O peso de parecer ser foda o tempo todo
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O peso de parecer ser foda o tempo todo

Me desculpem o desabafo no título. Minha intenção não é conduzir a leitura com expressões do tipo. Meu ponto é outro. Há pouco fomos surpreendidos com a notícia em que envolveu o então recém nomeado Ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva, sob uma série de acusações que apontam indícios de plágio e fraude em sua vida acadêmica. Vejam, não irei tecer sobre como isso beneficia ou prejudica nosso governo. Quero apontar para o comportamento que busca refúgio em títulos ou status, mesmo inventados ou não concluídos, que possam assim validar sua autoridade, influência ou mérito.

Ha alguns anos desenvolvi um projeto de pesquisa pela FAC UFRJ onde abordei os contrapontos entre o excesso de confiança e a auto sabotagem causado pela sua escassez. Existem algumas definições e estudos psicodinamicos que podem trazer um pouco de luz sobre posturas como a do caso em questão. Os pesquisadores norte americanos Justin Kruger e David Dunning, à época investigadores da Universidade de Cornell, identificaram um comportamento que foi então batizado como Efeito Kruger-Dunning.

O efeito Dunning-Kruger é um fenômeno que leva indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto a acreditarem saber mais que outros mais bem-preparados, fazendo com que tomem decisões erradas e cheguem a resultados indevidos; é a sua incompetência que restringe sua capacidade de reconhecer os próprios erros. Estas pessoas sofrem de superioridade ilusória. O oposto a este comportamento chama-se Síndrome do Impostor, porém, não falei deste comportamento no momento.

É curioso que mesmo em dias digitais ainda tenhamos um crescente número de indivíduos que se deixam levar pela ilusão de parecerem ser algo que não o são. Atitudes rasas jogam por descrédito aquilo que por anos levamos para construir, não importando com isso se essa construção foi algo grande ou pequeno aos seus olhos.

O que o episódio me revela é que ainda sobre pobres em reconhecer nossas limitações e ricos em esnobar nossas falsas aparências. Há nobreza em reconhecer que não sabemos tudo. Há grandeza em notar que o abismo entre O Conhecimento e meu conhecimento real é imensurável. Há nobreza quando reconheço ser limitado mas disposto a aprender. Há nobreza em pedir ajuda quando uma tarefa se revela acima de suas atuais capacidades.

Eu as vezes gaguejo, falo rápido demais, demoro para decidir e até procrastino. Porém, não me considero menor a ponto de me travesti com uma casca social. Me apresento com o que tenho e ponto final. Não devemos usar um avatar para parecer sermos maiores do que de fato somos. Assuma seu tamanho. Ele não se mede pela sua altura ou currículo. Muito menos pelo número de conexões no LinkedIn. Fuja da tentação de parecer ser a todo tempo inteligente, persuasivo ou influencer. O peso de parecer ser foda o tempo todo, é foda.

Jayro Felix

CEO e Treinador Comportamental no Instituto Start - Life and Professional Coach - Palestrante Internacional - Master em PNL - Psicologia Organizacional - MBA UFRJ Liderança e Gestão.

4 a

Valeu pela reação Eduardo Galvão

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