O PREÇO DO SUCESSO...
Na normalidade anestesiada do mundo, todo sucesso é prisão e mais escravidão ainda ao sucesso como deus...
No Evangelho todo verdadeiro sucesso liberta a pessoa da escravidão do sucesso segundo o mundo.
O mundo do qual falo é apenas um:
Esse feito de ideologias, grifes, objetivos e cronogramas de alcance de alvos bem materiais e terrenos...
Sim, o mundo do qual falo é esse ente sem dono humano aparente, mas que controla todas as nossas decisões, dando-nos a ilusão de livre arbítrio...
Desde que comecei a trabalhar, mirei o sucesso e o processo de acumulação. O sonho da bela e requintada casa, do carrão, de poder sonhar e realizar.
Deu certo. Realizei todos. Embora não seja o que se considera um homem rico, é fato que amealhei um bom pecúlio aos 39 anos.
Não digo isso para vanglória, creia. Mas isso tudo cobra preço. Com reflexo em saúde e ansiedade.
Todavia, o êxito que eu buscava..., sinto que se converteu numa espécie de escravidão, pois agora vivo para manter esse estado de sucesso (com seus sinais exteriores)...
Mas tudo isso foi relativizado para mim diante da Cruz de Cristo, onde a verdadeira riqueza é feita de coisas intangíveis.
Então, me pego agora questionando essa correria e assoberbamento em que vivemos...
O bom é que se eu tivesse esse insight noutros tempos..., isso se converteria em drama existencial. Hoje não, tudo é leve e sem a ansiedade de buscar uma resposta.
Agora busco apenas a consolação do Espírito, onde encontrei paz e a ministração Dele ao meu espírito.
Não sem me questionar a mim mesmo se essa louca vida vale mesmo a pena.
Se não é melhor e mais saudável o pouco (ou o menos) com contentamento, do que o muito, à custa da ausência de sossego e da constante cobrança de clientes ensandecidos que demandam de nós mais do que podemos dar.
Uma coisa é certa, de tanto procurar, acabei sendo achado e agora busco alcançar aquilo para o que fui alcançado.
Se puder ler e responder, seria legal obter uma palavra sua. Se não der, o simples escrever já me fez bem à alma.
Fique na Paz!
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Resposta:
Meu mano querido: Graça e Paz!
É certo que o pouco vivido com contentamento é melhor que o muito, porém com ansiedade e desassossego.
O dito ao jovem é implacável:
“Anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá conta”.
Na realidade Deus pede conta mediante o fluxo da existência, no qual tudo o que fazemos e semeamos será por nós ceifado conforme a qualidade de natureza da semeadura.
Mas na juventude adrenalina é açaí e stress é isso aí; e pronto.
A sensação de super-humanidade que a juventude fisicamente sadia dá ao jovem, é a patrocinadora de muitos dos pesares que mais tarde se experimente na vida.
Entretanto, existe certa inevitabilidade no processo, pois, um jovem sem ousadia de certa forma não está bem...
Assim cumpre-se o ciclo que mostra que a juventude é desperdiçada no jovem...
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Na realidade a sabedoria chega primeiro iluminando a popa do barco de nossa história, para, só depois de mais um tempo, começar a ser visão prospectiva e de evitamento de tudo quanto seja desnecessidade.
Isto, no entanto, na maioria das vezes, requer uma boa dose de adrenalina como veneno..., e de ansiedade como combustível a alimentar um incêndio em nosso interior.
Então, talvez, a sabedoria chegue; e a pessoa pondere o que vale e o que fica; e, assim, doe cada vez mais a sua energia apenas para aquilo que carrega essência ou fundamentalidade.
Digo isto porque sei o quão fácil é fazer do que antes não se tinha e não se sentia falta, algo que depois de um dia se ter tido, ganha o lugar de elemento essencial...
Tudo mentira da fantasia de segurança como status e de status como segurança.
O chamado existencial e social de um discípulo, segundo Paulo, é para que tendo o que comer e beber, e onde morar — se esteja contente; buscando viver com moderação e sobriedade em tudo, com bom senso e alegria contente.
Na realidade há um conforto que é bom e necessário. Entretanto, ele não é tão dispendioso quanto as pessoas o fazem ser.
Digo isto porque acho que vivo muito bem com algo que é bem moderado, além de totalmente incerto.
Mas quando passei uns bons 10 anos com muito poder e facilidades oferecidas o dia todo a mim; e que não me custavam nada, pois eram fruto de “influencia e prestígio” mundanos, por mais que houvesse também, em alguns, aquela “reverencia” ao “homem de Deus” — quando tudo sumiu da noite para o dia, pela primeira vez na vida, pensei que tivesse feito mal a mim mesmo, e, sobretudo, aos meus filhos; como se não desse mais para manter as coisas no balanço da felicidade de sempre.
Foi aí que vi como tudo é tão sutil.
Antes eu vivia confiante sem me preocupar com dinheiro, pois, vira a vida toda que Deus me mantinha e a tudo o que eu fazia em amor.
Agora, porém, sentindo-me em pecado e descrédito em todas as dimensões, esqueci-me da Graça, e quase me desesperei pensando em como sustentaria a minha família.
Na realidade, quando eu falava em “sustento”, pensava em “padrão de vida”; o qual não decorria de dinheiro, mas do “poder” que minha vida conquistara; e que se transferia como beneficio para a minha família.
Hoje [e não é de hoje!...] não sinto falta e nem saudade de nada!
Se o Senhor me perguntasse:
“Caio, você quer ter tudo e todas as portas e avenidas que já teve, outra vez completamente franquiadas a você?”
Minha resposta seria:
“Não, pelo amor do Seu nome me salve disso!”
Quando a gente limpa [pela sabedoria] ou é limpo na poda do amor soberano de Deus, nossa videira vai ficando cada vez mais doce.
Entretanto, quando Deus nos despe de tudo o que julgamos essencial — é justamente aí que surge o descortinar do que de fato é vida; e do que nela tem valor.
O bem mesmo é não esperar uma falência, uma doença, uma circunstancia ruim chegar a fim de começar a jogar o peso morto para fora do barco da existência.
O problema é que a maioria de nós passa a amar todas as quinquilharias como se fossem containeres de vida.
Hoje olho para trás e procuro tudo o que um dia, fora à fé, eu chamava de essencial; e vejo que quase tudo já não está mais presente como um dia foi; porém, vejo que elas e suas formas de ser não eram essenciais; posto que já não existam ou não sejam mais como eram, e, nem assim, nada foi diminuído em mim.
Assim, mano, aproveite a leveza da reflexão e do momento, porém, use o desconforto reflexivo que lhe chegou, e pense qual seria a melhor forma de você continuar a ter o suficiente, enquanto vive bem melhor; e, quem sabe, com muito mais utilidade ainda... — porém, sem stress e ansiedade.
Um outro problema é que stress e ansiedade não apenas matam, mas também viciam muito.
Isto sem falar que a pessoa fica se imaginando sem todo o poder que tem, e se pergunta se vai agüentar ficar sem...
Tudo besteira... O que importa é apenas parar isso por algo que nós mesmos [e não outros] chamemos de vida melhor.
Oro para que você encontre esse equilíbrio e que daí advenha muita serenidade e paz.
Receba meu amor.
Nele, que fez tudo em três anos e resistiu à tentação de se mudar para a Grécia, com os gregos e sua oferta de vida agitada e poderosa [João 12].