O PARADOXO DA TECNOLOGIA
Estamos vivendo um estágio bastante interessante pois experimentamos um momento de profundas transformações. Não é um momento único, uma vez que a humanidade já passou – e a história nos revela isso - por outros ciclos de mudanças, ou, se preferirem, por outros “apocalipses”.
Vivemos agora, justamente, um momento em que se fala de um novo apocalipse provocado pela tecnologia, em especial pelos robôs e pelo desenvolvimento da inteligência artificial.
As informações são alarmantes: profissões que deixarão de existir, formações oferecidas pelas universidades que serão ineficazes daqui a muito pouco tempo, um exército de desempregados, entre outros cenários apocalípticos.
Um dos porta-vozes dessa visão alarmista é pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo partido Democrata, Andrew Yang, que prevê uma calamidade social com a destruição de milhões de empregos. Numa matéria publicada pelo “The New York Times”, Young diz que o impacto social causado pela redução dos empregos será tão dramático quanto aos danos causados pela grande depressão.
De fato, a mídia vem listando – de uma forma até irresponsável – sobre as profissões que deixarão de existir em poucos anos, que vão desde anestesistas até pilotos de avião. Para os participantes do “Mobile World Congress”, que aconteceu em Barcelona e foi encerrado na última quinta-feira, 01/03, nenhuma atividade ficará de fora dos avanços nos campos da robótica e da inteligência artificial, mas, trazendo uma visão mais otimista, as novas vagas criadas serão superiores aos empregos destruídos. Por enquanto, fiquemos com a informação do estudo da Consultoria McKinsey & Co, realizado no ano passado, concluindo que um terço dos empregos dos EUA desaparecerão até 2030.
Com todas essas previsões – e profusões de algoritmos -, a tecnologia nos coloca diante de um novo paradoxo: o avanço tecnológico nos dá a chance de aprimorarmos nossas capacidades humanas, deixando para os algoritmos as tarefas que exigem precisão e rapidez. Aliás, o escritor Rubem Alves deu uma interpretação ao poema de Fernando Pessoa, “Navegar é Preciso”, que cabe muito bem a essa reflexão: “Navegar é preciso” – ou seja, necessita de precisão (bússolas, mapas, sonares...); “Viver não é preciso”: a vida – existencialmente e biologicamente – não conta com essa precisão.
Nesse cenário, a humanidade deverá tomar o seu lugar, estabelecendo os parâmetros e até os limites da inteligência artificial. Temos experiências recentes onde duas gigantes, Microsoft e Google, tiveram problemas éticos quando suas ferramentas apresentaram um “comportamento” xenófobo, machista e racista. Ética e moral – essencialmente humanas – deverão balizar esse tipo de comportamento e, quem sabe, no futuro, teremos estudos no campo da “robética”, que seria a ética da robótica.
O bilionário norte-americano e que ganhou dinheiro com tecnologia, Mark Cuban, aconselha o estudo da filosofia para permanecer competitivo nesse momento de transição. Para ele, é preciso saber “pensar de maneira ampla”, vendo as coisas através do “pensamento crítico” e avaliar os problemas sob uma “perspectiva global”. Cuban considera que essa capacidade de utilizar o pensamento crítico será mais valorizada do que a atividade de programador, uma vez que a inteligência artificial será capaz de se auto programar.
Temos muitas possibilidades no campo das artes, da cultura, da educação (não confundir com transmissão de conteúdos somente), da ética, , da psicologia, da hermenêutica e das demais coisas que nos fazem humanos, demasiado humanos e que algoritmo nenhum é capaz de prever ou substituir.
Supervisora de Operações/Logística
6 aPerfeito!!!