O mundo não está girando mais rapidamente: nós é que estamos!
Enquanto esperava no saguão do Museu da Imagem e do Som, na noite dessa segunda, pela estreia do curta-metragem “Gen Gen”, uma produção da agência Box 1824 e da Stink Filmes, conversava com colegas sobre o avanço da tecnologia digital e de como ela transcende meros aspectos técnicos, transformando como vivemos. Desde o surgimento dos primeiros computadores pessoais, na década de 1970, até a presente explosão da inteligência artificial, essas revoluções acontecem em intervalos cada vez menores e de forma mais intensa.
Claro que o digital é o vetor e o viabilizador disso tudo! Mas a tecnologia só pode ser verdadeiramente compreendida quando olhamos para nós mesmos. A grande transformação não se dá nas pastilhas de silício, mas em nossos corpos e na percepção que temos do mundo.
Na conversa pré-filme, lembrei-me de como o Dicionário Oxford escolheu “pós-verdade” como sua palavra do ano em 2016: “relativo ou referente a circunstâncias nas quais os fatos objetivos são menos influentes na opinião pública do que as emoções e as crenças pessoais”. Debati na época, no meu mestrado na PUC-SP, quanto disso se materializaria.
O conceito já permeava então as redes sociais, mas não imaginávamos o tsunami de desinformação que varreria o mundo logo depois, combinando o pior da humanidade com os algoritmos. A culpa desse movimento, que rachou sociedades inteiras, não é da tecnologia, mas foi ela que o promoveu.
Quem veio primeiro: a maldade humana que usurpou o mundo digital ou os algoritmos que nos pioraram ao abrir uma moderna Caixa de Pandora?
Agora estamos aprendendo a lidar com a Inteligência Artificial Generativa, às vezes deslumbrados, às vezes assustados. Como “Gen Gen” aborda corretamente, pela primeira vez, algo que o ser humano criou –a máquina– rompeu uma barreira que nos fazia sentir únicos e superiores: a capacidade de criar. Agora a criatura imita e às vezes supera o criador.
Esse poder nos permite fazer mais e melhor, mas você certamente já deve ter sentido que seu tempo não dá para tudo que “precisa” (note as aspas). Algumas pessoas se questionam se o mundo estaria girando mais rapidamente, o que não faz sentido astronômico.
O dia continua com as mesmas 24 horas. Nós é que estamos girando mais rapidamente!
Nosso deslumbramento diante de produções da máquina descortina como podemos ser ainda mais manipulados pelas fake news. Elas podem parecer mais reais que a realidade, levando a “pós-verdade” a um patamar em que perdemos a capacidade de diferenciar o real do sintético.
Por exemplo, a Índia acabou de realizar a maior eleição do mundo, em que a IA foi usada nas campanhas de maneira ostensiva e sem regras. Os eleitores interagiam com avatares e hologramas dos candidatos, que diziam a eles o que quisessem ouvir. E muitas dessas pessoas acreditavam que estavam falando com o próprio candidato!
A tecnologia sempre avança! Nosso desafio é aprender a conviver com tudo isso de maneira segura e positiva, sem perder nossa humanidade. Como diz o artesão mexicano José Garcia em “Gen Gen”, mais que criatividade, o que nos torna humanos é a nossa curiosidade, na busca pelo entendimento, para evitarmos os mesmos erros. A atriz brasileira Gina Soares, por sua vez, sugere que “usando todo o poder da nossa curiosidade, a gente consegue direcionar essa revolução para que ela seja um reflexo dos nossos sonhos, dos nossos valores, e definir como o mundo vai ser daqui para frente”.
Devemos escolher se seremos controlados pela tecnologia ou se a usaremos para melhorar o que está a nossa volta, ao invés de destruir. E quem ditará o ritmo e o caminho dessas mudanças não podem ser as máquinas, e sim nossa humanidade.
Façamos bom uso dela!
Assista agora ao filme “Gen Gen” (10’32’’):
Para entender melhor os desdobramentos do uso intenso da Inteligência Artificial Generativa na eleição indiana, e o que podemos aprender com ela, convido você a assistir ao vídeo da minha Pílula de Cultura Digital dessa semana.
Se você prefere saber mais sobre isso em um artigo, leia a minha coluna no Estadão dessa semana: Índia inaugura novo jeito de fazer campanha eleitoral, com apoio da IA.
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6 mGrande reflexão Paulo Fernando Silvestre Jr. 👏😃
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6 mParabéns pelo artigo e pelas "provocações''. Abs
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6 mPaulo Fernando Silvestre Jr. wonderful insights and article Paulo! Happy Tuesday! I appreciate YOU☀️☀️☀️
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6 mFantástico artigo meu amigo Paulo Silvestre Jr.! Você sintetizou de forma clara, sucinta e precisa o grande dilema do nosso tempo, a saber: vamos ter a tecnologia como aliada (consegindo melhorar a qualidade de vida) ou a tecnologia irá tornar se um dos nossos piores pesadelos! A chave como muito bem disseste, está na nossa humanidade, nas qualidades que nos tornam humanos e como tal únicos! Mas temos de ser capazes de selecionar as nossas "boas" qualidades, tais como a curiosidade, o poder da criação, a empatia, o amor, a amizade e deixar de parte as "más" qualidades ! Que brindemos a um admirável mundo novo, em que a humanidade está no centro das preocupações e o amor nos guia!( que bom pensamento, até nos dá esperança num futuro melhor, mais belo)!