O Para Sempre que não existe

Essa coisa que assombra a gente. Que angustia e coloca a ansiedade como convidada de honra no meio do nosso estômago em chamas.

Nada de serenidade, respiração profunda ou semblante refletindo a paz: o Para Sempre é um punhado de vento e água que a gente jura que consegue segurar bem firme com as duas mãos. 

Engano.
Desespero.
Aflição. 

O que nos leva a noites de insônia, gastrites nervosas e crises de ciúme/raiva/cólera/[insira aqui sua moléstia], é, no fundo, a falsa crença de que, por um momento, o Para Sempre existe.

Mentira.
Balela.
Enganação. 

Até porque, o Agora já é o Sempre. E o que é o Para Sempre, senão uma sucessão de Agoras? 

Pensa comigo: o que te faz morrer de medo no trabalho?

O que de pior pode acontecer?

Quando faço essa pergunta em grupos ou em atendimentos de coaching, a resposta predominante é "ser demitido", sem variações.

Mães e pais de família têm esse pavor. Jovens de 20 anos também. Gerentes de trinta e poucos. Estagiários. Diretores. 

Aí eu emendo no "mas vc quer ficar nesse lugar Para Sempre?".

Silêncio.
Dúvida.
Vastidão. 

O Para Sempre, pra mim, é um lugar que você habita em você mesmo.

Você é Para Sempre seu, sua, de própria propriedade proprietária.

Você estará sempre aí, com você, onde quer que você esteja.

Qualquer outra coisa - um emprego, empresa, companheiros ou relações - nada é Para Sempre. Nem filho. Nem as suas vontades. Nem o seu pensar.

Nem o seu querer. 

Então o que pode estar errado?O que pode dar errado?

Caminho.
Escolhas.
Inanição. 

Às vezes, é preciso matar de fome quem faz você acreditar que o Para Sempre é moeda de pôr no bolso.

E acreditar que trabalhar é ótimo, mas que, bom mesmo, é se preparar com estudo e vivência.

É se reconciliar com o mistério e abrir mão desse controle impossível. 

E, então, viver feliz Para Sempre. 

Ana Gomes é Head de Recursos Humanos para América do Sul na Solera e empreende por meio da Educação, com processos de coaching e formação de líderes. Mais em www.simplificarparaliderar.com