O peso de um Feedback negativo
Era uma vez, uma garota chamada Valeria.
Criada em uma bolha reluzente pelos pais, proletariados da base econômica que cumpriam seu papel com perfeição.
Ao crescer Valeria não se deparou com guerras, crises econômicas não a atingiam, o valor da gasolina e as greves eram devaneios da televisão.
Mesmo com uma renda menor do que seu sonho, Valeria seguia firme vivendo muito bem entre um transporte público e outro. Firme o suficiente para se arriscar no mundo do empreendedorismo e romper a sua bolha, mas apenas um pouco.
Atrás de confusão, a garota agarrou a vida adulta como qualquer brasileiro médio faria. Estudou onde dava, trabalhou porque precisava e se apaixonou sempre que podia.
A bolha se rompia ainda mais, a realidade já tomava conta e o caos crescia. Valeria recebia: nãos, insultos e até repreensões. O mundo parecia desmoronar para a garota se não fosse a sua maneira de receber más notícias.
A solução nada agradável veio, a cada crítica uma desculpa e a cada desculpa uma negação. O que mais a pobre garota poderia fazer? Abraçar seus defeitos, aceitá-los e melhorar? Ou repudiá-los, se fechar a notícias e evitar ao máximo a evolução?
Uma bolha perfeita se transformou em outra nada perfeita, mas agradável e minimamente útil, onde essa garota poderia ir e vir sem muitos prejuízos e alcançar lugares que já ultrapassavam a da antiga geração familiar. Conforto mínimo e crescimento desacelerado! O que mais poderíamos querer?
Crescer é isso, se decepcionar com o mundo e mais ainda com você mesmo. É se informar e deixar o desespero tomar conta. É odiar algumas pessoas e amar outras. Receber um não e ficar bravo, receber um sim e não ficar completamente feliz, já que poderia ganhar mais, segundo sua própria imaginação.
Mas o que fazemos com as críticas durante esse processo? Desviamos das pedras ou fazemos um castelo?
Construir um castelo com feridas abertas não parece tão apropriado como dizem...
Eu sempre busquei olhar para mim. Tanto em análise, quanto nos processos da vida. Mas engano meu achar que esse olhar era profundo.
Eu estou no mercado a algum tempo, pouco para alguns e muito para outros, depende de quem lê e de onde lê.
Recebi várias críticas sobre o meu trabalho e várias outras sobre a minha aparência. O que eu fiz com elas?
Evolui!
Mas somente na imagem externa.
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Eu exalo confiança, converse comigo 5 minutos e você vai achar que problemas de autoestima estão ultrapassados. A minha confiança criou uma casca que fez muitas pessoas pensarem 2 a 3 vezes antes de comentar algo sobre mim.
Eu cresci forte, mas cresci sem humildade.
Hoje foi a primeira vez que eu recebi um feedback negativo totalmente direto sobre características minhas que eu sabia que existiam mas transformava isso em uma desculpa clássica - "Esse é o meu jeitinho"
Jeitinho esse, que pode causar desconforto, danos a colegas e o pior (para mim) estagnação.
Hoje falaram do meu sarcasmo, egoísmo e falta de transparência.
Não, não ache que esse texto é para construir uma ideia de que não fiquei mal e "vamos lá" "vamos vencer".
Poxa, eu li e tive uma mistura de sentimentos.
Fiquei feliz por encontrar alguém que me falaria a verdade na lata, e fiquei triste por saber que teria que mudar, e isso dá muito trabalho.
Todos esses anos eu descobri quem sou eu, mas me esqueci totalmente de quem eu pareço ser.
A Valeria frágil e carinhosa está aqui comigo, mas para o outro eu entrego o que?
Feedbacks negativos sobre algo que você é faz doer sim. Ué, e pode ser diferente?
Esse texto não é uma dica de como fazer, é uma reflexão.
As pessoas ao seu lado tem coragem de te dizer o que pensam?
E você? Tem coragem de enfrentar quem você é para o outro?
Ah... no conto de fadas ali de cima deu tudo certo sim. A princesa segue fazendo terapia, casou e vive um feliz para sempre, reavaliando o sempre. Ela fala com animais que não falam com ela e no seu musical da Disney só toca funk. Ela é uma boa princesa, e uma excelente vilã.
Designer Conversacional no Itaú Unibanco | UX Writer
3 a"Crescer é isso, se decepcionar com o mundo e mais ainda com você mesmo." Que reflexão preciosa, Va. Li e me sinto melhor comigo mesmo, com um orgulho danado de dividir o presente com você e ansioso pelo futuro da nossa parceria. Obrigado!