O PAPEL DO LÍDER EM UMA CULTURA CRIATIVA
Nos últimos tempos muito tem se falado em culturas criativas e ambientes de trabalho inspiradores, mas pouco tem se ouvido falar sobre a interação entre as pessoas e o papel das lideranças nestes ambientes.
Façamos o seguinte exercício: imaginemos 04 pessoas de diferentes gerações interagindo em um mesmo ambiente e pensemos se as conversas e interações acontecerão de forma orgânica e sintonizada. Difícil imaginar, não é mesmo?
Pois é exatamente assim que muitos ambientes de trabalho estão vivendo. Baby boomer, geração X, Y e Z estão coexistindo de forma dessintonizada, beirando a superficialidade. Cabe aos líderes, então, a sensibilidade sobre as diferenças e o papel de integrar e otimizar equipes e estratégias corporativas.
Para Ed Catmull (2014)*, um dos fundadores e líderes da Pixar (aquele famoso estúdio de animação que produz filmes como Toy Story), conseguir as pessoas e a química certa é mais importante do que conseguir a ideia certa.
Segundo Ed, precisamos confiar em pessoas e não em processos, pois eles não passam de ferramentas. Descobrir como incorporar uma cultura que leve a sério, de fato, coisas como honestidade, excelência, comunicação e originalidade é um trabalho de todos os dias, todo o tempo.
Nesse contexto torna-se cada vez mais importante o papel dos líderes. Cada vez mais as corporações precisam saber o que se espera de um líder, tanto sob o ponto de vista do mercado como sob o ponto de vista de suas equipes.
Em estudo qualitativo realizado pelo IPO com grupos de líderes gaúchos verificou-se que o desafio de um líder é ter a capacidade de estabelecer um bom relacionamento com a equipe, com os clientes e a consciência das suas próprias atitudes, criando uma atmosfera de aprovação e segurança. A pesquisa identificou que a confiança é o atributo mais importante em um executivo. Todos os demais atributos se conectam através da “percepção de confiança”, da capacidade de estabelecer uma relação confiável com os liderados e com o mercado, de ser exemplo, referência de honestidade, integridade e transparência.
Nesse sentido, observou-se que para estabelecer a percepção de confiança, o líder precisa de atitude – termo contextualizado como coragem por 70% dos entrevistados. Aqui, o termo coragem pode ser interpretado por três logicas: capacidade do líder de enfrentar os desafios do mercado, de manter a gestão atualizada e ter atitude para inovar diante destes desafios.
Líderes bem-sucedidos são aqueles com a capacidade de inspirar e estimular nos seus colaboradores o que neles há de melhor. São aqueles que aceitam que seus modelos podem estar errados ou incompletos e entendem que as transformações são feitas de forma coletiva.
Mais do que nunca é preciso estimular habilidades e integrar pessoas, entendendo que, independentemente de gerações ou tecnologias, todos podemos construir culturas criativas e repletas de possibilidades.
*Catmull, Ed. Criatividade S.A. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Rocco, 2014.