O papel crucial das empresas na gestão climática
Os investimentos em energia renovável farão do setor elétrico um player imprescindível para inserir o país em uma posição de liderança na nova geopolítica mundial.

O papel crucial das empresas na gestão climática

Artigo produzido para o Broadcast Energia.

A agenda climática se tornou uma das pautas de maior destaque para as grandes empresas e, no mundo inteiro, e, nós, executivos, trabalhamos estratégias sob a ótica do desafio de unir negócios e responsabilidade social. Diante do cenário das mudanças climáticas, governos, setor privado e sociedade civil concordam que é preciso limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5 grau celsius. O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) revelou que o aquecimento global está progredindo mais rápido do que a ciência previu no passado e que todos os esforços até agora têm sido insuficientes. O tempo continua correndo e é cada dia mais urgente acelerarmos as nossas ações e entregarmos mais soluções para atingir esse objetivo. Essa situação desafia o avanço da implementação do Acordo de Paris e da Agenda 2030, que definiu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Além disso, reforça a necessidade de uma ação coletiva transformadora nesta próxima década bem mais efetiva para conseguir reduzir o incremento de temperatura.

Como companhias, precisamos aumentar nossa ambição de lutar contra as mudanças climáticas, monitorando as emissões em toda a nossa cadeia de valor por meio de metas objetivas, mensuráveis e auditáveis. No Brasil, as empresas já vêm adotando medidas para a redução e compensação das emissões de gases do efeito estufa, como a precificação interna de carbono, descarbonização das operações e cadeias de valor, investimentos em tecnologias verdes e estabelecimento de metas corporativas de neutralidade climática com foco em 2030 e 2050.

O mundo empresarial está cada dia mais engajado em diferentes alianças multissetoriais que atuam ativamente em prol de uma agenda mais sustentável e inclusiva, como por exemplo o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável). Os “Empresários pelo Clima” são exemplo disso. A iniciativa, coordenada pela organização, reforça a necessidade de definição político-regulatória que apoie um caminho sustentável, em especial a adoção de regras que possibilitem o desenvolvimento de mercados de carbono voluntários e regulados; e da implementação de ações climáticas concretas por parte das empresas signatárias. Há ainda o Pacto Global da ONU, que congrega mais de 13.000 empresas e 3.000 participantes de outros setores de mais de 160 países, e 70 redes locais, para engajar o setor privado nos Dez Princípios do Pacto e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A Neoenergia participa ativamente dessas coalizões para contribuir com discussões e ações efetivas para a aceleração da transição energética no Brasil. Estamos comprometidos com as principais alianças para engajar o setor privado na agenda climática: CEBDS; Pacto Global da ONU; CEBRI; Instituto E+ (Painel E+). Acreditamos que a integração dos aspectos ESG à estratégia de negócio é o caminho para o crescimento sustentável. Nessa direção, adotamos políticas de desenvolvimento sustentável, tais como: de Gestão Sustentável, Ambiental, Ação Climática e Biodiversidade. Elas são acompanhadas pelo nosso Comitê de Sustentabilidade diretamente ligado ao Conselho de Administração. Com a nossa Política de Ação Climática assumimos o compromisso de reduzir em 50% a nossa emissão de carbono até 2030 rumo à neutralidade em 2050. Já podemos destacar que até o final de 2022, com a entrada em operação de nossos parques eólicos Chafariz, na Paraíba, e Oitis, localizado no Piauí e na Bahia, além do parque fotovoltaico de Luzia, também no sertão da Paraíba, 90% da nossa capacidade instalada será renovável.

Os resultados da Neoenergia estão alinhados aos nortes que a IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês) sinaliza que são necessários para a transição energética para a neutralidade climática do setor. Apesar de o setor elétrico não ser responsável por impactos altamente expressivos (geração de eletricidade contribui com 2% das emissões de carbono no Brasil, trata-se de um elemento chave para a construção de uma economia de baixo carbono e a eletrificação da economia passará justamente por uma transformação, impulsionada por novas tecnologias como por exemplo na área de transporte com a maior eficiência dos motores elétricos frente aos motores a combustão.

Na última década, a energia renovável provou ser não apenas a fonte mais competitiva, mas a que também proporciona a maior criação de valor para a economia como um todo, gerando empregos e desenvolvendo novas tecnologias e preservando o meio ambiente. A estratégia de recuperação da economia com investimentos em energia verde norteia nossos negócios e está no DNA da Neoenergia – há mais de 20 anos investimos nela. Podemos destacar ferramentas e tecnologias que auxiliam neste objetivo comum, como a chegada dos carros elétricos, a digitalização das redes e o desenvolvimento do hidrogênio verde.

As experiencias dos mercados internacionais nos inspiram a traçar metas de um futuro mais limpo, em especial, com o crescimento das fontes eólicas e fotovoltaica, e para atuarmos com mais eficiência. Descobrimos um grande potencial na energia eólica marinha, assim como no hidrogênio verde, importante vetor para acelerar a descarbonização industrial e contribuir para eletrificação dos processos, uma vez que é obtido a partir de fontes renováveis. Ambos estão em fase de estruturação regulatória para que possam ser incorporados no movimento da transformação energética. Soluções como o armazenamento de energia, baterias, usinas híbridas e hidrelétricas reversíveis, da mesma forma, devem estar na pauta do setor.

O futuro é promissor, o Brasil possui uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo e, sem dúvida, esse modelo de desenvolvimento mais sustentável para uma economia de baixo carbono é uma vantagem para nós. No meu entendimento, os investimentos em energia renovável farão do setor elétrico um player imprescindível para inserir o país em uma posição de liderança na nova geopolítica mundial.


Carmem Lúcia Ferreira Carneiro Nogueira Lima

Gestor de SSMA. Especializada em Projetos Sustentáveis e Mudanças Climáticas| UFPR e Engenheira de Segurança do Trabalho | UCAM

3 a

Excelente. Ods 13

Draiton Boldrini

Diretor de Negócios | Vix Logística | Gestão de Operações

3 a

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