os ricos. Apesar do rancor social existente, a única solução de longo prazo é que quem hoje não é capaz de cria riqueza, passe a ser - isto aumento o bolo. Simplesmente mover a riqueza de um lugar para outro não aumenta o bolo.
No Brasil o Estado fica com 40% do PIB (em países desenvolvidos o montante fica entre 17,5% e 25%). O fato é que 75% do montante que financia a (inapta) máquina pública vem dos 13% de brasileiros classe A e B. Os outros 25% vem dos 87% de brasileiros classes C, D e E. Não é viável aumentar a carga nas costas de quem hoje gera o mínimo de riqueza que financia o grosso do Estado. É preciso que mais pessoas passem a contribuir.
4.2 - MUDANÇA CULTURAL
A população brasileira é refém de uma cultura que valoriza o esperto e desvaloriza o esforçado; valoriza o peito siliconado e desvaloriza o inteligente; valoriza o oportunista e desvaloriza o planejador; valoriza o boleiro e desvaloriza o ético. Mudar esta visão de mundo é primeiro e mais importante passo. Sem esta quebra de paradigma, não há possibilidade de avanço.
Esta mudança se dá tanto pela educação (família/sociedade), quanto pela formação (escola). É preciso um esforço monumental e coeso do Estado, da mídia e da sociedade.
4.3 - PLANEJAMENTO FAMILIAR
É imprescindível que todos desenvolvam e pratiquem planejamento familiar. O ritmo com que a população cresce é, por qualquer prisma, simplesmente insustentável.
Qualquer solução ou projeto que se aplique pode acabar soterrado sob a enorme velocidade com que a parte mais pobre da população cresce.
Basicamente não há como a parte incluída da sociedade financiar o crescimento de infraestrutura, educação, saúde e segurança no mesmo ritmo com que se dá o crescimento populacional da parte excluída. A capacidade de investimento da parte rica, por maior que seja, é insuficiente para financiar a crescente demanda da parte pobre.
Interromper o crescimento do problema é essencial para que este se torne minimamente manejável ao longo do tempo. Uma vez que o crescimento foi contido, aí sim a sociedade e o Estado serão capazes de investir para que, num prazo de 20 à 40 anos, haja uma nova realidade.
4.4 - INVESTIMENTO MACIÇO EM EDUCAÇÃO BÁSICA
Uma vez que o crescimento foi contido, aí sim a sociedade e o Estado serão capazes de investir pesado em educação para que, num prazo de 20 à 40 anos, haja uma nova realidade.
A educação irá permitir que os atualmente excluídos, que demandam de oportunidades e de auxílio providos pelo Estado ou pela sociedade, sejam eles mesmos capazes de, de maneira crescente, gerar as oportunidades e soluções para suprir sua própria demanda.
4.5 - REFORMA DEMOCRÁTICA
É necessário ajustar o modelo democrático atual. É preciso de que, de alguma forma, o voto do mais esclarecido tenha maior peso do que o voto do ignorante.
Pode parecer uma proposta ofensiva, não é. Da mesma forma que empresas só tem chance de sucesso se forem geridas por pessoas realmente capazes, o mesmo é com o país. De nada adianta uma pequena parte da população (os 13% que pagam 75% da conta) se debruçarem em soluções e caminhos se a maior parte do povo escolhe seus candidatos pelo jingle da campanha.
5.1 - O QUE NÃO FAZER
O modelo venezuelano de igualdade funcionou ao contrário. Enquanto a Suíça busca enriquecer os cidadãos para que todos sejam minimamente iguais, a Venezuela foi no sentido contrário - todos são iguais, porém nivelados pela miséria.
Ou seja, a solução é mudança cultural, mais educação, mais liberdade, mais transparência, menos corrupção e regras claras que valham para todos.
Nem todos se desenvolverão no mesmo ritmo ou chegarão ao mesmo patamar, mas ainda assim é o melhor caminho. Todo modelo que tentou centralizar a economia acabou por implodir a capacidade econômica da sociedade, resultando em miséria generalizada.