O outro, a premissa chave da comunicação

A comunicação veio muito antes dos meios de comunicação. 

Antes da primeira pintura rupestre, já nos comunicávamos.

Antes da linguagem, da vestimenta, dos pombos correios e também em tempos em que éramos formalmente impedidos, nos comunicávamos. 

Já nos comunicávamos muito antes de teorizarem o esquema “emissor, meio e receptor”, é claro.

Mesmo antes de saber como ou por onde, já nascemos nos comunicando. Num movimento - ou um berro - em direção aos nossos pais. 

Isto porque antes de qualquer meio, existe o interesse no outro.

Existiu sempre o interesse em compartilhar com o outro algum sentido. Uma curiosidade pelo local de fala do outro. Uma necessidade de tecer significados, de conexão, de compreensão a partir do conflito e tensões opostas. 

Como sugere o filósofo, jornalista e teólogo austríaco Martin Buber. “A relação eu-tu é um ato essencial do homem, atitude de encontro entre dois parceiros na confirmação mútua”. Nosso próprio entendimento se constrói a partir da comunicação com o outro, segundo ele.

Como seres gregários, vivemos em grupos para nossa própria sobrevivência. Sempre tivemos redes sociais antes de suas versões virtuais existirem.

Hoje nos parece um enorme esforço passar um dia sem celular, “incomunicáveis”.

Mas já nos comunicávamos, antes de usuários avisarem uns aos outros as rotas com menos trânsito, os melhores locais para comer, ou quais hospedagens mereciam maior nota. Antes das notificações nos avisarem com quem devíamos nos comunicar.

Caminhamos para uma comunicação cada vez mais multidiretional, fluida, informal e atrativa.

Mas é no diálogo e na escuta ativa que fizemos as descobertas que ampliaram nossa visão de mundo. Esses elementos sempre estarão lá, nos permitindo repartir afetos e crenças, compartilhar experiencias e nos solidarizarmos. Nas pontes criadas entre eu e tu.