O Projeto da Própria Felicidade

O Projeto da Própria Felicidade

Sou uma pessoa que tenho a tendência a “projetizar a vida”. Defino aqui o neologismo projetizar como: Transformar eventos importantes em projetos, atribuindo a eles cronograma, plano de ação, metas, responsáveis e por aí vai. Se vou reformar a minha casa, tenho um planejamento detalhado com atividades, profissionais, escopo, investimento e claro, prazo de duração da bagunça (dado essencial no processo de convencimento do marido). Assim sigo com tudo. E, para planejar a minha própria felicidade não poderia ser diferente.

Meu atual projeto se iniciou há 6 meses, e ao contrário de todos os outros em que trabalhei ao longo da minha vida, este foi o único - e me assustei quando realizei isso - que não escolhi. Foi colocado no meu colo.

Encontrar um novo trabalho após passar 7 anos na mesma empresa é uma missão delicada que demanda a cada dia habilidades que nem eu mesma achava que possuía. Outro dia escutei de um amigo: “Maíra, se você conseguir entrar nesse mercado tenho certeza que se dará muito bem pois o atrevimento você já tem”. Não sabia que eu era atrevida e muito menos que isso seria uma habilidade importante nesse projeto! 😊

Sete anos pode não parecer muito tempo, mas neste caso como foi a minha primeira experiência no mundo corporativo, onde fui “criada”, apresentada ao Outlook, talvez este tempo tenha um peso maior. Ouço de muita gente, “ah, é só a primeira, depois você se acostuma”. Pode até ser verdade e espero ainda viver muito para saber, mas não sei se quero me acostumar.

Nas primeiras semanas do meu projeto me voltei avidamente a enviar currículos. O meu lado racional me dizia: vou atirar para todos os lados, alguma coisa vai dar certo, o que não posso é ficar desempregada.

Desempregada: palavra forte de efeitos profundos, foi para mim motivo de vergonha por muito tempo até o dia que eu li algo que mudou a minha forma de lidar com esta palavra: “Nem tudo que acontece conosco acontece por nossa causa” (Plano B – Sheryl Sandberg & Adam Grant).
Tão óbvio e tão verdadeiro, né?

Apliquei para tantas vagas, mandei currículos para sites de recolocação que sabe-se lá se existem. Cadastro em site das empresas? Muitos! Não houve uma palavra-chave que eu ainda não havia buscado no LinkedIn. Até que um belo dia me dei conta que essa “metodologia” estava me deixando esgotada, frustrada e ainda sem emprego.

E foi aí que decidi projetizar este momento. Primeiro passo: Vou criar uma planilha (claro!). Listei empresas nas quais eu gostaria de trabalhar ou gostaria de conhecer melhor. Fiz um plano de ação com possíveis contatos, eventos abertos ao público, metodologia de seleção e por aí vai. E mãos à obra.

E aí veio a DESCOBERTA NÚMERO 1: mudar o approach.  Entendi que não queria mais encontrar um emprego, queria conhecer, ouvir, entender e aí talvez me aplicar a uma posição. Agindo como antes, talvez pudesse até encontrar um emprego mais rápido, mas seria de fato O emprego que eu estou procurando?

A medida que o tempo foi passando, a minha planilha foi ganhando linhas. Cada linha para mim significa uma conquista!

Alguns chamariam de uma porta a mais que se abriu, eu chamo de um coração a mais que se abriu.

A ideia inicial era simplesmente ser uma base de dados dos meus contatos, porém, a partir do dia que consegui ajustar o tom, cheguei à DESCOBERTA NÚMERO 2: o poder das conexões. E foi nesse momento do meu projeto que eu conheci uma nova tratativa para o que chamamos de Networking.

Segundo Adam Grant, no livro Dar e Receber, no mundo hoje encontramos perfis doadores, tomadores e compensadores. Cada um deles fala por si. Pesquisas mostram que a grande maioria da população, quando o assunto é networking, assume o perfil compensador, que em português bem claro é: Ok, o que eu ganho em troca ajudando tal pessoa?

Um lindo exemplo é Adam Rifkin, doador de carteirinha do Vale do Silício, considerado uma das pessoas com o melhor networking, despontando com conexões no LinkedIn com as 640 pessoas mais poderosas da Fortune. Rifkin atua de forma a fomentar que a rede de doadores seja retroalimentada, de uma maneira simples:

Se me doo pelo fulano, não espero que o fulano se doe por mim, mas que ele se doe pelo beltrano, que se doe pelo sicrano e que talvez um dia se doe por mim.

Criar nossa rede de relacionamentos com este foco vai além de beneficiar apenas a nós mesmos seguindo a clássica premissa do “toma lá dá cá”. Esta rede atua de forma a criar valor para todos, não apenas para nós mesmo.

Recentemente, ouvi de um líder de RH de uma multinacional: “Eu respondo todas as mensagens que recebo no LinkedIn”. Meu coração deu um pulo de alegria ao saber disso. São frases assim que recompensam cada “mensagem enviada para o além” (se é que você me entende).

Hoje, minha planilha tem 93 linhas. Gostaria de um número mais impactante, tipo 100, mas ainda não cheguei lá (sim, aceito ajuda para chegar!). Fazendo uma retrospectiva dos meus 6 meses de projeto me orgulho de cada linha conquistada e agradeço cada coração doador que aceitou fazer parte comigo no meu Projeto da Própria Felicidade.

 

Maíra Paim

Atualmente Gerente do Projeto da Própria Felicidade.

 

 

 

 


Ricardo Resende

Gerente de Vendas na Rockwell Automation | Transformação Digital | Indústria 4.0 | IIoT | Cibersegurança | Digitalização | Liderança em vendas | Venda baseada em resultados | Óleo&Gás | Ciência da Vida | Papel e Celulose

6 a

Muito bem escrito Maíra!!! Na torcida e desde já antenado no mercado para que o seu projeto se realize!!!

Fátima G.

Finanças e Auditoria Independente | Finance | Accounting | Auditing | Compliance | Risk Mgmt | Contract Mfg | SC | Marketing | Media | Project Mgmt | Purchasing]

6 a

Maíra parabéns pela atitude! Você não está só - é uma linda 🌟 do mar aguardando de forma proativa o momento em que será relançada ao oceano. #movimentoestreladomar #tenacidade

Antonio Muniz

Supervisor de Manutenção Eletromecânica

6 a

Maira Parabéns pelo post! Para mim foi muito inspirador pois vivo uma situação similar a sua. Logo vamos em frente!

Mariana Lima

LATAM Accountant at Amazon | Mestre em controladoria e Finanças

6 a

Adorei seu texto! Tanto quanto o anterior. Inspirar pessoas em um mundo onde tudo está tão caótico é incrível e difícil! Hoje em dia, mais fácil achar os que “reclamam de tudo” que “os que dançam na chuva!”.... Desejo que sua conquista venha na brevidade que você precisa, mas no tempo certo de te fazer muito feliz! Sucesso sempre!

Ana Blanco

CEO | COO | Membro de Conselho | Investidora Anjo.

6 a

Obrigada por dividir suas descobertas. Te desejo muito sucesso neste “projeto”.

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