O Pensamento Estratégico e a última fronteira da produtividade.
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O Pensamento Estratégico e a última fronteira da produtividade.

Prezados, chegamos ao último artigo desta série de três que tratam do Pensamento Estratégico como ferramenta preponderante para que sua organização tenha efetividade mesmo em tempos de crise.

Em meu artigo anterior desenvolvo as várias características dos Valores e provoco a reflexão em relação a influência destes Valores em sua organização. Vamos ao último deles:
• Valores Acidentais: Já são evidentes em uma organização e surgiram sem intenção. O fato é que nas empresas tendências e comportamentos se desenvolvem ao longo do tempo se transformando em Valores que nem sempre são bons para organização, pois podem limitar surgimento de novas ideias e novos perfis de pessoas na sua empresa. As lideranças precisam estar atentas em relação a se estes Valores são benéficos ou não para o Negócio e, em caso negativo, não permitir que criem aderência.
Um bom exemplo para que você exercite a percepção em relação a isto é refletir como sua empresa contrata seus profissionais. Os critérios de contratação estão atrelados ao Negócio e seus Valores Centrais ou a preferências pessoais e em ter na organização pessoas “mais fáceis de lidar” ?                                                      Existe ainda a armadilha de a empresa formar uma “tribo” e limitar o processo de contratação a pessoas que tenham as mesmas formas de ser e pensar desta “tribo”. Exemplo: só pessoas com boa aparência, só pessoas que tenham um padrão de se vestir, com formação acadêmica equivalente, com hábitos sociais iguais, que sejam introvertidos, etc. Isso limita o universo da organização pois é da diversidade que muitas vezes saem melhorias no ambiente e desempenho organizacional. Insisto que para evitar esta armadilha os Valores Acidentais precisam ser postos à prova em relação a definição do Negócio e seus Valores Centrais para, aí sim, serem identificados como benéficos em uma organização.

Não acredite que a aderência dos Valores se dará apenas com uma boa comunicação e quadros pendurados na parede. É preciso trabalhar de forma absolutamente consciente, ou seja, fazendo a gestão de três fases:
Fase 1: Onde todas as lideranças dão o exemplo de conduta condizente com os Valores e são responsáveis de verificar se seus colaboradores os seguem. Precisam falar constantemente sobre eles e dar feedback claro e imediato sobre os eventuais desvios na conduta. Ou seja, depende do compromisso e esforço diário da liderança neste desenvolvimento.
Fase 2: Essa é a fase em que cada colaborador individualmente já tem sua conduta diária norteada pelos Valores da organização.
Fase 3: Aqui os colaboradores não tem apenas sua rotina pessoal diária norteada pelos Valores, eles também trocam feedbacks com seus colegas quando existem desvios de conduta.

Como tudo isso, descrito até agora em relação aos Valores, impacta a sua empresa? Precisamos começar descontruindo a percepção de que o maior ativo em uma organização são o conjunto de seu imóveis, máquinas, software, etc. Uma empresa é um organismo vivo e não são paredes e equipamentos que podem ser comprados: são as pessoas o maior ativo na sua organização. Aposto que o leitor está pensando exatamente agora que, como diria Nelson Rodrigues, isso é o “óbvio ululante...”, mas acredite, nem sempre o é.
Peter Drucker registrou em um de seus célebres artigos que a “última fronteira da produtividade são as pessoas” e ter pessoas em sua organização que se identificam com seu Negócio e comungam dos Valores faz absolutamente toda a diferença na produtividade em sua organização.
Por isso, é muito importante ter o Pensamento Estratégico bem definido e comunicado com clareza não só internamente, mas para o mercado. Afinal, muitos talentos só se sentirão atraídos para trabalhar em sua empresa se se identificarem com estas questões. Precisamos aceitar o fato de que cada vez mais a contratação de um colaborador se torna uma via de mão dupla. Explico: não é mais apenas a empresa que contrata, a pessoa também precisa contratar a empresa!
Já pensou sobre isto? Já teve a sensação de que em muitas entrevistas, em determinado momento, o candidato à vaga é que esta entrevistando para saber se a empresa será um bom lugar para ele trabalhar?

Cuidar de gente passou a ser assunto estratégico nas organizações. E não pense que isso é coisa de grandes empresas que desenvolveram uma área de Recursos Humanos, pessoas são estratégicas para empresas de qualquer segmento e tamanho. Penso que talvez sejam ainda mais relevantes para empresas de menor porte, pois as grandes organizações tem maior inércia e podem absorver prejuizos relativos a uma ou mais contratações mal feitas. Se sua empresa é de médio ou pequeno porte, você lembra de um eventual caso ou mesmo de casos em que contratações inadequadas geraram despesas e ou prejuízos para seu Negócio?

Por tudo que descrevi nestes três artigos é que tenho uma creça inabalável que uma empresa precisa desenvolver mecanismos de recrutamento e seleção para encontrar pessoas com habilidades técnicas e comportamentais que estejam extremamente identificadas com o Negócio, Visão, Missão e Valores da sua organização. Agora, isso não é o suficiente para garantir uma maior chance de contribuição desta pessoa para o sucesso da sua empresa, você precisa desenvolver uma sitemática para as seguintes questões:

• Contratar a pessoa certa não basta, ela precisa se sentir no lugar certo. Ela tem se sentir “abraçada” e confirmar que veio trabalhar na empresa que lhe foi vendida. Ainda vale aquela velha máxima: A primeira impressão é a que fica! Sendo assim, tenha um bom processo de integração que leve em conta primeiro o conhecimento da empresa, sua história, seus departamentos, como ela funciona, para depois ser integrada ao seu setor. Precisamos acabar com essa bobagem (desculpem a veemência) das pessoas, principalmente lideranças, serem muito ocupadas e só receberem o novo colaborador com um “seja bem vindo e sucesso”. É necessário dedicar tempo para conversar com o novo colaborador, falar como as coisas acontecem no setor, qual os aspectos culturais relevantes no dia a dia da empresa, etc. Se dedicar tempo para isso não valer a pena, de que vale então todo o esforço do recrutamento e seleção?

• As pessoas só sabem o que estão acostumados a fazer e não aquilo que seu cargo sugere que saibam! Logo, ter desenvolvido uma boa sistemática de treinamento é muito importante para contribuir não só com aspectos técnicos em relação ao seu trabalho, como também para desenvolver sua aderência ao Pensamento Estratégico da empresa. Não cometa o erro de “jogar o colaborador na fogueira” logo nos primeiros dias. O investimento em treinamento tem retorno certo no bem estar do funcionário, em alcançar sua melhor produtividade no prazo mais curto, em evitar acidentes, prejuízos, mal intendidos internos e com clientes.

Em linhas gerais a definição do Pensamento Estratégio vai possibilitar a todos que já trabalham na organização saber qual é o negócio da empresa, onde ela está indo, o que fazer para chegar lá e como se comportar durante esse caminho. Isso por sí só, já contribui com o alinhamento dos esforços e provoca um grande aumento de produtividade! A clareza desses posicionamentos para o mercado vão, ao longo do tempo, diferenciando a empresa, atraindo e retendo talentos. Assim, será reforçado o ciclo virtuoso do sucesso e a possibilidade de que sua empresa fique cada vez menos vulnerável as crises.

Crise ou oportunidade? Você é quem decide!

Até o próximo encontro e sucesso!

Jorge Biancamano
Sócio diretor da Biancamano & Associados
Planejamento Estratégico e Marketing.

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