O PIX e a Convergência Tecnológica na maneira como transferimos dinheiro no Brasil

O PIX e a Convergência Tecnológica na maneira como transferimos dinheiro no Brasil

O Banco Central anunciou no dia 19 de fevereiro de 2020 o PIX, nosso sistema de pagamentos instantâneos, que realizará transferências e pagamentos em menos de 10 segundos e funcionará 24x7x365. O serviço visa diminuir os custos das transações e tornar o mercado mais competitivo, facilitando a entrada de novos players no setor de pagamentos.

No fim, todos sairemos ganhando: as empresas, os intermediadores e, principalmente, os usuários.

O que levou à criação do PIX

Atualmente existem alguns modelos de transferências de dinheiro no Brasil, uns mais usados que outros, como TED (Transferência Eletrônica Disponível), DOC (Documento de de Ordem de Crédito), boletos, cartões de crédito e débito e os cheques (que, no caso, sequer são usados pela Geração Z, por exemplo). Estes serviços possuem custos elevados, demorando, muitas vezes, mais de 48h para serem efetivados. Além disso, 25% da população brasileira é desbancarizada, e parte desse número ser tão alto também se deve às barreiras tecnológicas e financeiras de participar do sistema, com falta de acesso à serviços bancários no interior do País, desinformação, falta de educação financeira e custos elevados para manter uma conta e realizar transferências.

Com o crescimento da oferta de serviços bancários no Brasil, muitos players contornaram os problemas de demora e custos dos nossos sistemas de maneiras bem criativas e cativaram parte da clientela, que se vê atraída por meios de pagamentos baratos e rápidos. A NuBank simplesmente não tem taxas em transferências TED, abrindo o caminho para que outros bancos tradicionais e digitais façam o mesmo. A Ame, PicPay e Mercado Pago oferecem arranjos de pagamento paralelos em suas redes com uso de identificadores próprios e QR Codes, que até podem confundir o usuário pela não convergência tecnológica de seus protocolos, como comentado em um artigo anterior.

Além disso, a nova geração de jovens e adolescentes brasileiros cresce circundada de informações instantâneas e até mesmo transações em tempo real em jogos e aplicativos. Isso só mostra que há necessidade dos sistemas atuais acompanharem a evolução em outros setores.

O Banco Central identificou essas lacunas no serviço financeiro e desenvolveu o PIX, um ecossistema de pagamentos instantâneos brasileiro que será alternativa aos que já temos disponível no SPB (Sistema Brasileiro de Pagamentos). Essa ideia está até mesmo sendo estudada pelos EUA para implementação nos serviços americanos de pagamento, o FedNow.

Como funciona

A ideia é que o PIX possa ser mais uma forma de pagamento disponível para os brasileiros. E a curva de aprendizado é menor do que poderíamos imaginar.

A ideia é que o usuário pagador e o usuário recebedor, sendo estes pessoas físicas ou jurídicas, tenham uma conta em uma instituição financeira, instituição de pagamento ou em uma FinTech. Não precisa ser necessariamente uma conta corrente, podendo abrir espaço para contas de pagamento, muito comuns em serviços como o nosso, da Trampolin.

As transações podem acontecer de três formas:

  • Utilização de chaves ou apelidos que identifique a conta através de nº de celular, CPF, CNPJ ou mesmo um endereço de e-mail.
  • Tecnologias por aproximação, como o NFC.
  • E QR Code, que têm dois modelos: estático e dinâmico. O Estático pode ser utilizado em diversas transações, ele criará o “elo de pagamento” para que o pagador decida o valor que será enviado para o recebedor. Já o Dinâmico servirá para apenas um tipo de transação, mas como ele só servirá para esta transação, poderá, também, conter informações mais detalhas da transação. Vamos explicar sobre essas diferenças nos nossos próximos artigos.

Aqui vem a parte mais legal: o dia e a hora da transação não importarão muito, nem se o solicitante e o recebedor da operação possuem relacionamento com o mesmo banco ou instituição. A liquidação será imediata, ou seja, o recebedor terá, em até 10 segundos, os recursos disponíveis em sua conta.

A Convergência

Essa convergência de protocolos possibilita arranjos interessantíssimos, em que o usuário não precisa necessariamente ter uma conta no sistema bancário, com agência e conta, e pode receber diretamente nas contas de pagamento e em aplicações que a interface o agrade mais.

A disputa pelo usuário se dará num nível muito mais relacionado à qualidade da experiência dele na realização das tarefas financeiras. O usuário não vai mais precisar ficar migrando para outros aplicativos para fazer transferências, seja pelo fato do recebedor ter uma conta apenas no outro aplicativo, ou pelo fato de que realizar uma transferência é mais barato desse ou daquele jeito.

E o dinheiro, antes fragmentado em muitas carteiras, ficará armazenado em um lugar só.

Como e Quando

De acordo com o Banco Central, o PIX estará disponível em novembro de 2020, mas já foram liberadas muitas informações para estudo e as empresas já estão se movimentando para preparar o terreno para as integrações, inclusive a Trampolin.

Todas as instituições financeiras com mais de 500 mil clientes ativos em sua rede serão obrigadas a participar do PIX. As demais que não atingem este número poderão participar de forma facultativa. Isso ajuda a gerar rede, possibilita o usuário escolher por onde quer optar realizar as transferências, aumenta a competitividade no setor, diminui os custos e gera inclusão financeira, tornando todo ecossistema mais eficaz.

O PIX e a Trampolin

O Banco central publicou a lista das primeiras 109 empresas inscritas, e nós da Trampolin estamos participando como uma Fintech no modelo de participante indireto!

Ná prática, o que isso significa? O PIX tem a participação de dois modelos:

  • Diretas: Instituições com titularidade de conta e conexão direta com o Sistema de Pagamentos Instantâneos.
  • Indiretas: Instituições que participarão através do intermédio de um participante direto. As indiretas não possuem uma conta ou conexão direta com o Sistema de Pagamentos Instantâneos.

Ainda tem muitas etapas para que o PIX seja efetivado. As integrações e testes serão coordenados pelo nosso CTO Daniel Ribeiro para que o sistema instantâneo de pagamentos do Banco Central esteja disponível em nossas plataformas. Acompanhe nossa evolução no nosso site e no LinkedIn!

Marcus Vinicius Freire OLY

Sócio Fundador da Play9, Board Member, Palestras, Mentorias e Consultorias

4 a

Boa rapaziada Lucca Freire Ótimo artigo Rafael Bressan

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