O Poder da Simplificação: Encontrando Equilíbrio entre Arte e Ciência
Simplificar é uma habilidade que combina arte e ciência.
Ao adotarmos modelos representativos da realidade, facilitamos o método científico. Listamos premissas, criamos modelos simplificados e testamos essas hipóteses empiricamente. A simplificação é necessária, pois seria inviável testar toda a realidade em um laboratório. Buscamos um modelo arquetípico capaz de descrever adequadamente a realidade.
Entretanto, surge uma questão: o que se perde nessa simplificação? Será que ao tentarmos enquadrar a realidade em nossas representações, acabamos descartando informações importantes, como detalhes, nuances, exceções e eventos imprevisíveis? Esses elementos podem ser cruciais para compreendermos a realidade, mas costumam ser desprezados em representações genéricas.
"Simplificar é a suprema sofisticação." - Leonardo da Vinci
A ciência econômica, em particular, enfrenta desafios adicionais nesse aspecto. Primeiro, não podemos replicar experimentos socioeconômicos em laboratório. Por exemplo, ao afirmarmos que a falta de persistência de Arthur Burns em apertar a política monetária nos anos 70 levou à escalada da inflação, estamos, de certa forma, afirmando que, caso contrário, a inflação teria sido controlada. Mas como provar isso? Temos um cenário hipotético para comparar?
Isso nos leva ao segundo ponto: para se assemelhar às ciências exatas e utilizar modelos matematizáveis, a Economia adotou premissas sobre o comportamento humano e social nem sempre alinhadas à realidade. Seria muito mais desafiador modelar o comportamento humano sem considerar, por exemplo, as expectativas racionais. Como prever atitudes baseadas na raiva, vingança, euforia, desejo, vício, e assim por diante?
"Simplificar é a essência do verdadeiro gênio." - Albert Einstein
Em muitos casos, simplificamos excessivamente e perdemos justamente a essência de certos fenômenos. O segredo está nos detalhes.
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Simplificar é benéfico, mas simplificar em excesso é prejudicial. Um exemplo simples é a manchete "Bolsa fecha em alta de x%". Reconheço que aqui o problema reside mais na linguagem do que na metodologia científica. Seria possível corrigi-lo abandonando a metonímia. "Bolsa" refere-se ao Ibovespa, não à média das ações brasileiras.
Entretanto, é importante considerar as limitações dessa simplificação. Se nos últimos anos era necessário um verdadeiro milagre para superar o Ibovespa, neste ano, talvez seja suficiente tomar decisões inteligentes.
"A simplicidade é a maior sofisticação do mundo dos negócios." - Steve Jobs
Ao dirigir em meio a uma tempestade, é sempre prudente olhar para frente com cautela. Os vencedores dos últimos 12 meses podem ser completamente diferentes dos que estão por vir.
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Renan Batista, CFP
Atuando a mais de 18 anos no mercado financeiro, fundador da Storia Capital e professor de cursos de pós-graduação e MBA nas áreas de finanças e economia.
Obrigado e volte sempre!