O Papel do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais: O Novo Guia da ANPD

O Papel do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais: O Novo Guia da ANPD

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados - ANPD publicou agora em dezembro de 2024 o Guia Orientativo de Atuação do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais. Este documento é uma extensão da Resolução CD/ANPD nº 18, de 16 de julho de 2024, e tem como objetivo detalhar as responsabilidades e práticas recomendadas para o Encarregado de Dados Pessoais - EDP, também conhecido como Data Protection Officer - DPO.

Empresas que negligenciam a importância da conformidade com a LGPD não apenas colocam em risco suas finanças, mas também sua reputação e continuidade operacional, e o Encarregado pode ser responsabilizado civil e criminalmente.

Principais Pontos de Atenção

No novo Guia Orientativo de Atuação do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais publicado pela ANPD, diversos aspectos foram destacados como cruciais para a atuação adequada do encarregado de dados. Esses pontos são fundamentais para garantir a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD e a segurança das informações pessoais tratadas pelas organizações.

  1. Indicação do Encarregado: A nomeação do encarregado é um dos primeiros passos críticos. A ANPD destaca que essa indicação deve ser formalizada e que o encarregado deve possuir não apenas conhecimento técnico, mas também experiência no campo de proteção de dados.
  2. Formação e Capacitação: A formação contínua do encarregado é essencial. O guia recomenda que esses profissionais estejam sempre atualizados com as últimas normativas e práticas de proteção de dados, garantindo que a empresa siga as melhores práticas de mercado.
  3. Atribuições e Responsabilidades: O encarregado tem diversas responsabilidades, como orientar funcionários sobre práticas de proteção de dados e implementar medidas de segurança. Também é o ponto de contato principal entre a organização e a ANPD, o que exige uma comunicação clara e eficiente.

Ainda neste ponto, de acordo com a Resolução CD/ANPD nº 2, que "isenta" as micro e pequenas empresas, entre outras, de nomearem um Encarregado de Dados Pessoais, a necessidade de nomeação depende do volume de dados tratados, e o nível de risco associado ao tratamento de dados pela organização. Empresas que realizam tratamentos de dados de alto volume, ou de alto risco, são obrigadas a nomear um encarregado, como por exemplo empresas que lidam com dados sensíveis ou que realizam tratamentos em larga escala.

Os pontos de atenção destacados no guia da ANPD reforçam a importância de um encarregado bem preparado e capacitado. Seguir essas diretrizes ajuda as organizações a garantir a proteção adequada dos dados pessoais, mitigando riscos e evitando sanções. A escolha de um encarregado competente é, portanto, um investimento vital para a conformidade e a segurança da informação.

Riscos e Punições

A conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD é crucial para todas as organizações que lidam com dados pessoais. O descumprimento das normas estabelecidas pela ANPD pode resultar em severas consequências, tanto financeiras quanto reputacionais. O guia da ANPD destaca os principais riscos e punições associados à falta de conformidade, reforçando a importância de seguir as melhores práticas de proteção de dados, como:

  1. Multas Pesadas: Empresas podem ser sujeitas a multas que podem chegar a 2% do faturamento da empresa, limitadas a um teto de R$ 50 milhões por infração.
  2. Danos Reputacionais: A divulgação de falhas na proteção de dados pode comprometer a imagem da empresa e resultar na perda de confiança por parte dos clientes.
  3. Ações Judiciais: As vítimas de vazamentos ou uso indevido de dados podem entrar com ações judiciais contra a empresa, gerando custos adicionais e complicações legais.
  4. Suspensão das Atividades: Em casos extremos, a ANPD pode determinar a suspensão parcial ou total das operações relacionadas ao tratamento de dados pessoais da empresa até a regularização das práticas.

Além destas penalidades previstas para as empresas, o Encarregado de Dados Pessoais pode enfrentar sanções conforme outras legislações brasileiras. Algumas dessas sanções incluem:

  1. Código de Defesa do Consumidor: O Encarregado pode ser responsabilizado por práticas que violem os direitos do consumidor, resultando em multas e a obrigação de reparar os danos causados.
  2. Código Penal: Em casos de violação grave de dados pessoais, o Encarregado pode ser processado por crimes como estelionato, fraude ou invasão de privacidade, podendo resultar em penas de prisão.
  3. Lei de Direitos Autorais: Se o tratamento de dados pessoais envolver a violação de direitos autorais, o Encarregado pode ser responsabilizado por danos morais e materiais.
  4. Lei de Responsabilidade Civil: O Encarregado pode ser responsabilizado civilmente por danos causados a terceiros devido à má gestão de dados pessoais.

Os riscos e punições descritos no guia da ANPD, e possíveis punições previstas ao Encarregado de Dados Pessoais nas demais legislações, ressaltam a necessidade de uma abordagem rigorosa e proativa na proteção de dados pessoais. Empresas que negligenciam a importância da conformidade com a LGPD não apenas colocam em risco suas finanças, mas também sua reputação e continuidade operacional, e o Encarregado pode ser responsabilizado civil e criminalmente. Portanto, é imperativo que as organizações invistam na capacitação de seus encarregados e na implementação de medidas de segurança robustas para mitigar riscos e evitar sanções severas.

Importância de um Encarregado Experiente

A proteção de dados pessoais é um tema cada vez mais relevante e complexo no cenário atual, principalmente com a vigência das Leis de Proteção de Dados no Brasil e no mundo, bem como, legislações complementares e/ou que, de alguma forma, inferem na proteção dos dados pessoais. Nesse contexto, o papel do Encarregado de Dados Pessoais - EDP, ou Data Protection Officer - DPO, tornou-se central para a conformidade das organizações com as normas de privacidade. Escolher um encarregado experiente não é apenas uma exigência legal, mas uma necessidade estratégica para mitigar riscos e garantir a eficácia na gestão de dados pessoais. Alguns pontos a serem considerados são:

  1. Conhecimento Profundo das Leis de Proteção de Dados Pessoais: Um encarregado experiente possui um entendimento detalhado das regulamentações e pode interpretar e aplicar as legislações de maneira eficaz, garantindo que a empresa esteja em conformidade.
  2. Capacidade de Identificação de Riscos: Com a experiência, vem a habilidade de identificar potenciais riscos de segurança e privacidade, permitindo a implementação de medidas preventivas antes que problemas maiores ocorram.
  3. Implementação de Políticas Eficientes: Profissionais experientes são capazes de desenvolver e implementar políticas de proteção de dados que são não apenas conformes, mas também práticas e eficazes no contexto específico da organização.
  4. Mediação e Comunicação: Encarregados experientes têm habilidades de comunicação bem desenvolvidas, essenciais para mediações entre a organização, autoridades, e os titulares dos dados, assegurando que as informações são claras e compreensíveis para todas as partes.
  5. Resolução de Incidentes: Em situações de vazamento de dados ou outros incidentes de segurança, um encarregado experiente está melhor preparado para responder rapidamente e eficazmente, minimizando danos e garantindo uma resolução adequada.

Profissionais qualificados trazem consigo um conjunto valioso de habilidades e conhecimentos que são cruciais para a gestão eficiente dos dados pessoais, desde a identificação de riscos até a implementação de medidas preventivas e resolução de incidentes.

A escolha de um encarregado experiente é crucial para a segurança e conformidade da organização. Esses profissionais trazem uma combinação de conhecimento técnico, habilidades práticas e capacidade de liderança que são indispensáveis para enfrentar os desafios de proteção de dados pessoais. Investir na capacitação e na contratação de um encarregado qualificado não apenas cumpre uma obrigação legal, mas também protege a empresa contra riscos significativos e constrói uma base sólida de confiança com clientes e parceiros.


A publicação do Guia Orientativo de Atuação do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais pela ANPD representa um marco significativo para a proteção de dados pessoais no Brasil. As diretrizes apresentadas no guia reforçam a necessidade de um encarregado capacitado, preparado e experiente para garantir que as organizações cumpram rigorosamente as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD.

A nomeação de um encarregado de dados pessoais é essencial para criar uma ponte de comunicação eficiente entre a empresa, a ANPD e os titulares dos dados, bem como, garantir que as ações de proteção de dados estejam sendo cumpridas. A formação e capacitação contínua desses profissionais asseguram que as melhores práticas e normas sejam seguidas, mitigando riscos associados ao tratamento inadequado dos dados pessoais.

A exposição aos riscos e punições delineados no guia sublinha a importância de uma abordagem proativa e rigorosa na implementação de políticas de proteção de dados. Empresas que negligenciam suas obrigações podem enfrentar consequências financeiras significativas, danos à reputação e ações judiciais, além de sanções específicas previstas em outras legislações brasileiras, como o Código de Defesa do Consumidor e o Código Penal.

Por fim, a importância de um encarregado experiente não pode ser subestimada. Profissionais qualificados trazem consigo um conjunto valioso de habilidades e conhecimentos que são cruciais para a gestão eficiente dos dados pessoais, desde a identificação de riscos até a implementação de medidas preventivas e resolução de incidentes.

Em resumo, o cumprimento das diretrizes da ANPD e a escolha criteriosa de um encarregado experiente são passos indispensáveis para assegurar a proteção dos dados pessoais e a conformidade com a LGPD. Investir na capacitação e nomeação de encarregados qualificados não é apenas uma exigência legal, mas um pilar estratégico para a integridade e sucesso das organizações no cenário atual de crescente preocupação com a privacidade e segurança da informação.

Lucas Muniz

Gestão de TI | Segurança da Informação | Governança de Dados | Transformação Digital | Automação de Processos

2 m

Muito bem abordado o tema meu Irmão Justo e Perfeito. Abraços

Flavio Marques

Auditor de Segurança e DPO (Especialista em Privacidade) Engenheiro de Cibersegurança

2 m

Excelente artigo !

Douglas Lima

Gerente de privacidade e proteção de dados | Data protection officer | GRC

2 m

Excelente análise, ∴ Oerton Fernandes, MSc. O novo Guia Orientativo da ANPD reforça que o Encarregado de Dados Pessoais (DPO) é a espinha dorsal da conformidade com a LGPD. Mais do que um requisito legal, entendo que a escolha de um profissional capacitado é uma decisão estratégica, ele não só mitiga riscos, mas fortalece a confiança dos titulares e cria um diferencial competitivo. O destaque à formação contínua e à capacidade de mediação entre empresa, ANPD e titulares é essencial em um cenário de constante evolução regulatória. Um DPO bem preparado identifica riscos antes que se tornem problemas, implementa políticas robustas e age rapidamente em incidentes. O guia também nos lembra que conformidade não é custo, mas investimento. Empresas que tratam proteção de dados como prioridade colhem os frutos da credibilidade e resiliência organizacional. Parabéns pela contribuição à nossa comunidade. Grande abraço.

Flávia Acciarito Moreira

Pedagoga Empresarial, Compliance Officer- GRC/CDPO/Embaixadora ANACO Brasil 2025-2027 e Membro da ABEA /Perita Grafotécnica/Documentoscopista /Árbitra da Justiça Arbitral/ Radialista e Repórter pela APREM Comunicação.

2 m

Olá Prof.º Oerton, me autoriza publicar sua matéria em meu portal de notícias, Aprem Comunicação lhe dando todos os créditos? Informação de suma importância! Parabéns! www.apremcomunicacao.com.br

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