O prazer de fazer bem-feito!
A busca pelo prazer em todas as esferas da vida tem sido motivo de grandes frustrações tanto no aspecto pessoal quanto profissional. Não sei bem precisar quando foi que surgiu essa cultura, mas observo suas consequências.
Ao acordar, espera-se que você esteja de bom humor e pronto para lidar com o que vier. Os desafios, os problemas e tarefas árduas devem ser vistos com otimismo e leveza. Eventuais contratempos devem ser vistos como oportunidades de crescimento e uma sensação de constante aprendizagem deve permear o seu dia.
É simples! Basta você...
Listas e mais listas de "como fazer isso ou aquilo" brotam das páginas da internet. Dicas de como ser bem sucedido no mundo do trabalho, como conquistar seus sonhos, como encontrar a pessoa certa para um relacionamento, como se alimentar de forma saudável...enfim, TUDO, hoje em dia, está catalogado de maneira tão simples que o resultado acaba sendo o inverso. Em outras palavras, ao invés da garantia de que o que se busca será atingido desde que tais passos sejam rigorosamente seguidos, o que se vê é uma sociedade anestesiada pela busca de resultados imediatos que teoricamente levariam a um prazer constante, já que tudo seria tão simples de ser conquistado ou atingido.
E você, onde se encontra?
O fato é que nem tudo segue uma receita ou uma lista de procedimentos. Não existe nenhuma garantia de que seja possível conseguir o que se busca de forma simples e prática. E menos ainda que alguém possa ser feliz seguindo o que outras pessoas sugerem como receita infalível de felicidade. Afinal de contas, cada um é um e cada caminhar tem o seu próprio ritmo.
O que talvez possa servir como base para análise é a observação do momento que estamos vivendo, do local em que nos encontramos e da meta que queremos atingir. Obviamente o convívio nos traz o benefício de trocarmos ideias e experiências com pessoas em quem confiamos e isso pode, de fato, ser algo positivo se considerarmos que o caminho que o outro percorre pode ser, também, um bom caminho para nós. Entretanto, mesmo isso não é garantia de que tenhamos os mesmos resultados.
Que tal inverter a ordem das coisas?
Ao invés de seguir receitas, que tal ousar um novo caminho? Que tal, por exemplo, olhar-se no espelho pela manhã e ver quem está lá, sem julgamentos? E em simples atos como lavar o rosto, escovar os dentes, barbear-se ou pentear o cabelo... que tal se olhar de verdade, sem ser de forma automática? E que tal ainda se permitir o tempo para ajustes aos locais e situações que você vai enfrentar no dia, buscando fazer o melhor que é possível, sem críticas? Que tal aceitar que as coisas poderão não ser exatamente do jeito que foram planejadas, mas ainda assim, trazer resultados bons? E por fim, que tal aceitar que é possível não acertar o tempo todo, não ser reconhecido o tempo todo, não ter sucesso o tempo todo?
É normal não estar tudo bem...
Há pouco mais de um ano, minha filha caçula, então com 19 anos, foi diagnosticada com epilepsia. Mudanças radicais aconteceram e muitos desafios se apresentaram, nenhum deles sendo encantador, mágico, colorido ou algo do tipo. Por algum tempo, os grandes sonhos deram lugar a limitações que geraram frustrações que tiveram que ser administradas por ela e por mim que, como mãe, sempre estive perto e é claro que isso tudo influenciou nossa dinâmica familiar. E um dia ela postou um texto no Facebook e eu me encantei com a sua sensibilidade. Nesse texto, ela dizia que "tá tudo bem achar que não está tudo bem sempre".
Quer maior verdade que essa? Basta termos coragem de assumir isso, pois nem sempre as coisas estão como gostaríamos que estivessem. Nem sempre estamos onde gostaríamos de estar. Nem sempre temos o que queríamos ter, mas essa é a vida! Uma oportunidade fantástica com a possibilidade de sermos quem de fato somos, com limites, alegrias e frustrações, problemas e soluções... e sempre com a possibilidade de fazermos tudo o que temos à nossa frente da melhor forma possível... para cada um de nós!
Então... se eu puder deixar uma gotinha pro seu copo d'água deste dia, que seja isto: a alegria não está lá no fim da estrada, no objetivo atingido, na meta conquistada. A alegria pode estar bem aqui, ao alcance das nossas mãos, quando descobrimos, enfim, que o verdadeiro prazer consiste em fazer (o que quer que seja) bem-feito!
* * * * * * * * * * * *
Meu nome é Maria Lúcia, mas a maioria das pessoas me trata como Malu. Trabalho como educadora há mais de trinta anos e ao longo desse tempo conheci muita gente e me surpreendi com as amizades que fiz e que me acompanham até hoje. Ensinei milhares de pessoas a se comunicarem em inglês, e com cada uma delas, aprendi muito mais do que poderia imaginar. Uma das coisas que tenho como certa é que não há fórmula mágica para nada, o que me preocupa muito quando vejo as listas de "Como fazer isso ou aquilo e conseguir o que você quer." De forma simples, eu constato que se a vida pudesse seguir um manual, então todos teriam a certeza de estarem no caminho certo. Entretanto, sabemos que não é bem assim... e a melhor coisa é termos a certeza de que podemos inventar e reinventar nossa vida... e que a alegria e o prazer podem ser garantidos quando fazemos tudo o que fazemos da melhor forma possível!