O Nada
Eu tenho medo do nada.
Ontem todos tínhamos tantas coisas para fazer, hoje tantos pensamentos na cabeça, amanhã cuidaremos daquilo que faltou fazer, tanto passado, tanto presente, tanto futuro e no final tudo isso se mistura, se enlaça, se amarra, se amordaça, se agride e regride a um só nó no peito, que quanto mais diminui mais aumenta nossa angustia, e quando deixamos, ele diminui até o nada.
O vazio que nos consome nos preenche de tal modo que não há espaço para amar aqueles que deveríamos e deixar que eles nos amem.
A ausência que nos paralisa com tanto barulho que não nos permite mudar, ser melhor. E no fim somos o reflexo das pessoas com quem trabalhamos.
O nada que aumenta na nossa comunidade, na nossa cidade, no nosso país onde todos reclamam de tudo, contudo somente procuram o seu bem e não o bem de todos.
O nada que se alastra pelo planeta do centro de cada vida até a sua morte.
O nada que nos afasta daquele que é seu oposto, o Deus que é, e o que é não pode ser nada.
Não temos mais o silêncio da paz.
Não temos mais a bondade do amor.
Não temos mais a plenitude do espírito.
Temos medo de não ter dinheiro para comprar coisas, de não pagar contas, de não pertencer a algo, de não ser alguém.
Eu tenho medo do nada. O nada mata a alma.