O papel do investimento corporativo
Corporações ganham relevância de marcado com a capacidade de entregar valor em escala, resultados que se sustentam pela qualidade dos produtos, com aplicação de boas práticas e uso de processos otimizados. Contudo os últimos anos foram tomadas pela Transformação Digital, uma demanda que se tornou um "padrão" entre as corporações, como uma saída para o risco crescente das soluções digitais (e essencialmente inovadoras) que ganham visibilidade em diversos mercados dominados pelas grandes e, até então, não digitais companhias.
O que a transformação digital colocou na mesa?
Fato que as dinâmicas de transformação digital deram visibilidade à demanda reprimida na mudança de comportamentos e base estratégica nas empresas que não nasceram no digital. Mas o que, de fato, se transforma quando colocamos esse tema como pauta estratégia das corporações?
Quando uma corporação inicia uma jornada de transformação, dois fatores são fundamentais para ter como base: (1) A transformação cultural, focando totalmente nas pessoas e nas relações e (2) A transformação mercadológica, colocando as clientes como centro das tomadas de decisão. Portanto o que se torna visível é que o modelo de gestão e desenvolvimento pessoal nas corporações e as estratégias de interação com o mercado são as duas áreas mais afetadas, sendo esses os dois grandes aprendizados das empresas que nascem digitiais.
Go Digital
Cada vez mais empresas surgem com o digital na raiz do produto e das estratégias, boa parte dessas empresas são startups, modelos de negócio que têm crescido, se consolidado e amadurecido em diversos mercados (incluindo os mais tradicionais). Essas empresas podem ser classificadas como "Be Digital", ou seja, empresas que tomam o digital como fator de existência... já imaginou o serviço do Airbnb sem um produto tecnológico?
Ser uma empresa Be Digital vai além de ter produtos digitais na base do negócio, nascer digital implica um novo conjunto de comportamentos e práticas que, até então, não tinham ênfase entre as grandes empresas. Esse conjunto vai desde a utilização de métodos ágeis (já conhecido entre empresas de tecnologia) até a visão de customer development (que ganhou força com o modelo das startups).
As empresas Be Digital impulsionaram o desejo de transformação nas não digitais, criando uma nova classificação de empresas, as "Go Digital". As empresas que não tem o digital como base do negócio, mas precisa dele para se reposicionar, entram em jornada de transformação com objetivo de ter o comportamento e a visão estratégica da Be Digital como parte da rotina.
O momento das startups
Cada vez mais o ambiente é favorável para criação e desenvolvimento de startups, isso tem acontecido pela abertura do mercado às soluções digitais (essencialmente inovadoras). O medo de consumir tais soluções, mesmo que ainda não estejam consolidadas é cada vez menor, o que dá às startups maiores oportunidades de venda, crescimento e amadurecimento.
Os números não podem ser descartados, mesmo com um ano de pandemia (texto escrito no dia 25 de Março de 2021) o surgimento, crescimento e consolidação de startups no Brasil segue de forma positiva. Essa capacidade de crescer e gerar resultados relevantes é reflexo das boas oportunidades por trás de modelos baseados em soluções digitais.
Startups, e sua dinâmica de crescimento em ambientes complexos, têm capacidade de adaptação rápida. Isso significa que, mesmo cercada de riscos, essas empresas conseguem mudar suas estratégias, produto, relações e até o mercado... tudo para se manter ativa e operacional, dinâmica que é lenta e potencialmente complexa em grandes empresas.
O momento das startups é de amadurecimento, de aprendizado e de [muitas] conexões. Nunca houve um volume tão grande de capital de risco, desde o investimento anjo até fundos internacionais de olho (e atuando) no Brasil. O reflexo disso está nos casos mais recentes como o da Loft que fez a maior captação da história entre as startups nacionais, e tantos outros casos de empresas que estão dando grandes saltos após captações estratégicas.
O que conecta as corporações das startups?
O que motiva uma corporação consolidada criar conexões com startups, estruturas em desenvolvimento com alto risco associado? Olhando rápido essa parece ser uma conexão perigosa para as corporações, mas a prática tem mostrado que são muitas as oportunidades associadas.
Um dos pilares em todo processo de transformação digital é a inovação corporativa, frente que não pode ser entendida apenas como um novo processo para criação de soluções com algum grau de inovação e capacidade de resolver problemas internos. A frente de inovação tem, ao menos, três aspectos que demandam tempo e dedicação para gerar resultados relevantes.
Os aspectos que nos interessam aqui são (1) a inovação de fora para dentro, ou seja, o que tem acontecido fora da corporação e que pode gerar impacto positivo interno e (2) a inovação de fora para fora, com as oportunidades de negócio que podem criar um novo portfólio de investimento corporativo fora do seu core business.
Inovação de fora para dentro
O processo de transformação digital tem um fator comum entre as corporações, ele dá visibilidade às questões internas podem ser resolvidas com maior eficiência se utilizar soluções digitais. Quando essas questões são identificadas, há um ponto de decisão fundamental: Construir ou adquirir soluções?
Quando as corporações decidem criar todas as soluções necessárias para resolver problemas internos, deixam de lado um aspecto fundamental da frente de inovação, o de criar inovação dentro para fora... sim, as corporações tem capacidade de "produtizar" algumas das suas soluções e as lançarem no mercado, contudo quando o desenvolvimento é destinado a criar soluções para problemas internos essa oportunidade é perdida.
Adquirir, como fornecedor, soluções que já estão no mercado e tem capacidade de resolver questões internas é o caminho que tem se mostrado mais efetivo no médio e longo prazos, dai vem a observação das startups, cujas soluções encaixam bem com as demandas. Mas para que essa conexão de serviços aconteça é preciso redesenhar todo o processo de aquisição, considerando que esse tipo de empresa não tem a mesma robustez, governança e processos de gestão das grandes... é balancear: de um lado a alta capacidade de resolução de problemas vs. a baixa maturidade gerencial.
Corporações que conseguem ter startups como fornecedoras aumentam, potencialmente, a qualidade das suas ações, uma vez que a inovação externa interfere positivamente nas atividades internas.
Inovação de fora para fora
Olhar para o mercado de startups vai muito além de buscar soluções que se conectem com demandas internar, o mercado de startups tem potencial de fazer as corporações expandirem seus interesses de investimento e diversificação de portfólio.
Mas diversificar o portfólio de negócios demanda mudanças internas, caso contrário, será uma relação fadada ao fracasso. Há diversos caso de corporações que saíram investindo em startups, sem uma estratégia clara ou estrutura bem definida e, além de uma relação penosa, os resultados foram aquém do potencial que havia por trás dessa relação.
Hoje, o volume de Corporate Venture Capital no Brasil é impressionante, o que mostra o interesse das corporações em estar conectadas com startups. Segundo pesquisa da Distrito, 74% dos investimentos corporativos foram investimento de pré-seed e seed em startups early stages. Os modelos negócios B2B são a maioria investida, representando 54,9% do volume investido.
Os investimentos corporativos em startups são registrados no Brasil desde 2011, ano onde 4 startups receberam aportes desse tipo. Volume que vem aumentando ano após ano e, em 2020 (mesmo com a pandemia da COVID-19) houveram 100 investimentos corporativos, em 10 mercados distintos.
Mesmo olhando para startups early stage, cerca de 85% de todas as investidas, muito dos investimentos corporativos ainda são feitos com objetivo de absorver a solução. Três corporações se destacam no número de startups adquiridas, o Magazine Luiza, a Sapore e a XP.
Por que corporações deveriam começar investir em startups?
O investimento corporativo em startups, diferente das estratégias tradicionais, não são pautados apenas pelo retorno financeiro projetado. Ter um conjunto de startups investidas é se colocar como braço de apoio ao fortalecimento das soluções em prol de impactar ainda mais o mercado que atuam.
Começar a investir em startups demanda tempo, estrutura, know-how, relacionamento e estratégias bem definidas... o que muitas vezes não está disponível no ambiente corporativo, por isso acredito no modelo que criamos no Grupo Ser Educacional e hoje, onde nossa estratégia de investimento é através da aceleradora Overdrives que fundei quando entrei no grupo.
O modelo da Overdrives consiste em investir e acompanhar o desenvolvimento de startups nacionais em fase inicial que são consideradas boas oportunidades de negócio, mesmo que não estejam ligadas ao nosso core business. Essa estratégia hoje nos permite conectar com corporações de outros seguimentos, como o Grupo JCPM, como co-investidores nas turmas aceleradas.
A Overdrives pode ser vista pelas corporações como um aliado estratégico para identificar, se conectar, investir e acompanhar o desenvolvimento de startups. Não como um prestador de serviço, mas como co-investidor com know how nesse contexto e que entra para dividir o risco.
Hoje temos 16 startups investidas, com modelos distintos, o que nos permite estar conectar com diversos mercados através de soluções digitais inovadoras. Se você faz parte de uma corporação e vê nas startups uma boa oportunidade de investimento, fala comigo, posso te ajudar a chegar na melhor estratégia.