O Poder da CNV para não dar "cadeirada"

O Poder da CNV para não dar "cadeirada"

Em um mundo onde os conflitos e desentendimentos se tornam cada vez mais comuns, tanto no ambiente profissional quanto no pessoal, a Comunicação Não Violenta (CNV) surge como uma ferramenta poderosa para promover interações mais pacíficas e construtivas. Recentemente, figuras públicas como Pablo Marçal têm exemplificado comportamentos agressivos em debates e interações públicas, reacendendo a discussão sobre como devemos reagir a esse tipo de postura. No entanto, ao adotarmos a CNV como estratégia, conseguimos lidar de forma mais eficaz com conflitos, respondendo de maneira que preserve nossa integridade emocional e favoreça o diálogo.

Como podemos usar a CNV para evoluir, alinhada com o autoconhecimento e a inteligência emocional, pode ser uma solução eficaz para desarmar conflitos, especialmente quando lidamos com provocadores que parecem buscar respostas agressivas. Além disso, veremos como o desenvolvimento dessas habilidades pode beneficiar nossa vida pessoal e profissional.

O que é Comunicação Não Violenta (CNV)?

A Comunicação Não Violenta, desenvolvida pelo psicólogo Marshall Rosenberg, é uma abordagem que tem como base a empatia e a compreensão mútua. Ela se sustenta em quatro componentes principais: observação, sentimento, necessidade e pedido. Ao utilizarmos esses componentes em nossas interações, conseguimos transformar conversas potencialmente conflituosas em diálogos construtivos.

  1. Observação: Envolve descrever de forma neutra os fatos, sem julgamentos ou avaliações.
  2. Sentimento: Aqui, expressamos como nos sentimos em relação à situação.
  3. Necessidade: Identificamos quais são as necessidades que não estão sendo atendidas.
  4. Pedido: Fazemos um pedido claro, expressando o que gostaríamos que a outra pessoa fizesse para atender à nossa necessidade.

Quando adotamos essa abordagem, ao invés de reagir impulsivamente a uma provocação, trazemos a conversa para um nível mais emocional e construtivo. Isso desarma o outro e evita que o conflito escale.

O Caso Pablo Marçal: Agressividade como Estratégia de Comunicação

Pablo Marçal, conhecido coach, tem feito o que da na cabeça para chamar atenção. Agressões verbais, provocações e até mesmo acusações diretas tornaram-se parte de sua estratégia. Ultimo exemplo foi onde Marçal relembrou antigas acusações contra José Luiz Datena, provocando o apresentador a ponto de gerar uma resposta agressiva.

É importante analisar o que ocorre em situações como essa. Marçal, ao optar por uma abordagem provocativa, estava claramente buscando o embate. Ele apostava na possibilidade de que uma resposta agressiva aumentaria a sua visibilidade, especialmente em um contexto onde vídeos curtos e polêmicos (os chamados “cortes”) são amplamente consumidos nas redes sociais.

No entanto, ao invés de cair nessa armadilha e devolver agressividade com mais agressividade, a CNV sugere uma abordagem diferente. Quando nos deparamos com alguém que tenta nos provocar ou nos desestabilizar emocionalmente, a escolha por falar sobre nossos sentimentos, trazendo fatos e expressando nossas necessidades, pode transformar completamente a situação.

Como a CNV Pode Desarmar Conflitos

Quando somos provocados ou atacados verbalmente, nossa reação imediata tende a ser uma resposta defensiva ou agressiva. Esse ciclo de ação e reação é comum, mas raramente leva a uma solução positiva. A CNV, por outro lado, nos ensina a pausar e a nos concentrar no que está realmente acontecendo.

Imagine um cenário onde, ao invés de reagir com raiva ou ressentimento, você escolhe expressar como se sente. Dizer algo como: "Eu me sinto magoado com essa acusação e gostaria de entender melhor o que te levou a dizer isso" muda completamente o tom da conversa. Ao trazer o diálogo para um nível mais emocional, a outra pessoa é muitas vezes desarmada e obrigada a refletir sobre seu comportamento.

Essa abordagem não só reduz as chances de escalada do conflito, mas também melhora a compreensão mútua. Muitas vezes, o comportamento agressivo de uma pessoa reflete mais sobre suas próprias inseguranças e problemas internos do que sobre a situação em si. A CNV nos ajuda a enxergar além da agressão e lidar com a verdadeira causa do problema.

Inteligência Emocional: A Base para a CNV

A inteligência emocional é uma habilidade essencial para qualquer um que deseja aplicar a CNV de forma eficaz. Isso porque envolve a capacidade de reconhecer e gerenciar nossas próprias emoções, assim como as emoções dos outros. Em momentos de provocação, é fácil perder o controle e reagir impulsivamente, mas a inteligência emocional nos dá as ferramentas para pausar, respirar e refletir antes de agir.

Quando falamos de inteligência emocional, estamos lidando com autoconhecimento, autocontrole, empatia e habilidades sociais. Essas competências nos ajudam a entender que, em muitos casos, a agressão de outra pessoa é um reflexo de suas próprias emoções não resolvidas. Como seres humanos, temos a tendência de projetar nossas frustrações nos outros, e é por isso que reagir de volta com agressividade raramente resolve o problema.

Em vez disso, quando utilizamos nossa inteligência emocional para manter a calma, percebemos que a provocação de volta não é necessária. Como Marshall Rosenberg apontou, "Toda violência é uma expressão trágica de uma necessidade não atendida." Quando somos capazes de enxergar além do comportamento agressivo, podemos começar a abordar o problema real.

Autoconhecimento: Entendendo Nossas Reações

Uma parte fundamental de aplicar a CNV e desenvolver inteligência emocional é o autoconhecimento. Muitas vezes, reagimos a agressões ou provocações porque elas tocam em inseguranças ou feridas emocionais que ainda não resolvemos. Quando conhecemos nossas próprias vulnerabilidades, somos mais capazes de lidar com elas de forma construtiva.

A agressividade alheia pode nos dar pistas sobre nossos próprios sentimentos e necessidades. Talvez nos sintamos injustiçados, desrespeitados ou ignorados. Ao identificarmos essas emoções, podemos expressá-las de forma clara e não agressiva, o que frequentemente leva o outro a refletir sobre seu comportamento.

O autoconhecimento também nos permite fazer escolhas mais conscientes sobre como reagir a provocações. Em vez de nos deixarmos levar pelo calor do momento, podemos optar por uma resposta que alinha nossos valores e princípios. Isso nos permite agir com integridade, mesmo em situações desafiadoras.

A Importância de Falar de Sentimentos

Falar sobre sentimentos pode parecer desconfortável ou vulnerável, especialmente em situações de conflito. No entanto, expressar emoções é uma parte essencial da CNV. Quando nos sentimos atacados ou provocados, ao invés de devolver a agressão, podemos dizer: "Me sinto frustrado com o que está acontecendo" ou "Estou magoado com essa acusação."

Expressar nossos sentimentos de maneira aberta cria uma conexão emocional com o outro, e muitas vezes isso é suficiente para desarmar a situação. Quando as pessoas percebem que suas ações têm impacto emocional nos outros, elas tendem a reconsiderar seus comportamentos.

Além disso, ao trazer os fatos à tona, como sugerido pela CNV, evitamos a escalada de um conflito baseado em interpretações errôneas. A clareza nos fatos e nos sentimentos cria um ambiente onde a verdade pode prevalecer.

Conclusão

Em um mundo repleto de confrontos e desentendimentos, a Comunicação Não Violenta e a inteligência emocional nos oferecem as ferramentas necessárias para transformar conflitos em oportunidades de crescimento e compreensão. Ao falarmos sobre nossos sentimentos, mantermos a calma e nos concentrarmos nos fatos, desarmamos situações potencialmente explosivas e evitamos cair no ciclo de agressão.

O caso de Pablo Marçal e sua postura agressiva nos debates serve como exemplo de como a agressão pode ser uma escolha, mas não precisa ser nossa resposta. Ao praticar autoconhecimento e inteligência emocional, podemos escolher um caminho mais pacífico e construtivo, tanto em nossas interações pessoais quanto profissionais. Em última análise, essa abordagem não apenas preserva nossa integridade, mas também promove um ambiente onde o diálogo e o entendimento são possíveis.

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