O poder da vizinhança no combate à violência

O poder da vizinhança no combate à violência

Olá! Estamos chegando com mais uma edição da Lellolab News, nosso espaço de reflexão sobre a vida em comum. Nesta edição, fechamos o debate sobre segurança nas cidades falando sobre os fatores que constroem nossas percepções da violência e da segurança.


A violência é uma coisa; a percepção da violência é outra. Enquanto a primeira é objetiva e pode ser medida, por exemplo, com taxa de homicídios e número de furtos e roubos, a segunda tem caráter subjetivo, influenciada por diversos fatores. Mais que serem duas coisas distintas, as pesquisas nos indicam que é comum que sejam incongruentes.


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A Pesquisa Nacional de Vitimização, desenvolvida pelo Ministério da Justiça, refere-se a esse fenômeno como o “paradoxo da insegurança”, assim qualificado: “Os locais ou grupos com mais taxas de criminalidade não são necessariamente os locais e grupos com maior sensação de insegurança e vice-versa”. Essas discrepâncias entre a realidade e a percepção da realidade não são tão absurdas. Segundo estes dados, por exemplo, a proporção de brasileiros que se dizem preocupados com violência (82,7%) é muito maior que a de noruegueses (7,9%), como já dava para imaginar. Mas quais são, então, os elementos que formam a nossa percepção de segurança? A pesquisa do Ministério da Justiça cita, entre outros motivos, o local de moradia, tipo de governo, idade, gênero e exposição e grau de confiança nos meios de comunicação. Outro fator comum indicado pela literatura e explicado mais detalhadamente neste estudo é a coesão social. E assim chegamos no tema pelo qual nós aqui no Lellolab somos apaixonados: a vizinhança. Veja como são interessantes algumas das conclusões:

  • Em Belo Horizonte (MG), a troca de gentilezas com vizinhos está associada à menor percepção de insegurança durante o período noturno;  
  • Em Goiânia (GO), sinais de desordem física e social, como gritos e ruído excessivo, foram identificados como fatores que aumentam a percepção de insegurança;  
  • Também em Goiânia foi constatado que morar por mais tempo na vizinhança reduz a percepção de insegurança.

Os achados são interessantes, mas a conclusão principal do trabalho aponta para o fato de que nos países do sul global parece não haver a mesma correlação entre coesão social e percepção de segurança que já foi identificada nos países desenvolvidos. Terminamos essa temporada de debates sobre a violência ainda mais convictos do poder da vizinhança e dos laços sociais no combate à violência — tanto objetiva, como vimos no caso da prevenção do crime por design ambiental, como na melhoria da percepção de segurança, em que a regra, com maior ou menor força ao redor do mundo, está bem descrita na pesquisa do Ministério da Justiça:

Quanto mais familiarizado com o local, maior a sensação de segurança: regra geral, a rua é mais segura que o bairro, que é mais seguro que outros bairros, que é mais seguro que a cidade, que por sua vez é mais segura do que outras cidades do país. Não temos medo daquilo que controlamos, mas sim do que desconhecemos.


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Esta edição é uma produção O Expresso + Lellolab

Edição: Camila Conti e Gustavo Panacioni

Texto e pesquisa: Estelita Hass Carazzai e João Guilherme Frey

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