O PL-2302/19 e os 500 mil desempregados

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Desde que tomei conhecimento do Projeto de Lei 2302/19, que permite o funcionamento de bombas de autosserviço operadas pelo próprio consumidor em postos de combustível, tenho dado mais atenção aos frentistas toda vez que passo por um posto para pôr gasolina.

Minha 1° constatação é que os frentistas se quer tem conhecimento da existência desse projeto, que já está em fase final de aprovação, e caso seja aprovado, em pouco tempo é possível que tenhamos aproximadamente 500 mil profissionais na busca por trabalho. Vale lembrar que este projeto não tem nenhum plano de minimização deste impacto, caso seja autorizado o autosserviço em postos de combustível, a opção de manter ou não os frentistas será do dono do posto, que por sua vez vai infinitamente preferir reduzir seu maior custo, que são os funcionários.

Já a 2° constatação está ligada aos donos de postos, que acredito não estarem dando a atenção devida aos profissionais que contratam para atuar nas pistas de abastecimento e serviços de seus postos. Parecem estar mais preocupados com o valor do salário pago do que com a qualidade do serviço que podem prestar. Assim, acabam transformando a experiência da prestação deste serviço insignificante de tal forma, que não parece fazer diferença a existência de alguém trabalhando nestes locais.

A 3° constatação é que os próprios funcionários que trabalham na pista de abastecimento dos postos de combustível, não tem conhecimento algum sobre a qualidade dos produtos que manuseiam diariamente, não tem noções básicas de óleos lubrificantes, filtros, fluidos, aditivos que qualquer carro utiliza, sem contar que não tem nenhuma habilidade de vendas. E isso acaba banalizando a profissão, e responde porque as duas constatações anteriores são verdadeiras, é um conjunto de desinteresses.

Agora, vamos falar sobre a realidade e o futuro de frentistas em postos de gasolina, caso o projeto de lei seja aprovada. Seria o fim deste profissional? Será que vamos aderir a este modelo de autosserviço?

Minha resposta para esta pergunta é: Sim e não!

Sim, acredito que é o fim para todo frentista convencional, que trabalha porque está amparado por uma lei que obriga o dono do posto a ter pessoas manuseando suas bombas. Estas pessoas quase sempre só estão presentes para atender a comandos como robôs, fazem exatamente o que se pede, e atendem de forma mecânica a todos que param o carro no posto e gritam: Bota 50 ai chefia! E ele bota 50, e vai para outro carro. Não percebe nada, não vende nada, se quer faz alguma questão de ser gentil ou educado.

E não, porque a pista é uma loja, é um ponto de venda onde todo cliente que entra vai gastar com certeza, caso contrário não teria parado. Então, o frentista do futuro tem que saber se apresentar, tem que ser um vendedor e representante da "marca", tem que conhecer de mecânica, para ouvir o som de cada carro que entra no posto, e perceber por exemplo, quando a caixa da direção hidráulica do carro está sem óleo, e o carro está fazendo um som como se estivesse andando de ré, deve saber que essa é a hora de vender uma carga de óleo! Só assim ele pode transformar um usuário em um cliente, que vai atravessar toda a cidade para abastecer no posto que tem os melhores técnicos na pista de abastecimento. Só assim vejo a perenidade dessa profissão, só assim, este profissional outrora marginalizado, passará a ganhar mais, e será valorizado como nunca se imaginou. E o melhor, não é necessário que o PL seja aprovado para esta mudança acontecer, basta começar imediatamente, os que fizerem isso, certamente se manterão empregados.

Então, se acredito que esta seja uma profissão que deixará de existir? A resposta é não, porém, tenho certeza que se as coisas não mudarem imediatamente o choque será grande, e meio milhão de brasileiros podem estar se despedindo dos seus postos de trabalho!

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